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domingo, 28 de agosto de 2016

Enredo 1028: Sou “Frida” na vida e não me calo – para que pés, se tenho asas para voar?

Sou “Frida” na vida e não me calo – para que pés, se tenho asas para voar?

Cleiton Almeida
cleiton.falmeida04@gmail.com



            Tendo como inspiração a vida e obra de Frida Kahlo, notável pintora mexicana do século XX, nosso enredo transforma a artista em um adjetivo que carrega em sua definição todos os seus traços marcantes. Um adjetivo contemporâneo, que é capaz de ser atribuído a tantas pessoas diferentes, de lutas diversas, mas unidas por essa mesma palavra. Todas elas são “Fridas”. Afinal, elas não se calam diante do mundo, assim como Frida Kahlo. Mostramos como a obra da artista ainda se faz atual, o que nos leva a refletir sobre a existência de tantas pessoas que carregam personalidades semelhantes à de Frida e são muitas vezes julgadas e discriminadas em nossa sociedade.
Partindo de uma idolatria à figura de Frida e seu legado, fazemos um paralelo entre sua vida e a vida de pessoas brasileiras. Finalmente, Frida diz que tem asas para voar, uma perfeita metáfora para simbolizar que não nos resumimos a detalhes, somos capazes de nos superarmos sempre. E como ela, muitas pessoas voam além das barreiras que são colocadas em seus caminhos. Nosso enredo não é apenas um tributo à Frida Kahlo, mas também uma homenagem a todas as pessoas que desafiam o sistema a que estão submetidas, que questionam valores e verdades, que não se limitam ao que às foi imposto, pois são capazes de ir sempre mais longe.

Histórico
A inspiração toma conta do meu eu. Uma tempestade eufórica branda no meu íntimo. Sentimentos ambíguos transitam no meu corpo. A cura dos males baila com minhas chagas. Busco forças para chegar ao meu destino. Lutar. Conquistar. Voar!
Acendo velas num altar florido, repleto de cores. Ligo minha espiritualidade numa natureza viva. O retrato de Frida Kahlo em meio às oferendas revela o meu culto. Celebro sua grandeza, sua memória. Não peço seu retorno, pois ela partiu com alegria e espera não voltar. Mas ressuscito suas obras e seus feitos para que eles me possuam intensamente, cada vez mais.
Em um ato delirante de adoração, grito, agonizo, explodo em prantos. Minha dor é enraizada na minha alma e seus frutos rasgam minha pele. Saem de mim, exalam aroma de sofrimento. Minhas mágoas nadam na água do meu físico, no oceano que corre em mim e que um dia há de secar. Mesmo com todas as adversidades que o tempo me traz, busco forças internas para sobreviver e lutar. Levanto com a vontade de seguir em frente, de fazer valer a pena. Tenho firmeza para atingir meus objetivos. No meu universo paralelo, no lugar onde me criei, onde me sinto mais viva, vou cultivando esperança. Das paredes poéticas recebo energia. Das flores que eternizo, inspiração. Aquela que toma conta de mim e me faz ser ‘Frida’ na vida.
Afinal, sou Frida na vida em cada dia que me levanto com o anseio de mudar. Sou revolucionária, tenho ideais. Com total convicção naquilo que acredito, procuro igualdade de direitos, quero dar voz às minorias. Luto diariamente por uma sociedade justa, que tenha o povo como alicerce. Insisto em negar todo o estrangeirismo que tenta sufocar minha origem, reafirmo minha cor e minha raiz. Defendo minha bandeira, meu país, minha gente. Sou patriota, nacionalista utópica. Valorizo cada pedaço de chão, cada traço da cultura popular.
Sou Frida na vida ao confrontar aquilo que a sociedade me impõe. Vou contra as correntes que me aprisionam, libertando minha real identidade de uma casca de falsas aparências. Faço minha própria moda, sou ícone da minha personalidade, excêntrica, única. Não sigo padrões, pois sou um acontecimento. Compartilho o que vem de dentro e os sentimentos mais carnais e humanos que afloram de mim. Ignoro rótulos e falsos valores morais. Vivo do amor que me alimenta e me mantem viva. Amo e sou amada. Amo e faço amarem. Não demoro onde não posso amar. Sou Frida, me crio, me reinvento. Sou a coisa que melhor conheço.
Sou Frida na vida quando me regozijo com pequenos detalhes. Sou a arte que transita entre o que é real e o que provém da imaginação. A obra inclassificável imersa na experiência do ser, eternizada por minhas ações e projetos. Entrego-me à loucura da razão surreal e vivo de maneira fora da caixa. Sou Frida, uma pessoa à frente do meu tempo. Digo isso porque tenho a capacidade de questionar tudo o que me intriga e me insatisfaz. Cada batalha que travo me faz ser Frida. Sofrida, mas jamais vencida. Tenho orgulho de dizer que carrego comigo esse adjetivo, pois tenho a audácia de viver a vida.
Sou ‘Frida’ na vida e transcendo hoje na avenida! Sou ‘Kahlo’ em cada calo, pois luto e não me calo! Não me limito a pés quando tenho asas para voar!





Em nossa criação poética de enredo, o narrador da história, que é uma pessoa brasileira falando em primeira pessoa, baseia-se na crença do seu ídolo de celebrar a lembrança dos mortos para criar um altar florido para adorá-la: Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón. Mundialmente conhecida como Frida Kahlo, ela nasceu em 6 de julho de 1907 e é uma das maiores artistas mexicanas da história. Com sua capacidade de ser muitas em apenas uma, conseguiu se tornar símbolo de diversos movimentos e, principalmente, do poder feminino. Em seu pequeno tempo de pintura, que durou por volta de 30 anos, deixou obras marcantes que fascinam gerações.
            Frida Kahlo teve uma vida conturbada. Contraiu poliomielite aos seis anos de idade, o que a deixou com uma perna menor do que a outra. Aos 18 anos, sofreu um gravíssimo acidente que deixou marcas para a vida toda. Passou sete meses com o corpo engessado, com movimentos apenas nos pés e nas mãos. Frida sofreu a vida inteira com dores, enfrentando cirurgias e abortos espontâneos. Em 1950, precisou amputar sua perna esquerda, o que a deixou em depressão, mas foi a partir desse episódio que surgiu uma de suas célebres frases, que inspira o subtítulo desse enredo “Pés, para que os quero, se tenho asas para voar?”. Frida sempre persistiu firme para superar essas adversidades de sua trajetória. Apaixonada por flores, mantinha um rico jardim em sua “Casa Azul”, que foi o lugar onde Frida nasceu e onde voltou a morar no final de sua vida. O lugar onde ela conseguia a paz de espírito.
Frida é dona de uma personalidade única. Engajada com seus ideais, participou do partido comunista do México e sempre esteve ligada a movimentos revolucionários. Extremamente nacionalista, sempre buscou valorizar a cultura mexicana em suas obras e em sua identidade. Suas lutas e sua forte personalidade inspiraram movimentos contemporâneos dos mais diversos âmbitos. Sua assumida bissexualidade, sua maneira afrontosa de se vestir e de se portar perante os padrões de beleza da época e suas posições políticas e sociais a tornam um símbolo popular.
            Conhecedora das propriedades do amor, Frida considera que seu mais doloroso acidente foi o casamento com Diego Rivera, um famoso muralista mexicano. Os dois viveram um casamento conturbado, cheio de defeitos e traições de ambos os lados. Mesmo com todo o sofrimento provindo do matrimônio, a artista sempre enalteceu seu amado. Ela o amava acima de tudo e mesmo sabendo que não era um sentimento recíproco, era uma das coisas que a dava impulso para viver. Além disso, seu admirável amor próprio transparecia em suas obras de autorretrato. Questionada sobre o motivo, ela simplesmente disse que pintava a si mesma porque é a coisa que melhor conhece.
            Foi a partir dos meses em que passou internada no hospital, no acidente dos dezoito anos, que começou a pintar em um cavalete adaptado, mirando sua imagem no espelho. Mas Frida não apenas reproduzia um autorretrato. Ela ia além, passava na pintura os seus sentimentos mais reais. Mas nunca esquecia os cenários que remetiam aos povos antigos do México e a sua cultura. Também criou obras de natureza viva, onde expressava o seu desejo de ser feliz. Sua vontade de viver a vida!
            Embora todos os momentos difíceis por quais passou, Frida ainda se tornou uma artista famosa em vida, conseguindo expor suas obras nos EUA e na Europa. Após seu falecimento, em 13 de julho de 1954, seu trabalho foi cada vez mais divulgado e apreciado. Hoje muitos consideram Frida como uma mulher à frente do seu tempo. Sua maneira de expressar a experiência é destacada entre personalidades geniais da história. Todos aqueles que são “Frida” caminham em um trajeto semelhante, que finda no êxito do voo transcendente.




1º setor (abertura) – Tributo à Frida Kahlo
            Em nosso setor de abertura, buscamos inspiração na cultura do México (país de Frida Kahlo) em fazer altares festivos dedicados aos mortos. Nosso carnaval constrói um altar para adorar Frida Kahlo e suas obras, homenagear sua alma e reviver seu legado.
Comissão de frente – Um voo para a história
            A comissão de frente abre o desfile com uma mensagem de impacto. Em sua coreografia, ela narra brevemente a história de vida de Frida Kahlo, enfatizando os dois lados: o do sofrimento e o da felicidade. Durante a evolução, componentes representando os trágicos acontecimentos envolvem Frida, que é resgatada pelas coisas que a fazem bem, como o amor, a revolução mexicana, as flores da Casa Azul e a cultura de seu país. Com o fim da dança se aproximando, Frida entra no elemento cenográfico e, com o auxílio de um truque ilusionista, a apresentação é finalizada com uma representação de sua alma voando para o infinito.
            Elemento cenográfico (tripé) – Diário íntimo
            O tripé da comissão de frente representa o diário que Frida escreveu nos últimos anos de sua vida. Nele, estão registrados fatos íntimos da pintora e ela o usava para descarregar seus sentimentos. No contexto da comissão de frente, Frida descarrega todas as suas aflições nele e consegue, enfim, partir livre e feliz para nunca mais voltar.
Ala 1 – Flores da inspiração
A primeira ala do desfile representa as flores que Frida Kahlo tanto amava. Em seu jardim, cultivava diversos tipos e as cuidava com um carinho imenso. Muitos dizem que as flores davam-na inspiração e Frida as tratava como filhas. Com fantasias muito coloridas, a ala é divida em três blocos, onde em cada bloco as flores são de uma cor da bandeira do México. Assim, vista por cima, as flores formam a bandeira do país.
Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira – “Fridolatria
O fenômeno da “Fridolatria” espalhou-se pelo mundo e ganhou grande popularização no século XXI. A admiração pela artista ganhou estampas em diversos meios e formas que são usadas para exaltar a figura do ídolo. Assim, o casal de mestre sala e porta bandeira da escola vem trazendo o pavilhão e a idolatria por Frida Kahlo. A porta bandeira vem vestida de Frida, com uma roupa inspirada nas vestimentas típicas de Frida e uma coroa de flores como aura. O mestre sala vem vestido como admiração, com uma capa dourada e estampas de Frida na roupa. Em momentos da coreografia, ele a reverencia.
            Alegoria 1 – “Tributo à Frida Kahlo”
            A primeira alegoria do desfile é um grande altar para homenagear a pintora. Espalhados pela alegoria estão réplicas dos seus autorretratos, em meio a velas e flores. No centro, um grande quadro com sua fotografia mais famosa, que foi capa da revista Vogue México em 2012. Elementos da arte de “natureza viva” fazem parte das roupas das muitas composições pelo carro.  A ala de crianças da escola vem no carro vestida como flores coloridas. O costume mexicano de celebrar a morte se faz presente e a alegoria se monta como um altar colorido e alegre.


2º setor – Incorporação da obra
Em sequência, o segundo setor mostra o processo evolutivo de invocação da obra de Frida Kahlo. Para receber o adjetivo e de fato ser Frida, é necessário passar por suas fases sentimentais, que vão desde o momento de sofrimento até a luta pelo bem-estar. Frida também nos ensina que sempre há um lugar no universo em que você pode se sentir melhor.
Ala 2 – A dor e o sofrimento
A ala que abre o setor revela que para haver o anseio de mudar é necessário antes passar por algum momento ruim. Este é o início das revoluções. A fantasia é formada por uma árvore morta, com galhos retorcidos e frutos podres, como se saíssem do próprio componente. Fantasia em tons de marrom e cinza, com maquiagem que simboliza o choro.
Ala 3 – Tentativa de afogar as mágoas
Após o sofrimento, há a tentativa de afogar a dor. Geralmente as bebidas alcoólicas são o meio usado para isso. Porém, Frida diz que as mágoas aprendem a nadar, e de nada adianta tentar afogá-las. Fantasias em tons de cinza claro para representar as mágoas, com uma grande saia azul representando a água. Os componentes carregam em mãos uma garrafa de pinga, satirizando alguma marca de bebida brasileira.
Ala 4 – Lutando contra as adversidades
Após passar pelo período ruim, chega a hora de buscar forças para vencer as adversidades. Enfrentar os problemas, independente de quais sejam, é o próximo passo. Fantasia de guerreiro, inspirado principalmente nos trajes das tehuanas, inclusive na questão cromática.
Ala 5 (Bateria) – A grande esperança
Para vencer os obstáculos da vida é preciso perseverar muito. Para isso, a esperança se faz necessária, pois ela guia a luta em um caminho. Ela cria um objetivo para alcançar a vitória. A bateria representa essa constante vibração no desfile da escola, e seu retorno no final reafirma a ideia de que a esperança sempre se faz presente. Fantasia em tons de verde, com as formas do gafanhoto “esperança”.
Ala 6 – Lar, doce lar
Para alcançar o êxito em sua batalha, é preciso de assistência e conforto. Frida sempre encontrou isso em sua família e amigos, que sempre estiveram ao seu lado dando todo o suporte necessário para que Frida continuasse firme em sua batalha pela vida. Fantasia em tons de azul, para representar sua casa. Retratos da família de Frida, incluindo seu marido Diego Rivera, compõe o costeiro. O adereço de mão é uma grande flor.
Alegoria 2 – O universo individual como espaço criativo
A Casa Azul era o lugar onde Frida encontrava a sua felicidade e tranquilidade. Assim como ela, todos nós temos nosso local onde sentimos segurança. O universo paralelo de cada um é poderoso, capaz de suportar desejos e impulsionar feitos. A Casa Azul de Frida é representada ao centro da alegoria, que é um grande jardim em forma de galáxia, a fim de mostrar que o centro do universo de cada pessoa é único e individual. As composições são formadas por um grupo cênico de dança, que representa a inspiração que esse lugar especial trás para as pessoas.
         




                      

3º setor – Luto e não me calo
O terceiro setor do enredo busca inspiração nos ideais políticos de Frida para homenagear as pessoas da nossa sociedade contemporânea que lutam por mudanças no sistema partidário e social e, assim como a pintora, reafirmam sua nacionalidade e negam o estrangeirismo. Nosso país é rico em cultura enraizada que luta diariamente para sobreviver.
            Ala7 – Protesto por mudanças
            Ala que representa as pessoas que exercem seu papel como cidadão e buscam mudanças na política partidária do país. Frida sempre esteve engajada com movimentos políticos, e hoje vemos a população brasileira sempre nas ruas protestando contra aquilo que não agrada, independente de qual seja a preferência. Ala cênica simulando um protesto, com cartazes e faixas de palavras de ordem.
Ala 8 – A voz das minorias
Os movimentos sociais estão numa crescente dentro do nosso país. Estudantes, trabalhadores, sem-terra, entre outros, unem seus grupos e realizam seus movimentos a fim de chamar a atenção para suas respectivas classes. As minorias buscam mais direitos dentro da igualdade. Fantasia em tons de amarelo e laranja, com roupas simples e meio esfarrapadas, com uma boca de chapéu e megafones no costeiro.
            Ala 9 – Socialmente igualitário
            Frida era do Partido Comunista e, como ela, muitos hoje ainda buscam um sistema de governo em que o povo tenha o poder, sem divisão de classes sociais. A negação do capitalismo é presente em vários grupos desde aqueles que buscam a libertação dos bens materiais até os que veem na partilha a alternativa para os problemas. Fantasia em tons de amarelo e vermelho, onde uma imagem que remete ao Tio Sam com cédulas de dinheiro aparece em chamas.
Ala 10 – Exaltação das tradições
O fato de uma cultura estrangeira tomar espaço da cultura popular típica do país incomodava Frida, assim como incomoda a muitos hoje em dia. Um dos pontos contras da globalização é essa perda da identidade local, que é combatida diariamente por aqueles que reafirmam suas tradições. Fantasia com base verde e amarela, com elementos de notas musicais, comidas brasileiras e língua portuguesa.
Ala 11 – Afirmação nacionalista
            Mesmo que indo para outros países, muita gente não perde seus costumes nativos. Assim como Frida foi para os EUA e nunca deixou de exaltar os elementos da cultura mexicana, mesmo que sofresse preconceito por isso. O Brasil tem uma rica variedade de elementos culturais, que são levados para o mundo pelos brasileiros que os mantêm. Fantasia com uma capa da bandeira do Brasil, e um globo terrestre de chapéu.
Alegoria 3 – Celebração das manifestações culturais nacionais
As festas populares brasileiras buscam sobreviver a cada ano, mesmo perdendo espaço cada vez mais para festejos internacionais. Quem é “Frida” colabora para mantê-las vivas por gerações. O carro apresenta um grande palco giratório dividido em cinco espaços, onde acontecem cenas de manifestações de cada região brasileira. A decoração do carro tem elementos da fauna e flora brasileira em verde e amarelo.




4º setor – A coisa que melhor conheço
            O quarto setor da escola faz referências a características mais íntimas, como estilo, gênero, sexualidade e fé. Frida foi uma mulher polêmica por suas decisões firmes e irredutíveis. Atualmente, muitas pessoas lutam contra a sociedade para poder ser quem realmente são, sem preconceitos e discriminações. Gente que considera justa toda forma de amor.
            Ala 12 – Busca pela liberdade
            Muitas correntes de pensamento aprisionam as pessoas de poder se expressar livremente. A liberdade de expressão, mesmo garantida por lei, ainda é impedida por valores tradicionais e retrógados. Fantasia em tons de rosa bebê e lilás, com correntes cinza e cordas.
            Ala 13 – O que há dentro da casca
            Mostrar a verdadeira identidade é uma tarefa árdua, que Frida cumpriu com maestria. Mesmo décadas depois, o preconceito e a pressão de quem está no poder ainda impedem as pessoas de viverem sua real identidade. Fantasia simulando como se o componente saísse de uma casca podre, vestindo uma carteira de identidade brilhante.
Ala 14 – Uma moda própria
Frida criou sua própria moda através da incorporação de elementos típicos da cultura mexicana. Como ela, hoje em dia as blogueiras de moda na internet cumprem um papel de criar estilos únicos, da maneira que lhes fazem bem. A audácia contemporânea de se vestir de maneira diferente é vista, em sua maioria, por pessoas da área de humanas. Fantasia composta por roupas sobrepostas, com smartphones no costeiro.
            Ala 15 (Passistas) – Sem rótulos
            Frida era bissexual. Ela não tinha problemas em assumir sua sexualidade e seu marido aceitava normalmente esse fato. Hoje a noção de sexualidade é mais ampla do que na época de Frida. As “Fridas” de hoje são livres de rótulos, não se apegam ao gênero sexual, pois amam pessoas além da matéria. A ala de passistas vem vestida com uma fantasia seminua, sensual, lilás, com os símbolos de todos os gêneros e uma capa com as cores do arco-íris.
Ala 16 – O poder feminino
Frida tornou-se símbolo da causa feminista devido à sua forte personalidade. Ela provou a força da mulher e conseguiu sucesso por suas próprias obras. Atualmente as mulheres continuam lutando para mostrar cada vez mais sua força perante a sociedade. Buscam direitos iguais, respeito e valorização. A “Marcha das Vadias” é uma das manifestações mais famosas do feminismo. Ala com mulheres de topless e com pintura de palavras no corpo, sem depilação. A famosa sobrancelha unida de Frida é desenhada no rosto de todas as componentes.
Ala 17 (Baianas)  Manifesto do amor
O amor sempre foi algo muito presente na vida de Frida. O amor incondicional por sua família, por seu marido Diego, por seu país e por ela mesma foi o combustível para seguir em frente. O amor era a base para todas as realizações. Em cada obra é possível ver uma manifestação de seu amor por alguém. E Frida sempre foi muito amada por todos e hoje em dia por seus admiradores. E a ala das baianas, uma ala completamente feminina, vem representando essa capacidade de amar que as mulheres têm por natureza. Além disso, o contraste estético-visual com a ala 16 mostra que a juventude e a tradição feminina estão unidas em suas manifestações, cada qual da sua maneira, em prol da representatividade da mulher na sociedade atual.
Alegoria 4 – Fé na vida, eu sou minha religião
Frida sempre mostrou em sua vida uma fé inabalável em suas convicções. Porém, Frida não demonstrava acreditar em algum deus ou ser divino. Sua religião era a si mesma, assim como milhões de pessoas hoje não seguem as religiões convencionais e vivem sua própria fé. O autoconhecimento é uma questão essencial para o crescimento profissional, pessoal e espiritual de Frida e de quem é “Frida”. A alegoria trás as composições se contemplando em espelhos decorados, carregada de objetos pessoais que servem como símbolo da fé individual. A cromática da alegoria varia entre tons de rosa e vermelho.












5º setor – Fridarte transcendente
O último setor do enredo completa o devaneio carnavalesco da realidade. Nos desenhos do diário íntimo de Frida existe uma mistura homérica de sentimentos, pensamentos, estilos. Uma sublime obra de arte que caminha na linha tênue entre a loucura e a razão. E assim, Frida supera todas as adversidades de sua vida e transcende. O desfile encerra-se com a elevação de todos que são “Frida”.
Ala 18 – “Conceituarte” contemporânea
A arte de Frida não se encaixa perfeitamente em um movimento artístico, mas sim dialoga entre eles. Críticos costumam classifica-la como surrealista, mas a mesma negava isso, pois dizia que pintava a sua própria realidade. E o mesmo ocorre com artistas contemporâneos, que embora estejam situados numa era, não possuem um movimento específico. O que predomina é o conceito, e não mais a técnica. Fantasia colorida formada por traços abstratos.
Destaque performático – Um artista performático faz uma interação com a ala 18, representando o diálogo entre obras, estilos e conceitos. Fantasia formada por traços que, apenas pela ação, conseguem transmitir ideia.
Ala 19 – A loucura da razão
As pessoas que não se oprimem e expressam seus pensamentos sem medo de julgamentos são ditas como loucas. Aos olhos da sociedade, convicção e amor em excesso é loucura. Mas a razão de Frida está justamente nisso. Afinal, os maiores gênios da história sempre são ditos como loucos e só quando o futuro chega é que reconhecem sua razão. Fantasia em tons de dourado, com a espiral da hipnose, que é um dos símbolos da insanidade. Símbolo da razão no costeiro com cores em degrade.
Ala 20 – O futuro fora da caixa
Frida é considerada uma mulher à frente do seu tempo devido a sua capacidade de pensar fora da caixa convencional. Assim, ela se destacou entre as outras pessoas de sua época, tornando-se uma das mais reconhecidas figuras do século XX. O mundo só evolui graças às pessoas que são “Frida” e inspiram outras a pensar além da verdade construída socialmente. O chapéu da fantasia é uma caixa, onde um cérebro salta para fora. Fantasia em tons de dourado e prateado. Cérebros em led colorido.
Ala 21 – Sofrida, mas jamais vencida
Independentemente das adversidades da vida, Frida nunca abaixou a cabeça. Batalhou bravamente para fazer tudo o que queria. Com todo o sofrimento enfrentado, ela pôde partir feliz, pois venceu na vida. Hoje, grande parte do povo brasileiro tem essa virtude de ser “Frida”, pois mesmo com todos os problemas e crises do país, conseguem vencer. Fantasia com o colorido típico de Frida, inspirada em Nice, a deusa grega da vitória.
Ala 22 (Velha guarda) – Sou Frida!
A galeria de velha guarda vem representando esse adjetivo fictício que o enredo cria para quem se assemelha a Frida Kahlo em algum ponto. Nossa velha guarda é “Frida” por manter viva a tradição do samba e do carnaval, trazem a beleza da vida para as novas gerações. Traje tradicional, com flores nos chapéus e a frase “Viva la vida” nos ternos.
Alegoria 5 – Devaneio transcendente – quem tem asas vai além!
            Em um dos seus momentos mais difíceis, Frida ainda conseguiu pensar de forma célebre. Ela percebeu que na realidade não precisava de seus pés, pois tinha algo que a permitia ir muito mais longe: asas! E usando sua frase como metáfora para a vida, pode-se concluir que as barreiras não conseguem impedir a glória de quem deseja triunfar. Quem quer, faz! Padrões, regras, limites, tudo pode ser transcendido. Com as asas da mente, voos delirantes podem ser atingidos, dando forma a pensamentos libertários. A alegoria tem como base tons dourados e pratas, que ganham um colorido a partir de elementos incorporados à cena. Uma escultura representando o conhecimento, com grandes asas, ao centro. A ala de deficientes físicos e pessoas com necessidade especiais da escola vem no carro, trajando roupas coloridas e pomposas asas. Imagens de Frida feitas por artistas contemporâneos complementam o cenário do carro, representando a popularização do seu legado.



           
           
            Filme: “Frida” (2002) – Drama biográfico, direção de Julie Taymor;
            Livro: “O diário de Frida Kahlo – Um autorretrato íntimo” (2015) – KAHLO, Frida, Editora José Olympio;
            Documentário: https://www.youtube.com/watch?v=TULd1LQC4ys
            Site: http://capricho.abril.com.br/vida-real/10-curiosidades-voce-conhecer-pouco-mais-frida-kahlo-917260.shtml
Site: http://ffw.com.br/lifestyle/cultura/dez-razoes-para-amar-frida-kahlo-e-ver-a-exposicao-em-sao-paulo-789/
            Exposição: “Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México” (2016) – Instituto Tomie Ohtake, Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, RJ.




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