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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Enredo 1006: Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa. Eu sou Aninha.127 Anos de Cora Coralina

Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa. Eu sou Aninha.127 Anos de Cora Coralina


Introdução
Uma grande aventura pela vida de Ana Lins, pela vida de Cora Coralina, ela nos conduzira pela sua história os 45 anos em São Paulo a inserção no mundo literário e a carta que a fez ser respeitada no Brasil inteiro, mostraremos todos os seus dramas vividos durante 95 anos, e agora despeço-me e deixo vocês com a agradável companhia de Cora Coralina.
Sinopse
Eu sou aquela menina feia da casa da ponte, prazer eu sou Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, ou simplesmente Aninha. Sou filha de Francisco de Paula e Jacinta Luisa. Fui criada e moro a beira do Rio Vermelho.
Em 1910 me casei com um advogado, com quem tive seis filhos mais dois morreram antes de nascer, apaixonada saí de Goiás e fui morar no interior de São Paulo, vivi 45 anos de minha vida neste estado, logo fui para a capital paulista onde morava em frente à Estação da Luz, quando meu marido se foi tinha quatro filhos para criar, então vendi livros em São Paulo me mudei para Penápolis onde preparava e vendia linguiças e banha de porco, depois fui para Andradina e um ano após voltei.
Voltei para meu estado, e para a velha casa à beira do Rio Vermelho, inicialmente vendia doces e digamos que eu não era querida na minha cidade só era bem vista nas ruas ocultas da cidade de Goiás, ruas essas que eram habitadas por mendigos, dependentes químicos e prostitutas, graças a esse fato vendia pouco.
Até que aos 50 anos resolvi deixar de ser Aninha para finalmente virar Cora Coralina. E comecei a mostrar tudo aquilo que secretamente escrevia em São Paulo e iniciei novos poemas sobre as coisas do cotidiano.
Com simplicidade e sem conhecimento total da gramática, fui fazendo poemas. Aos 75 anos tive o meu primeiro livro publicado “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais” em uma delicada, amorosa e singela entrega poética. Eu misturo-me à minha terra, como em um “poema do milho” anuncio “evém boiada”. Os versos, marcados pelo cotidiano, os muros da cidade são prisões nas quais faço “a oração do presidiário” e angustiada tento me libertar.
Onze anos mais tarde ouço “o chamado das pedras” faço “meu destino” e público “Meu Livro de Cordel” e me pergunto “Cora Coralina quem é você? ”, em 1983 lanço “Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha”, meias impressões que faço sobre “Mãe” e “suas sementes e frutos”, por fim faço uma homenagem ao “Professor”. Por este livro me tornei conhecida nacionalmente, graças a uma carta que recebi de meu grande amigo Carlos Drummond de Andrade, onde o meu simples vintém de cobre se transformava em ouro.
Fui eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores em 1983. Em 1985 em Goiânia deixei a vida e parti para uma melhor tudo por uma Pneumonia.
Após minha passagem lancei, ou melhor foram lançados os livros de contos “Estórias da Casa Velha da Ponte” e “O tesouro da casa velha” e meus infantis “Meninos Verdes”, “A moeda de ouro que o pato engoliu” e “Prato azul pombinho”, no mesmo ano em que morri fizeram da minha querida casa da ponte o Museu Casa de Cora Coralina e agora recebo mais uma homenagem ser enredo de escola de samba, me emociono ao ver alas contando minha história e minhas estórias.
Roteiro do desfile
1º Setor: Eu sou Aninha.
Esse primeiro setor me apresentará ao grande público carnavalesco, mostrará também meus pais e minha velha casa da ponte.

Comissão de frente: Prazer, Aninha
A comissão de frente vai mostrar toda a minha vida com três atrizes me representando, as duas primeiras são Ana Lins e a última já com mais idade Cora Coralina, um enorme tripé em formato de livro ficara se abrindo e formando cenários da minha vida, como a estação da luz, as ruas ocultas e minha casa á beira do rio, minhas “réplicas” ficarão se revezando de acordo com o samba.
Tripé 1: O Livro da vida
Tripé que estará na comissão de frente, é um livro que formara três cenários distintos, a estação da luz, as ruas ocultas de Goiás e minha casa da ponte.
1º Casal de Mestre-Sala e Porta Bandeira – Meus queridos pais
Ela representa Jacinta Luísa do Couto Brandão, minha querida mãe e Ele representa o desembargador real Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, a fantasia remete a época de meu nascimento mais precisamente 1889.
Ala 1: Rio Vermelho
Uma ala coreografada representa o rio que banha a minha casa na cidade de Goiás, a ala vira “banhando” o Abre-Alas.
Carro Abre-Alas: A minha velha casa da ponte.

Se a ala do Rio Vermelho “banha” a alegoria o Abre-Alas tinha que representar a minha querida casa. A primeira parte da alegoria que tem um acoplamento é o Rio Vermelho onde uma enorme ponte liga ao acoplamento onde ficará minha casa que vira rodando e rodando os brincantes andarão sobre as duas partes pela ponte.
2º Setor: Minha vida como paulista.
Narrará a minha ida para São Paulo com meu marido, Cantídio Tolentino e como me virei após sua morte.

Ala 2 (Compositores): Cantídio Tolentino
Em 1910 me apaixono e me caso com o delegado e chefe de polícia Cantídio Tolentino Bretas, e em 1911 grávida de gêmeos vou para Jaboticabal no interior de São Paulo. A fantasia é um terno com a palavra direito escrita.
Tripé 2: Estação da Luz
Cheguei na capital São Paulo em 1924 logo quando operários pararam a cidade, graças a este fato fiquei “presa” durante algumas semanas em um hotel de frente à Estação da Luz.
Ala 3: A vendedora de livros.
Quando meu marido morreu tive que me virar para criar meus quatro filhos então comecei a vender livros para uma livraria em São Paulo.
Ala 4: Vendo Linguiças.
Um tempo após vender livros mudei pra Penápolis onde fazia e vendia linguiças e banha de porco.
2º Carro Alegórico: Adeus São Paulo.
Após morar em Penápolis me mudei para Andradina. O carro traz inúmeras malas e algumas coisas que marcaram os 45 anos de minha vida em que morei no estado como livros, linguiças e uma réplica da Estação da Luz ao centro.
3º Setor: Goiás, minha terra, meu lugar.
Este setor narrará a minha chegada de volta à Goiás, como fui recebida e escancarei suas ruas ocultas.

Ala 6: A nada querida Aninha
Ao chegar na minha cidade recebi uma enxurrada de desafetos, palavrões, acusações entre outras foi assim que sai pois fui embora gravida sem me casar e é assim que volto porque cheguei sem marido e com quatro filhos. Uma ala de passo marcado, uma mulher me representando e quatro crianças representando meus filhos, estará caminhando, no meio de várias pessoas com roupas de grife, representando a burguesia estes que estarão apontando o dedo para "mim".
Ala 7: A Doceira.
Quando cheguei em Goiás fui vender doces mais por não ser bem vista nada vendia.
Ala 8: Ruas ocultas de Goiás.
Quando voltei percebi que quarenta e cinco anos não mudou minha cidade, as ruas ocultas de Goiás repletas de dependentes químicos e prostitutas continuavam intactas, e pensar que nessas ruas era melhor tratada do que no centro. Uma ala coreografada cheia de mendigos e prostitutas.
Ala 9: A burguesia goiana.
A burguesia que adorava me julgar mais logo estariam me bajulando. Roupa luxuosa.
3º Carro Alegórico: Goiás seus segredos revelados.

Uma alegoria duas em uma a parte da frente linda bem arrumada, frequentada pela burguesia já nas costas do carro as ruas ocultas prostitutas, mendigos e dependentes químicos invadem a passarela.
4º Setor: Agora sou Cora Coralina.
Este setor representará o momento que deixei de ser Aninha para virar Cora, e meus livros “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais” e "Meu livro de Cordel" estarão neste setor.

Ala 10: O fim do medo.
Aos 50 anos resolvi largar do medo de ser Aninha para finalmente me transformar em Cora Coralina. A fantasia traz uma foto minha jovem e uma de mais idade.
Ala 11: Evém Boiada.
“Eu vi
o cheiro do boi.
Eu vi
cheiro de pasto
maduro, crestado, amarelado.
Capim-colonião sementeado,
pisado. Acamado
e o boi pisando, quebrando, pastando...”
Poema que compõe o livro “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais” o meu primeiro a ser lançado aos 75 anos. Fantasia com um fofo boi na frente e um chapéu de boiadeiro.
Bateria: Poema do Milho.
“Cavador de milho, que está fazendo?
Há que milênios vem você plantando.
Capanga de grãos dourados a tiracolo.
Crente da Terra. Sacerdote da terra.
Pai da terra.
Filho da terra.
Ascendente da terra.
Descendente da terra.
Ele, mesmo, terra”
Poema que compõe o livro “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais” o meu primeiro a ser lançado aos 75 anos. A fantasia vem de lavradores com milhos nas costas.
Ala 12(Passistas): Oração do presidiário.
“Fazei, Jesus, que eu sinta a Vossa Justiça de estar aqui, embora segregado, em vez de estar num manicômio ou numa Casa de Inválidos, irremediavelmente condenado e sem esperança”
Poema que compõe o livro “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais” o meu primeiro a ser lançado aos 75 anos. Todos com roupas de presidiário.
Ala 13: O chamado das pedras.
"Sozinha...
Na estrada deserta,
sempre a procurar
O perdido tempo
que ficou pra trás.
Do perdido tempo.
Do passado tempo
Escuto a voz das pedras:
Volta... Volta... Volta...
E os morros abriam para mim
Imensos braços vegetais."
Trecho do poema “ O chamado das pedras” do meu segundo livro publicado aos meus 86 anos.
Ala 14: Meu Destino.
“ Goiás, minha cidade...
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha“
Trecho do poema “ Minha Cidade” do meu segundo livro publicado aos meus 86 anos. A fantasia tem uma foto da minha cidade.
4º Carro Alegórico: Cora Coralina, quem é você?

"Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.

Nasci numa rebaixa de serra
Entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.
Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência. "
Mais um poema do “Meu livro de Cordel” várias esculturas de minha pessoa enfeitarão o carro, todas em preto e branco mais com uma enorme interrogação colorida que ficarão refazendo a pergunta “Cora Coralina quem é você” durante todo o desfile.
5º Setor: Meu amigo Carlos Drummond.
Este setor trará meu livro "Vintém de cobre - Meias confissões de Aninha", livro este que fez com que fosse contemplada com uma carta de Carlos Drummond de Andrade, assim fiquei conhecida e respeitada nacionalmente.

Ala 15: Semente e Fruto
"Filhos, fostes pão e água no meu deserto.
Sombra na minha solidão.
Refúgio do meu nada.
Removi pedras, quebrei as arestas da vida e
plantei roseiras.
Fostes, para mim, semente e fruto.
Na vossa inconsciência infantil.
Fostes unidade e agregação."
Trecho do poema “Semente e Fruto” do meu terceiro e último livro a ser publicado em vida “Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha”. Cada integrante da ala traz uma boneca representando uma criança.
Ala 16: Exaltação de Aninha (O Professor)
"Professor, “sois o sal da terra e a luz do mundo”.
Sem vós tudo seria baço e a terra escura.
Professor, faze de tua cadeira,
a cátedra de um mestre.
Se souberes elevar teu magistério,
ele te elevará à magnificência.
Tu és um jovem, sê, com o tempo e competência,
um excelente mestre."
Trecho do poema “Exaltação de Aninha (O Professor) ” do meu terceiro e último livro a ser publicado em vida “Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha”.
Ala 17: Meias Impressões de Aninha (Mãe)
"Que pretendes mulher?
Independência, igualdade de condições...
Emprego fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino
de ser mãe
Em ti está presente a humanidade."
Trecho do poema “Meias Impressões de Aninha (Mãe) ” do meu terceiro e último livro a ser publicado em vida “Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha”. Todas estarão “gravidas”.
Ala 18: Vintém de Cobre
"Vintém de cobre:
ainda o vejo
ainda o sinto
ainda o tenho
na mão fechada.
Vintém de cobre:
dinheiro antigo.
Moeda escura,
recolhida, desusada.
Feia, triste, pesada."
Trecho do poema “Vintém de Cobre” do meu terceiro e último livro a ser publicado em vida “Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha”, graças a esse poema fiquei conhecida nacionalmente. Fantasia toda em cobre.
Ala 19 (Velha-Guarda): A Carta
“Cora Coralina.

Não tenho o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu verso é água corrente, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudades de Minas, tão irmã do teu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina.
Todo o carinho, toda a admiração do seu. ”
A velha-guarda vem representando a carta que recebi de meu amigo Carlos Drummond de Andrade, carta esta que me fez ser respeitada nacionalmente. A fantasia traz a letra de Drummond estampada.
5º Carro Alegórico: Carlos Drummond, meu amigo, meu mestre.

O carro é enfeitado por uma tonelada de livros alguns fictícios e outros reais que serão doados para a plateia ao centro uma escultura de Carlos Drummond de Andrade escrevendo a carta que seria enviada a mim.
6º Setor: Meu legado continua.
Este setor representa todo o prestígio que recebi após minha morte, meus livros lançados e minha história que continua.

Ala 20: Premiada e Conhecida
Fui eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores em 1983.
Ala 21: Agora me chamo saudade
Em 1985 aos 95 anos tive uma pneumonia, deixei meu nome gravado na história agora o que resta é saudade.
Ala 22: Estórias da Casa Velha da Ponte.
Livro que fiz para a minha querida Casa Velha da ponte construída em pedra, madeirame e barro, casa esta que já testemunhou histórias de amor e suicídios de escravos. O livro foi publicado após minha morte.
Ala 23: O tesouro da casa velha.
Um testemunho comovente da educação de um jovem sob a opressão da palmatória, com um final surpreendente. Um retrato divertido e hilariante sobre excesso de cuidados em se guardar coisas fora do alcance das crianças. Quanto pode ser a dedicação e o respeito de uma escrava para com seu senhorio? Estas estórias compõem meu livro “O tesouro da casa velha”.
Ala 24 (Crianças): Meninos Verdes
A ala de crianças representa o livro que fiz para elas, “Meninos Verdes” narra a estória de meninos que nasceram em uma planta.
Ala 25: A moeda de ouro que o pato engoliu.
Mais um livro infantil, um tal padre muito importante acabara de chegar a cidade e uma ceia é preparada, o prato principal um pato que quando tem sua barriga aberta pela cozinheira, esta encontra uma antiga moeda de ouro, com quem ficará a moeda?
Ala 26(Baianas): Prato azul pombinho
Era um prato sozinho, último sobrevivente, sobra mesmo, de uma coleção, de um aparelho antigo de 92 peças. Isto contava, com emoção, minha bisavó, que Deus haja. Essa estória vem em mais um livro meu' o último desse Carnaval “o prato azul pombinho”

6º Carro Alegórico: Museu Cora Coralina.

Esse carro encerra a minha trajetória carnavalesca, eu sentada na cadeira como na imagem venho assistindo a tudo, vários telões estarão com poemas escritos por mim, e tudo será como num Museu.

Autoria: Lucas Xavier Sousa – Lucxaviersousa@gmail.com

Bibliografia
Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais
Meu Livro de Cordel
Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha
Estórias da Casa Velha da Ponte
O tesouro da casa velha
Meninos Verdes
A moeda de ouro que o pato engoliu
Prato azul pombinho
Site Jornal de Poesia e muitos outros sites da web.

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