Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!
Gostou de uma ideia, Clique na lâmpada e leia a nossa recomendação!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Enredo 933: “SETE A UM FOI POUCO”

“SETE A UM FOI POUCO”
Enredo para o Concurso Brasileiro de Enredos
por Humberto Mansur
https://www.facebook.com/humberto.mnz.3


POR QUE ESSE ENREDO?

Como eu sou novo no CBE, eu vou falar um pouco sobre mim aqui. Eu me considero uma pessoa extremamente... bizarra. Sou um autista, possuo um senso de humor extremamente mórbido, adoro matemática e gosto tanto do carnaval brasileiro quanto de animação japonesa. E lá estava eu, vivendo minha vida de maluco, jogando inocentemente no computador, quando começa o jogo Brasil x Alemanha pela semifinal da Copa do Mundo de 2014.

“Um jogo legal, né? O Brasil vai tentar mostrar que não depende do Neym- GOOOOL DA ALEMANHA!“
“Ah, mas é só um gol, talvez o Brasil vir- GOOOOL DA ALEMANHA!“
“Ok, agora a situação compl- GOOOOL DA ALEMANHA!“
“Meu Deus, o que está acontec- GOOOOL DA ALEMANHA!”
“Ai caramba... a internet não vai perdoar esse j- GOOOOL DA ALEMANHA!”

E não perdoou. Terminei minha partida, fechei o jogo e fui direto ver o facebook, esperando as mais diversas piadas sobre o Mineirazzo em construção. Não deu outra. Eu nunca ri tanto na minha vida quanto naquele dia. 8 de julho de 2014 foi o melhor dia da minha vida, sem dúvida alguma. E, se as escolas de samba adoram fazer uns enredos críticos, porque não tirar um deles de um momento que surpreendeu o mundo?

"Sete a um foi pouco" é um enredo de crítica. Ele usa o 7 a 1 como uma alegoria para passar pelos males político-sociais do Brasil atual, mostrando como cada um deles e como cada mal-feito levou ao que hoje as pessoas chamam de "vexame". Já estávamos dando vexame antes, na verdade, mas só percebemos isso depois que os alemães nos mostraram a realidade no futebol. A sinopse está escrita em forma de crônica de jornal, que é um gênero textual que eu gosto de escrever bastante, e o desfile em geral trata dos problemas com um bom humor enorme e aquela gota de ácido pra pegar bem nas feridas do Brasil do século XXI.

SINOPSE

"E lá vem mais! E lá vem mais! Olha a bola tocada, virou passeio!"

Quando Galvão Bueno, que narrara tantos momentos heroicos, lendários e maravilhosos na história do esporte brasileiro, pronunciou estas palavras na tarde de 8 de julho de 2014, a sensação que se espalhava pela população em frente à tela das TV's no Brasil inteiro era de incredulidade. O futebol, aquele esporte onde o Brasil era a força maior há décadas, desmoronava. A Alemanha marcava o quarto gol no que viria a ser a maior goleada já sofrida pela seleção canarinha. Sete a um. O Brasil não fazia tanta besteira por causa de alemães desde aquele episódio na Primeira Guerra onde o Brasil matou todas as toninhas do Mediterrâneo achando que eram submarinos alemães. Parece piada, não? Parece, mas não é, embora o resultado tenha transformado tudo ao redor daquele jogo em uma enorme piada. Foi risível. O que aconteceu com o país que ostentava cada uma de suas cinco estrelas no peito com a maior garra que o futebol mundial conhecia?

A pergunta é feita, mas a resposta não vem. Por quê? Todos sabem que a resposta existe. Alguma coisa aconteceu. Ou preferem acreditar que o 7 a 1 nasceu da cegonha? Que alguém decidiu "ah, hoje o Brasil vai perder de 7 a 1 no futebol porque sim" e fez isso acontecer com mágica? Obviamente não. O 7 a 1 vem de algum lugar. Na verdade, parando para pensar, o 7 a 1 pode vir de qualquer lugar. E ele veio de todo lugar. Afinal, de onde mais poderia nascer algo tão surreal?

Mas espera, todo lugar? Sim, todo lugar. É estranho pensar, mas aquele jogo fatídico pode ser resultado indireto de qualquer coisa. Todos sabem que o Brasil está longe de ser o melhor lugar do mundo para se viver. Nós somos cercados por corrupção. Voa propina pra lá, voa propina pra cá, pegar uma graninha emprestada, é a Lei de Gérson como a lei suprema do Brasil. Não importa o que acontece ao seu redor, se você se dá bem, é só esquecer o resto.

A Copa foi por aqui, mas foi uma bagunça. O futebol foi de primeira classe, mas o verde foi devastado, as pessoas foram desapropriadas e sai da frente que tá vindo o progresso. Temos que fazer o Brasil parecer bonito no resto do mundo pra ganharmos com o turismo durante a Copa, mas não podemos fazer hospitais porque não se faz Copa com hospitais. As obras aqui são superfaturadas até não poder mais e os políticos corruptos saem como heróis de tudo.

A política, então... haja papel pra escrever tanto processo de corrupção. Chama a tia, a prima, o sobrinho, a neta, a mulher, a vovó e toda a família pra trabalhar que tá beleza. Pode chamar também alguma celebridade e fazer ela trazer mais amigos pra cá. Quanto mais gente famosa pra distrair o povo das movimentações suspeitas de dinheiro, melhor. Ah, já disse que o povo não tem a instrução correta pra votar? Damos a eles o direito de escolherem quem é que vai levar eles pelo caminho certo e eles decidem apoiar os caras que vão aumentar a divisão social nesse país. E fora PT!

Depois de tudo isso, nós ainda temos que ver o quão socialmente dividido é o país. O rico fica cada vez mais rico, o pobre fica cada vez mais pobre, esse esquema todo mundo já conhece: o de cima sobe e o de baixo desce. Simples, não? É tão fácil dividir as pessoas pelas classes sociais que elas nem percebem. Afinal, quando um pobre entra num shopping de luxo, o certo é fazer cara de poucos amigos pra ele mesmo.

Tá, mas o que tudo isso tem a ver com o 7 a 1? Fácil: graças a todos esses problemas, não há motivos para um jogador pensar duas vezes antes de largar o Brasil para jogar em outro continente. Afinal, quem vai querer jogar num país que não quis fazer hospitais porque a Copa é mais importante? O resultado é um futebol dividido entre jogadores que só ligam para o dinheiro e esquecem de ter um bom futebol e jogadores que não têm motivação para jogar. Ah, mas a gente ainda pode ganhar, somos a melhor seleção do munGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL DA ALEMANHA!

Algumas analogias têm que ser feitas. Não parece, mas qualquer problema nesse país pode destruir o nosso futebol.

Qualquer problema pode fazer com que tenhamos que tomar um tapão na cara maior que o Maracanazzo foi.

O Brasil mereceu apanhar no dia 8 de julho.

E 7 a 1 foi pouco sim.

Gol da Alemanha.

APRESENTAÇÃO

---SETOR 1---
Bem-vindos ao Mineirão!

Esse é o mini-setor de introdução da escola. A proposta aqui é mostrar o quão comicamente trágico é o fato do Brasil, que deveria ser uma das melhores seleções do mundo, ter apanhado de 7 a 1 dentro da própria casa.

Comissão de Frente
E por falar em vergonhas históricas...

Para dar um convite de boas-vindas ao desfile, faremos um paralelo do 7 a 1 com outra vergonha histórica envolvendo brasileiros e alemães: a Batalha das Toninhas, na Primeira Guerra Mundial. A Comissão de Frente vem dividida em duas: de um lado, 7 jogadores de futebol vestindo a camisa da Seleção Alemã fazem um jogo de bobinho com 1 jogador vestindo a camisa do Brasil; do outro, 7 soldados brasileiros disparam futilmente contra um tripé em forma de toninha com algumas estruturas de um submarino. Durante a coreografia, eventualmente os soldados trocam de lugar com os jogadores alemães e tentam fazer um a função do outro, e enquanto a toninha continua fazendo os atiradores de bobos, os soldados não têm problema em brincar com o jogador brazuca. Ao final da coreografia, a toninha-submarino se abre revelando uma arquibancada, na qual todos se sentam para surpreender o público tirando uma série de bandeirinhas escondidas em seus trajes, que possuem uma letra cada e são balançadas pelos agora-torcedores formando as seguintes frases, nesta ordem: "SELECONE", "MINEIRAZZO", "GOL DA ALEMANHA", "E LÁ VEM MAIS", "VIROU PASSEIO" e "SETE A UM FOI POUCO".

Carro #01 (Abre-Alas)
Como isso aconteceu?

O abre-alas do desfile é o pesadelo de qualquer fã do futebol canarinho desde 8 de julho de 2014. Nele, você encontra tudo que possa lembrar, mesmo que meramente, a desgraça que foi o Mineirazzo. Relógios marcando 17:17, um calendário no dia 7/1, um bolo de aniversário de 17 anos, um diário escolar de uma turma 701, um rádio sintonizado em 107 FM, 1 Branca de Neve e seus 7 Anões... E o destaque principal do carro é ninguém menos que a Bruxa do 71!

---SETOR 2---
A terra da corrupção

Hora de começar a explicar por quê o 7 a 1 foi pouco. Comecemos pelo grande problema que assola o Brasil dos tempos atuais e que é a causa, direta ou indireta, de muitos outros problemas de nosso país: a corrupção no governo. Dinheiro desviado aqui, dinheiro desviado ali, políticos que só pensam em si mesmos e um seguimento bisonho da infame Lei de Gérson vivem deixando a vida de muitos brasileiros complicadas para que poucos possam sair por cima.

Ala #01
A Lei de Gérson

"O importante é levar vantagem em tudo". Essa linha de pensamento é a semente da corrupção. Pode-se fazer tudo do jeito honesto ou então corromper-se para ganhar vantagem, qual vai ser a escolha? É irônico que o nome dado a essa linha de pensamento venha de um jogador da Seleção Brasileira, mas isso não vem ao caso. O costeiro da ala possui um balão de pensamento com a frase "SAIA POR CIMA" saindo da cabeça do integrante.

Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira #01
A ganância e o ganancioso

Hora de carregar o pavilhão da escola. E que pessoa melhor para isso do que aqueles que causaram todo o desastre em primeiro lugar? O mestre-sala usa uma veste prateada e um óculos festivo com dois símbolos de cifrões na parte da frente. A porta-bandeira usa uma veste totalmente dourada e que é contemplada por uma coroa verdadeira em sua cabeça.

Ala #02 (Coreografada)
Só vou pegar emprestado

É assim que a corrupção começa. O político pega um pouquinho emprestado pra devolver depois... e depois mais um pouquinho... e mais um pouquinho... e assim vai. Esta é uma ala coreografada composta por mágicos, que fazem vários truques de mágica com cédulas e moedas, por vezes fazendo-os desaparecer e reaparecer no bolso de um dos integrantes, que está vestido de político.

Ala #03
Eu luto pelo bem do povo

Um problema com o esquema atual do governo brasileiro é que ele facilita muito a impunidade de um crime já descoberto, mas muitas vezes, isso não é necessário uma vez que o político malfeitor pode simplesmente jogar por cima a imagem de uma boa pessoa, que faz muito pelo bem da Nação. Os integrantes empurram mini-palanques como parte da fantasia da ala e têm auréolas sobre suas cabeças.

Carro #02
E não é que funciona?

E qual o resultado de ser um político corrupto? Sim, você pode ser preso, mas também pode acabar mergulhando em dinheiro como o Tio Patinhas! O carro alegórico é um verdadeiro parque aquático de moedas de ouro, com direito a tobogã dourado e integrantes se divertindo.

---SETOR 3---
O legado que não deixou orgulho

É fácil notar que o legado da Copa que nós recebemos foi muito diferente do que foi prometido no ano de 2007, quando o Brasil foi selecionado como sede. Obras foram deixadas pela metade. Outras obras foram superfaturadas. Pessoas desalocadas até hoje não receberam a ajuda de programas sociais. Esse setor nos leva a pensar: essa Copa nos trouxe realmente alguma coisa boa? Nem ao menos tivemos um resultado pra nos orgulhar.

Ala #04
Sai da frente que lá vem progresso

A primeira ala desse setor faz referência à ignorância das pessoas que fizeram o projeto da Copa para com a memória e a vida das pessoas que moram nas áreas que seriam reformadas. Aldeias indígenas, florestas? Não precisamos disso. A fantasia da ala tem pernas de escavadeira e troncos cortados nos ombros.

Bateria
Era melhor ter feito hospitais

A bateria representa a infame frase que Ronaldo Fenômeno disse quando foi perguntado sobre obras de segurança e saúde para a Copa do Mundo. Os bateristas estão todos fantasiados de médicos, mas o jaleco não é completamente branco: ele traz a mesma faixa em forma de V que a camisa da Seleção da Alemanha tem. É interessante notar que o nome da bateria tem dois significados diferentes: um para quando ela entra na Avenida junto com o resto do segundo setor, e outro para quando ela sai do recuo após o último carro alegórico.

Ala #05
Orçamento infinito

Já não é mais incomum no Brasil ver o preço final de uma obra ser zilhões de vezes maior que o preço inicial. A ala representa a incrível capacidade do político brasileiro de superfaturar algo que devia ser feito pelo bem do povo. Os integrantes carregam calculadoras financeiras com o símbolo do infinito em seus visores e um chapéu feito de notas fiscais.

Ala #06
Obras inacab

Eis uma ala bem direta e representativa: assim como as obras que nos foram prometidas, as fantasias da ala, compostas por placas laranjas de obras, só estão feitas de um dos lados. Se o governo não acabou o que ele tinha que fazer, não precisamos acabar o que nós temos que fazer, certo?

Ala #07
Legal, mas e depois?

Tudo bem, as obras vieram, construímos estádios faraônicos em várias cidades do Brasil, reformamos outros, limpamos as metrópoles pra Copa... OK, e depois da Copa? Continua assim? Valeu mesmo a pena construir um estádio de 40 mil lugares em Manaus sem ter nenhum time grande o bastante pra lotá-lo? Valeu mesmo a pena conscientizar a população pra copa e esquecer tudo depois? A ala traz acessórios lembrando o abandono: cinza-concreto, várias rachaduras, moscas...

Carro #03
Arena Fernando Collor de Mello, o Corruptão

O sumário do quão problemático é levar a Copa do Mundo para um país onde a corrupção reina solta é mostrado neste carro alegórico. No centro do carro, um enorme estádio de futebol com um telão mostrando a imagem do presidente deposto Fernando Collor de Mello e cujas pilastras de sustentação têm a forma de atlantes com a cara de políticos denunciados em esquemas de corrupção.

---SETOR 4---
Uma política sem pé nem cabeça

Respiremos fundo, porque essa parte vai ser frustrante. Seria mais fácil simplesmente escrever "toda a política" aqui, mas não é viável. Então, vamos exemplificar um pouco do que há de errado na nossa política nesse setor. Além disso, também faremos uma crítica ao povo que se deixa levar por táticas óbvias e acaba dando confiança aos políticos que não merecem. Não há instrução suficiente nesse país para as pessoas votarem nos políticos realmente honestos.

Ala #08
Empresas fantasmas


Onde foi parar o dinheiro do povo? Em alguma empresa fantasma! Afinal, se algo der errado, quem paga o pato é a empresa que nunca existiu. A ala é composta por pessoas com a cara pintada de branco, um lençol sobre o corpo para lembrar os famosos fantasmas de colchão e a gravata típica dos empresários... que só existem nas histórias pra boi dormir.

Ala #09
Ministério da (minha) Família

Ah, táticas de nepotismo... se um político corrupto já é um problema enorme, imagine quando ele trouxer seus familiares igualmente malandrões! Essa ala segue um padrão diferente, pois tem quatro tipos de fantasias diferentes: uma delas lembra as vestes de um político, outra lembra as vestes de uma dona-de-casa, outra lembra as vestes de um pai de família e a última lembra roupas de criança.

Ala #10 (Crianças)
Votar em QUAL abestado?

É tática comum entre vários partidos indicar um candidato "palhaço" e fazê-lo receber milhares de votos para que, através do sistema político brasileiro, ele e mais dois ou três candidatos do partido sejam eleitos. Isso já seria ruim, mas a pior parte é que hoje em dia, o tal candidato "palhaço" provavelmente está fazendo muito mais do que os políticos experientes! A ala das crianças representa um dos casos mais famosos da situação descrita, com todos vestindo terno, carregando maletas e usando o famoso chapéu do Tiririca.

Ala #11 (Baianas)
Os coxinhas

Também conhecidos como "esquerda-caviar", os coxinhas são pessoas que, por puro motivo de "seguir os mestres" apóiam governos de direita que supostamente irão fazê-las ricas. A fantasia das baianas tem um tom alaranjado, lembrando bastante o famoso salgadinho que deu o apelido.

Carro #04
Atirando pra todo lado

Esse carro alegórico representa a falta de instrução do povo brasileiro para eleger políticos competentes, o que resulta em ataques aleatórios a pessoas honestas que não têm nada a ver com os problemas do país. No centro do carro, gira uma metralhadora enorme comandada por uma pessoa que claramente não bate bem das ideias. Ela não atira, mas aponta para integrantes ao redor do carro todo com fantasias que fazem referências a diferentes partidos políticos. A frente do carro carrega uma faixa onde pode-se ler: "Pelo poder do povo, ditadura já!".

---SETOR 5---
Rico aqui e pobre ali

A desigualdade social é um problema enorme no Brasil. E só fica pior quando você adiciona todos os fatores que já foram apreciados aqui. Bem-vindo ao setor que bota rico no condomínio de luxo e pobre na favela. E o que nós podemos fazer a respeito? Nada.

Ala #12
Um leão por dia?

Uma pequena homenagem a todos os brasileiros que vivem numa condição de vida ruim. Eles sofrem com tudo, e são a verdadeira raça guerreira do povo que "não desiste nunca". Na fantasia da ala, leões dourados e roupas rasgadas para quem "mata um leão por dia".

Ala #13 (Passistas)
Ou um milhão por dia?

Jogar a vida na dificuldade mais fácil é pra poucos nesse mundo. Infelizmente. A ala dos passistas traz todo o tipo de pedra preciosa em seu corpo, sem se importar em que tipo ou cor de pedra está sendo usada: ela só quer mostrar que é rica.

Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira #02
O negão e a patricinha loira do olho azul

Um novo casal de mestre-sala e porta-bandeira referencia à famosa música do grupo Bom Gosto, que trata do quão a distância entre as classes pode separar ou unir duas pessoas. Nosso mestre-sala veste roupas completamente negras e simples, enquanto a porta-bandeira tem uma fantasia branca cheia de adornos. Obviamente, o casal segue a música e é composto por um homem negro e uma mulher branca e loira de olhos azuis.

Ala #14
Área exclusiva para ricos

A nossa sociedade tem um problema sério de querer definir o direito de ir e vir de uma pessoa pela sua capacidade monetária. Assim, o pobre não pode sair do subúrbio. A ala é composta por dois blocos de integrantes divididos ao meio, de forma que as fantasias do lado direito lembrem prédios comerciais e as do lado esquerdo lembrem favelas.

Ala #15
Baixando a porrada

Se o pobre mata, é bandido. Se o rico mata, é acidente. Se o pobre dirige bêbado, cadeia. Se o rico dirige bêbado, multa e já pode dirigir de novo. O uso de dois pesos e duas medidas pela polícia fica a cada dia mais evidente, e a corrupção também está chegando ao interior da população. A ala é composta por homens fardados com um cassetete erguido.

Carro #05
A divisão estampada no nascimento

Um carro que pretende passar um impacto enorme sobre a situação da desigualdade social. No centro do carro, existe um enorme bebê deitado num berço. Só que o carro é dividido em duas metades, e o bebê acompanha essas metades: do lado direito, o bebê está limpíssimo e num berço maravilhosamente feito, com móbiles em cima e uma cama bem arrumada. Já do lado esquerdo, o berço não tem colchão, o bebê está sujo e caixotes de madeira ficam posicionados do lado.


---SETOR 6---
E é gol da Alemanha!

Chegou a hora de jogar na cara de todo mundo que o país está CHEIO DE PROBLEMAS! E faremos isso da melhor maneira possível: goleando o Brasil no único lugar onde eles acham que sempre serão os melhores, o futebol!

Ala #16
A cor da bola e a cor da grana

O futebol hoje em dia é baseado em dinheiro. Não tente negar isso. A ala é composta por torcedores pintados do mesmo tom de verde das notas de dólar e que, ao passar por cada cabine de jurados, erguem papéis formando um mosaico em forma da dita nota.

Ala #17
Confederação Brasileira de Falastrões

Para surpresa de ninguém, no ano de 2015, vários integrantes da CBF caíram sob investigação por corrupção na FIFA. Isso só significa uma coisa: Nem a própria confederação de futebol está pensando no futebol brasileiro. Nesta ala, os integrantes possuem o clássico bigode fino do Dick Vigarista, um adereço com o logo da CBF sem cores nas costas e um par de mãos na frente da fantasia na clássica posição de "estou aprontando alguma coisa".

Ala #18
Os heróis que lutaram pelo hexa

Essa ala será, provavelmente, a melhor do desfile. Os integrantes da ala vestem uma roupa bem tradicional: o uniforme da Seleção Brasileira, além de um cabelo moicano simples. Mas a grande sacada desta ala é o seu número de integrantes: incríveis 1 integrante! Visto que a Seleção de 2014 era basicamente um time de um jogador só, nada mais adequado, e pelo penteado, não é difícil deduzir quem é esse "um jogador".

Ala #19
Seleção Brasileira de Pau de Selfie

Aos que não gostaram da última ala, não se preocupem. Também temos uma ala homenageando os demais jogadores da Seleção que foi para a Copa. O único problema é que alguns jogadores estavam mais preocupados em "sair bem na foto" do que em jogar futebol. A fantasia desta ala é composta por roupas verde e amarelas bem festivas e um enorme pau de selfie na mão de cada componente. Sorriam!

Ala #20
Quebraram o menino Neymar

Então, aqui temos um time cujo jogo inteiro gira em torno de um único jogador? Não seria uma pena se alguma coisa acontecesse com ele? Nesta ala, todos os integrantes andam mancando e com uma fantasia similar a um exoesqueleto. Afinal, se havia tecnologia para um tetraplégico chutar uma bola com um exoesqueleto na cerimônia de abertura, deviam ter colocado um no seguro do menino Neymar!

Carro #06
Virou passeio!

E aqui, o grande momento! Os gigantes da Seleção Brasileira mostraram o que acontece quando ficam sem sua super-estrela e apanharam da Alemanha num jogo histórico representado neste carro. A alegoria é composta por várias estátuas de torcedores da Seleção chorando e por um enorme gol que fica na parte de trás do carro, defendido futilmente por um grande cone pintado de verde e amarelo. Essa alegoria também propõe um jogo com os destaques do carro: eles recebem bolas de futebol constantemente através de um sistema similar ao que funciona em pistas de boliche para chutarem em direção ao gol. Gol da Alemanha!

Velha Guarda
O Gaúcho da Copa - A esperança ainda existe

Enquanto esse enredo estava sendo escrito, recebemos a notícia da morte do Gaúcho da Copa, um ilustre torcedor da Seleção que, além de ficar marcado por sempre aparecer nas Copas do Mundo para apoiar a nossa esquadra nacional, também ficou marcado por uma imagem após o Mineirazzo onde ele cede seu troféu caseiro da Copa do Mundo a uma torcedora alemã. Por isso, a velha guarda fica como homenagem a esse grande torcedor, que apesar de ter sofrido como todos nós sofremos naquele dia, mostra que sim, ainda temos que ter esperança que não só o futebol como toda essa maré de coisas ruins pela qual o Brasil passa podem virar. A velha guarda usa os trajes típicos do Gaúcho: seu chapéu, camisa verde amarela e o troféu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marcadores