Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Enredo 8: “Sou a cereja do bolo, banhada em luxo e glamour”

“Sou a cereja do bolo, banhada em luxo e glamour”
Cleiton Almeida

Apresentação
Escrito a partir da expressão “a cereja do bolo”, esse enredo tem como fio condutor a própria escola que o desenvolve. A escola é a cereja do bolo, banhada em luxo e glamour devido aos seus carnavais de alto nível. No mundo do samba, existem muitos torcedores que procuram criticar a agremiação alheia nos mínimos detalhes. A escola do enredo busca dar um basta nessa situação, deixando claro que os comentários maldosos não a atingem. Assim, o enredo busca exemplos históricos e populares de vaidade e amor-próprio, para mostrar que, independente de tudo, ela sempre será a melhor aos seus próprios olhos.


Sinopse
Cheguei! Muita luz, holofotes. Ouço o som dos aplausos ecoando ao meu redor. Gritos, euforia. Flashes vindos de todas as direções. Paparazzi, jornalistas, repórteres. Todos querendo ouvir alguma coisa vinda de mim. Não consigo entender nada do que dizem, o barulho dos gritos e aplausos se sobressai. É assim que sou recebida em qualquer lugar. Sempre quando chego, eu viro atração. Me recepcionam com muita majestade. Quem pode, pode!
Assim como Narciso, sou apaixonada por meu reflexo. Carrego a beleza de Afrodite, e talvez seja por isso que tenho tanto amor por quem eu sou. Minha graça encanta quem vê. Sou uma ilustre dama que exala perfeição. Diariamente vou à frente do espelho e pergunto “Espelho, espelho meu, existe alguém mais linda do que eu? ”. A resposta é certeira “Não, não há”. Mas isso está longe de me transformar numa bruxa má. Afinal, o estado sou eu. Eu sou o centro do universo, a vida gira ao meu redor. Sou o Sol que ilumina a criação.
Dizem que eu me acho, mas na verdade são eles que me procuram. Digo apenas a verdade, sou tudo isso que eu digo e mais um pouco. A rainha da cocada preta. Pode me chamar de bicho da goiabada também, pois sou o que há de melhor aqui. A última bolacha do pacote e a última garrafa de água do deserto são apelidos comuns que me dão. Não é para qualquer uma chegar onde cheguei e ser quem eu sou, por isso digo que não é close, é condição. Confio no meu taco, agora eu mato a cobra e mostro o pau! Sempre!
Entretanto, os boatos e as fofocas nunca se calam. O que acontece é que estou sempre na boca do povo, o que não é uma coisa ruim. Falem bem, ou falem mal, mas falem de mim. Isso só infla mais o meu ego. Massageia-o. Mas acredito que essa seja a fórmula da felicidade: estar de bem com a vida, não ligar para as pessoas que a desdenham. Quem tem luz própria incomoda mesmo. E eu, com minha dose extra de amor-próprio, faço as inimigas se cortarem de inveja. Eu me amo. Eu sou tudo o que sou por amor.
Não raramente estou estampada nas capas das revistas mais importantes do país. Sou top. Os focos estão vidrados no meu samba. Já nasci no salto quinze, rasgando a avenida com meu gingado. Para quem me chama de prepotente ou fala que não tenho humildade, beijinho no ombro. Meu escudo está sempre em posição, bloqueando qualquer coisa ruim que possa me atingir. Sou a personagem principal do carnaval. Que me perdoem as coirmãs, mas a arquibancada vai a loucura quando eu passo. Nascida no samba, minhas veias transbordam emoção em partido alto. Banhada em luxo e glamour, sou a cereja do bolo nessa festa popular.


Desenvolvimento
1º setor: “Sou o motivo dos aplausos da multidão”
Em nossa abertura, temos a chegada da personagem principal: a escola de samba que possui o enredo. Ela descreve a cena que vê em todos os lugares em que chega. E, na data do desfile, é assim que o setor 1 a recebe, enquanto ela está se montando na concentração.
Comissão de frente: “Abram alas, cheguei! ”
Descendo de uma limusine, sai a personagem principal vestida do símbolo maior da escola; seja estrela, águia, beija-flor, tigre. Para aumentar o volume de pessoas, são acionados aqueles bonecões de posto de gasolina (que balançam os braços para cima), e os integrantes da comissão de frente se dividem entre fotógrafos e seguranças.
Ala 1: “Fãs”
Ala com fantasia livre, onde os componentes carregam cartazes e faixas declarando amor à escola.
1º Carro Alegórico: “Recepção de luxo”
Um grande carro, com um tapete vermelho ao meio e lados simétricos. Um grande cortejo de samba passa no tapete, e o público, separado por pequenas grades, eufórico ao lado. O conjunto escultural remete aos bailes de carnaval antigos, com muitos detalhes e luxo. A iluminação do carro é pesada, com muita luz branca piscando, simulando flashes. O destaque central representa o poder e a ostentação.
2º setor: “Sou a história em um só nome”
Em seguida, apresentamos personagens históricos que representam amor próprio ou superioridade. Fazemos um misto de história mitológica, história infantil e história da humanidade.
Ala 2: “Nas águas me olhei e me apaixonei”
Fantasia representando o mito de Narciso, que se apaixonou por sua própria imagem refletida na água. É considerado o mito da vaidade. Fantasia em tons de azul, simulando as águas, e a saia espelhada, refletindo o folião.
Ala 3: “Deusa da beleza”
Afrodite é a deusa grega da beleza, a mulher mais bela de todo o sempre. E nossa escola tem beleza equivalente à dela. Logo, temos todos os motivos para nos vangloriar. Fantasia em tons claros, inspirada nos trajes gregos e nos detalhes de Afrodite.
1º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: “A dama e seu requinte”
O primeiro casal da escola vem ostentando o pavilhão em trajes de luxo. A porta bandeira é uma perfeita e graciosa princesa, e o mestre sala o seu príncipe encantado que a corteja com muito amor, respeito e admiração. Nos contos de fadas, as princesas são admiradas e são descritas sem nenhum defeito, e sempre vivem felizes para sempre, assim como nossa escola. Passa por adversidades, mas triunfa no final.
Ala 4 (BATERIA): “Espelho, espelho meu”
Ainda nas histórias infantis, a madrasta da “Branca de Neve” eternizou o ato de questionar seu espelho se existia mulher mais bela que ela. Um explícito ato de vaidade e amor próprio que nossa escola repete. Porém, nada de maldade, o papo aqui é felicidade! A fantasia é leve e não tem costeiro. Cada componente traz um espelho, todo delicado e artesanal, na parte da frente.
Ala 5 (PASSISTAS): “Bruxa do bem”
O grupo de passistas vem fantasiado de bruxas e bruxos, mas que só fazem feitiços de amor e alegria. Mas sua fórmula principal é de uma poção que dá beleza sublime, e usam essa em todos os desfiles da escola.
Ala 6: “Rei Sol de França”
Usando um exemplo clássico da história, o Rei Luíz XIV instituiu uma monarquia absoluta na França, onde ele declarou que o Estado era ele. O Rei achava que a vida dele era o centro das atenções, inclusive todas as suas atividades diárias podiam ser vistas pelo povo. Fantasia de acordo com as vestimentas reais da época.
2º Carro Alegórico: “O Sol que ilumina a criação”
O nosso planeta Terra gira em volta de uma grande estrela brilhante, o Sol. Esse astro é o centro do universo, e é ele quem permite que haja vida na Terra. Assim, ele se torna essencial em nossas vidas, além de ser brilhante e adorado. Com isso, nós somos como o Sol na vida de tantas pessoas. Damos luz a elas. No carro, um grande Sol ao centro, com um destaque em cima, cercado por dezenas de composições representando planetas, estrelas, cometas. O carro é uma grande galáxia, cheia de luz branca, sendo que a única colorida é a que sai do Sol.
3º setor: “Sou as palavras dessa gente”
O terceiro setor reúne expressões do dia a dia, ditados e vocábulos típicos que são usados para adjetivar pessoas que são seguras de si, que são as melhores e que possuem elevada estima.
Ala 7: “Procurado 24h por dia”
Há pessoas que sempre dizem “você se acha demais”, “abaixa a bola”, “respeite as coirmãs”, mas na real, não estou falando nada além da verdade. Essas pessoas, na realidade, procuram motivos para te rebaixar, acabar com sua confiança. Fantasia de detetives com grandes lupas.
Ala 8: “A rainha da cocada preta”
Expressão popular para designar pessoa que se coloca como melhor que outras. Fantasia com traços da corte e com um tabuleiro de cocadas pretas.
Ala 9: “O bicho da goiaba”
Quando alguém sabe de todas as coisas, tem conhecimento em várias áreas, fala-se que o tal é o bicho da goiaba, entendedor de tudo. O experto e esperto. Fantasia onde o componente tem roupa de bicho e veste a goiaba por cima.
Ala 10: “Última bolacha do pacote”
Por ser a mais gostosa, aquela que dá gostinho de quero mais, a última bolacha do pacote, geralmente, é a mais amada do lanche. Assim como nossa escola, dá vontade de pedir bis. Várias fantasias de bolacha recheada, com diversos sabores (no caso, coloração).
Ala 11: “A última garrafinha no deserto”
No calor escaldante do deserto, a última garrafa de água vai ser a mais valorizada, a mais amada, a que vai ser tratada com mais carinho. Assim como acontece com nossa escola. Fantasia de odaliscas carregando garrafas gigantes.
Destaque de chão: “Não é close, é condição”
Gíria, geralmente usada por homossexuais, que indica riqueza e poder.
3º Carro Alegórico: “Eu mato a cobra e mostro o pau”
Usada com o significado de que a pessoa confia no que diz, que a pessoa pode provar o que fala, essa expressão define bem o nosso caráter. Se prometemos, cumprimos. De sequência, confiamos no nosso taco e, se falamos, está falado. Pode crer. Carro de caráter cômico, com uma escultura de uma serpente morta, ocupando todo o comprimento do carro, e um destaque à frente representando a confiança. As composições fazem uma pequena coreografia durante uma parte do samba, em que homens e mulheres seguram cobras na altura das partes íntimas, e outro alguém mata essa cobra, revelando um pedaço de pau grande e grosso. A partir disso, tudo se avacalha.
4º setor: “Sou o que sou, mais o que dizem”
O penúltimo setor traz a consequência das fofocas em nossa vida. Quando todos pensam que é negativa, ela se mostra positiva, servindo como motivação a sempre estar no topo, para continuar sendo o assunto de gente mal-amada e invejosa, incapaz de fazer melhor.
Ala 12: “Fofocas sem fim”
Quando se fala em fofoca, uma das primeiras coisas que vem à mente são os vizinhos (as). Gente que não perde a oportunidade de dar uma espiadinha na sua vida. Aqui na nossa “cidade”, temos várias vizinhas que, ao passar na frente da nossa “casa”, esticam o pescoço para ver alguma coisa. Fantasia de dona de casa, com bobs na cabeça e uma janela como adereço de mão.
Ala 13: “Tô na boca do povo”
Os burburinhos nunca se calam, e se abrir a boca do povo, olha lá meu nome de novo. Fantasia sensual, com uma boca vermelha revestida de purpurina.
2º Casal de Mestre e Sala e Porta Bandeira: “Ego”
O famoso ego, aquela sensação de superioridade. Os comentários só reforçam a teoria: quem brilha muito, incomoda quem não tem luz própria. Assim, o nosso ego só cresce. Infla cada vez mais. Fantasia que se assemelha a bonecas infláveis, mas carnavalizadas e satíricas.
Ala 14: “A fórmula da felicidade”
Não ligar para as críticas depreciativas e confiar no próprio taco são ingredientes da poção da felicidade. Fantasia com cientistas de vestes alaranjadas (cor da felicidade), que fazem uma poção multicolorida.
Elemento cenográfico: “Poção da felicidade”
Um grande béquer que solta fumaça colorida e explode serpentina.
Ala 15: “Luz própria”
Destacamo-nos no que fazemos, onde chegamos atraímos todos os olhares. Tudo isso porque deixamos nossa luz brilhar. Fantasia em tons amarelados, com luz de led intensa.
Ala 16: “Uma dose de amor-próprio”
Quem se ama, tem tudo para prosperar na vida. E quem se ama, não precisa cuidar da vida das outras pessoas. Nós temos muito amor ao nosso pavilhão, amor por quem somos. No lugar da raiva por outras “pessoas”, temos amor por nós mesmos. Fantasia em tons de vermelho, com copos de adereço de mão, com corações dentro, para os foliões se embriagarem de amor-próprio.
4º Carro Alegórico: “Eu me amo”
O carro é uma exaltação ao amor-próprio. Em vários tons de vermelho, o carro se assemelha a um motel. Ao centro, uma escultura se admirando, nua, na penteadeira. Ao redor, várias camas, separadas por biombos, com uma pessoa em cada cama. Os componentes, em alguns trechos do samba, simulam se masturbarem. Ao longo do desfile, eles são livres para fazerem o que desejarem na cama. A saia do carro é composta por corações. O carro solta bolhas de sabão. O destaque ao fundo representa o sentimento profundo, a adrenalina do amor.
5º setor: “Sou a cereja do bolo”
O último setor do desfile é a identidade do sambista. É o que queremos passar para as pessoas. É o que somos. Terminamos com uma declaração de amor à escola, à comunidade, a quem acredita no trabalho do nosso carnaval. Ao fim, a afirmação de que somos a cereja do bolo do carnaval. O toque final e primordial.
Ala 17: “Top, capa de revista”
Celebridade que se preze, tem que estampar várias revistas. E nós sempre somos reportagem. Falam de nossas festas, de nosso método de desenvolver carnaval. Fantasia em que o componente veste as cores da escola e entra na revista, que é adereço de mão. Cada qual tem sua revista.
Ala 18: “No salto quinze, só no sapatinho”
O samba está na pele, e todo ano rasgamos a avenida com nosso gingado. Com estilo, só no sapatinho, chegando de fininho e ganhando a cena. Fantasia livre, com as mulatas da escola sambando muito no salto quinze.
Ala 19: “Beijinho no ombro”
Para quem, quando perde, vaia a escola, só podemos parafrasear Valesca Popozuda e mandar um “beijinho no ombro”. Fantasia com uma boca, fazendo biquinho, no ombro.
Ala 20: “Escudo rebatendo a negatividade”
Ao longo do desfile, citamos exemplos de como os comentários maldosos contra nossa escola se propagam. E, quando eles vão nos prejudicar, erguemos nosso escudo e saímos intactos. Fantasia de drag queens guerreiras, que erguem um escudo rosa e soltam papel picado pela avenida.
Ala 21 (VELHA GUARDA): “Personagem principal”
Velha guarda da escola vem em trajes tradicionais, nas cores da escola, representando toda a imponência e respeito que passamos.
Ala 22 (BAIANAS): “Luxo e glamour”
As baianas da escola vêm vestidas com uma roupa muito luxuosa, com muita pedraria e bom gosto.
5º Carro Alegórico: “Sou a cereja do bolo nessa festa popular”
Para finalizar com esplendor, trazemos o carro da cereja do bolo, ou seja, nós. Essa expressão é usada para remeter àquilo que é o toque final, a chave de ouro. A festa do carnaval, os desfiles das escolas de samba, não são completos sem nossa presença. Podem desfilar todas as escolas, o êxtase só vai vir quando nós passarmos. O carro é repleto de fontes de água, e é todo decorado com pedras e cristais. Um bolo vem ao centro, todo trabalhado e detalhado. O destaque em cima é a cereja, com uma fantasia muito luxuosa. As composições representam o luxo e o glamour, e estão espelhadas entre as águas.


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