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sábado, 25 de abril de 2015

ENREDO 716: #REV1RÃ0 Geni – para além do bem e do mal

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#REV1RÃ0
Geni – para além do bem e do mal
  

Apresentação:

Sinta minha dor
Absorve-me, toma-me, sinta minha dor
Liberta-me, liberta-me, descubra-me
Descubra meus sinais
Sinta minha dor
Liberta-me
Suaviza (esta dor), conforta-me, liberta-me
Perceba, perceba, mutilaram-me
Machucaram-me, liberta-me
Ameno, Era.
Certa vez, o compositor Chico Buarque contou a história de uma tal Geni... Que tal recontá-la? Confesso, foi um chamado...

Na lata! Quem nunca jogou pedra na Geni? Quem nunca foi Geni? Já experimentou os dois lados? Se sim, qual te agradou mais? Já se olhou, realmente, no espelho? Digo, realmente. Com uma verdade d’alma. E, não apenas, pra retocar a maquiagem? Acredita na imagem que vê? É feia, é bonita? Imagem interior ou exterior? Já imaginou olhar seu reverso? Melhor, consegue compreender que, ali, também está seu reverso? #Rev1rã0!

E Geni? É maldita? É bendita? É possível pensar sua história para além das oposições (0/1)? Para além do bem e do mal? A proposta deste enredo é sugerir a tal ‘formosa dama’, que nos foi apresentada por Chico na canção ‘Geni e o Zepelim’, um movimento de liberdade.

Toda história se passa na fictícia ‘Palo Alto’, cidade que mistura o trad1cional e o modern0 pra gerar riqueza. Nesta terra do ‘horror e iniquidade’, avessa a comemorações, só um ritual era sagrado: ‘jogar pedra na Geni!’. A música de Chico serve como um caminho pra podermos contar sua história, mas nem tudo será como na música. Propomos algumas diferenças no encadeamento dos fatos e, também, um outro final para Geni, uma proposta de rompimento deste ‘círculo vicioso’. Teremos êxito?  

Ficha Técnica:

Enredo: #Rev1rã0. Geni – para além do bem e do mal.   
Autor: Akagi Azzuma
Contatos: akagiazzuma@gmail.com/ Face: Akagi Azzuma
Número de Alegorias: 7
Número de Alas: 34
Comissão de Frente: “Joga pedra na Geni”
Baianas: “Uma nova fauna para Palo Alto”
Bateria: Herr Vega
Passistas: “Espectros”
1º Casal de MS e PB: “Ameaça e Esperança”
2º Casal de MS e PB: “O velho e o novo”
Argumento:

Este texto é livremente inspirado nas obras ‘Versos Íntimos’, de Augusto dos Anjos e ‘Geni e o Zepelim’, de Chico Buarque de Holanda.
Versos Íntimos.
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos
Uma poesia, uma música... Dois poetas e uma mesma razão: #Revirão. Que nada mais é do que a capacidade cerebral humana de requerer seu oposto. Não nado bem, crio submarino; não sei voar, crio um avião. Faço da noite, dia e dia, noite. Homem vira mulher e esta vira homem. Das espécies que aí estão (quem sabe não há ETs por aí com a mesma capacidade?), a humana é a única que possui tal habilidade. Que ‘maquininha’ esta nossa, não? Fonte de todas as nossas soluções, mas, também, de todos os nossos problemas.

Esta tensão existente na lógica binária 0/1, yin/yang, nos motivou a contar a história de Geni, que não deixa de ser a de qualquer pessoa. Um exemplo de reviramento, a presença do #Revirão – maldita, bendita, o que ela dita, afinal? “A mão que afaga é a mesma que apedreja”. É uma história de amor? De ódio? De ambos? Podemos supor, no final das contas, que há, de fato, só um lado? Podemos libertar Geni de um círculo vicioso?

Um aviso: neste enredo, iremos representá-la como mulher, embora, em muitas peças, é retratada como travesti, afinal ‘Geni e o Zepelim’ faz parte do musical ‘Ópera do Malandro’, composto por Chico em 1978. A questão de gênero não é o ponto crucial aqui. Geni pode ser qualquer gênero. Geni é o espelho!

Primeiro Movimento:

Dizem que toda história precisa de um local dos acontecimentos.
Trago-lhes, portanto, Palo Alto.

Não passava de seus 60 mil habitantes, terra do horror e da iniquidade. A corrupção atingiu níveis galopantes, assim como a violência. Claro, os endinheirados viviam em suas bolhas empresarias e não eram afetados. Nenhuma surpresa. O poder público perdia espaço para as multinacionais que já contavam com seus exércitos particulares e influenciavam sem cerimônia na vida da cidade. Era fácil identificar os soldados das multinacionais, pois todo seu corpo era mecânico, exceto a cabeça. Aliás, uma característica de Palo Alto: via-se engrenagens e estruturas mecânicas como constituintes de arranha céus e casas, mas, ao mesmo tempo, via-se carruagens e um apreço pela arquitetura do século XIX. E mais: a cidade era movida (automóveis, robôs) pela mecânica a vapor. O moderno e o tradicional, lado a lado. #Revirão – único lado?

Era neste caldeirão de estilos que vivia Geni, a tão formosa dama...

Palo Alto era avessa a comemorações/festa como aniversário da cidade, passagem de ano, Natal e coisas similares. Só havia um ritual que não podia deixar de ser praticado. Era sagrado... Qual?

Jogar pedra na Geni, ora! Afinal, “ela é boa de apanhar, ela é boa de cuspir”
- Por quê?
- “Ela dá pra qualquer um, maldita Geni!”

Segundo Movimento:

Tanto ódio... Ou seria tanto amor? Tem diferença?

O que estava à margem, excitava Geni e, sim, deitava-se com todo mundo do ‘baixo Palo Alto’. E sempre foi assim, desde meninota. Moleques do internato, cegos, retirantes, a turma do mangue, do porto, detentos, lazarentos, velhinhos sem saúde, viúvas... Não tinha preferência sexual. Uma especial atração por quem não tinha mai$ nada...

E o coro da cidade tal qual numa tragédia grega, não cansava de repetir. Para muitos, um estribilho bom de ouvir. Concorda?

“Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir.
Ela dá pra qualquer um, maldita Geni!”

Terceiro Movimento:

Já era de manhã, a data não importava. Muito nevoeiro e a fumaça da mecânica a vapor, que movia a cidade, deixava tudo num clima muito soturno. O Sol tentava se fazer presente. Geni arrumava o vestido, a calcinha, afinal a noite, mais uma vez, havia sido quente. Contemplava a Baía de Barros e, de repente, percebeu que corvos pousavam aos montes na praça, onde estava. Mas havia uma peculiaridade nestas aves do mau agouro: ‘usavam’ um mini chapéu destes que crianças usam em aniversários. Oi? Das águas da baía, surgiam shinigamis (deuses da morte), estilizados como pierrots e avançavam em direção à cidade. Geni olhava tudo com indiferença, só preocupada em fumar seu charuto. Uma velhinha, de nome Valdeia, que estava por ali só na fofoca, olhou para o céu e...

“Entre as nuvens, flutuante, surgiu, brilhante, um enorme zepelim. Pairou sobre os edifícios, abriu dois mil orifícios, com dois mil canhões assim”.

Canhões de laser e câmeras. Estas dispostas na extremidade de fios que partiam do zepelim e percorriam toda a cidade, causando mais alvoroço e pânico entre a população (Era nítido que a força militar pública e privada da cidade não era páreo pra este zepelim ‘de outra dimensão’). Os shinigamis-pierrots, com suas foices, também avançavam e transformavam as pessoas em geléia (pensem, aqui, ‘no’ geléia do filme Caça Fantasmas). Mas eis que uma destas câmeras capturou a imagem de Geni que continuava indiferente ao alvoroço, apenas, na transa com seu charuto. Ao ver a imagem de tão bela dama, o Comandante do Zepelim, o garboso e imponente Herr Vega, ficou anestesiado. Era o que procurava há tempos e decidiu descer de seu aeromóvel. Dirigiu-se ao povo de Palo Alto:

- Sim, minha intenção era explodir este lugar. Afinal, foi determinado. Mas, ao ver tão bela dama, mudei de ideia. Claro, se esta dama me servir ardorosamente. Uma noite inesquecível.

A cidade não acreditou no que tinha acabado de ouvir. Geni seria sua redenção? Logo Geni? Eis que entra o coro, mais uma vez, em sua perplexidade:

“Mas não pode ser Geni! Ela é feita para apanhar. Ela é boa de cuspir. Ela dá pra qualquer um. Maldita Geni!”.

Quarto Movimento:

Comandante Herr Vega ignorou os apelos da cidade. Estava definitivamente encantado por Geni. Até acendeu um cigarro para ‘fumar o encanto’. Estava decidido conquistá-la e, nestas horas, a extravagância sempre se faz presente...

- Ofereço-te uma festa, Palo Alto! Bebida e comida de graça. Meus shinigamis não irão mais transformá-los em geléia, pelo menos, por enquanto.

Geni continuava desinteressada, agora mais preocupada com a leitura da revista “Macunaíma”, que trazia como reportagem de capa a incrível história de uma cidade, lá pelas bandas das terras de Magalhães, que havia sido infestada por zumbis, após os participantes de um Festival de Música ingerirem um energético contaminado.

O todo poderoso comandante pegou um microfone, disse que sua terra (terras de Trinta), ao contrário de Palo Alto, é adepta das mais diversas formas de celebração, entre elas, o Carnaval; e por que não celebrar seu tesão por Geni? Fez alguns exercícios vocais para aquecer a garganta e começou (com o apoio de uma banda, formada por seus shinigamis-pierrots):

“As águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar, eu passo a mão na saca, saca, saca-rolha e bebo até me afogar. Deixa as águas rolar”. E emendou...

“Quem sabe, sabe, conhece bem, como é gostoso, gostar de alguém”.

Trouxe várias marchinhas famosas, típicas de sua terra natal – Ô Abre-Alas, Teu cabelo não nega, Linda Morena, Pierrot Apaixonado, Jardineira, entre outras. Ou seja, todo aquele cenário, antes de medo e angústia, transformou-se num grande baile de Carnaval. As pessoas, inicialmente, não esboçavam reação, ‘o que está acontecendo?’, mas não demorou muito para caírem na folia. Herr Vega aproximou-se da bela moça e...

- Como pode ver, sou seu prisioneiro.
- Não é por nada, mas o senhor é bem alto e está fazendo sombra e eu quero este Sol, mesmo que seus raios estejam ‘tão fracos’.

Sim, Geni encontrava-se irredutível. Não sabia bem a razão, mas Herr Vega, com todo seu poder, provocava-lhe asco, não tinha a mínima intenção de se deitar com ele.

“Acontece que a donzela (E isso era segredo dela) também tinha seus caprichos. E ao imaginar deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre, preferia amar com os bichos”.

Quinto Movimento:

A população de Palo Alto quedou-se petrificada. Aquela sensação de alívio, provocada pelo baile de Carnaval, dissipou-se. A morte estava de volta, com sua foice afiada. Os corvos se agitavam, assim como os shinigamis. Os canhões do enorme Zepelim miravam novamente pra cidade. Algo precisava ser feito. Carolas e poderosos de Palo Alto mudaram de lado, claro, ao sabor das circunstâncias. De maldita à bendita! #Revirão!

Implorem, implorem por Geni!

“A cidade, em romaria, foi beijar a sua mão. O prefeito de joelhos, o bispo de olhos vermelhos, o banqueiro com um milhão”

Santa Geni! Santa Geni! Vá nos redimir!

“Vai com ele, vai, Geni! Você pode nos salvar. Você vai nos redimir. Você dá pra qualquer um. Bendita Geni!”

Sexto Movimento:

Foram tantos pedidos, tantos. Sinceros? Sentidos? As carolas não perderam tempo. Pegavam seus netos, crianças de dois, três anos, no colo, e faziam questão de mostrá-los a Geni. Dizem que crianças sensibilizam, né? O que vocês acham?

Geni! Geni!

A formosa dama olhava com incredulidade para aquelas pessoas. Percebeu que a proximidade da morte provoca um certo efeito suspensivo, o que possibilitou esta mudança de lado por parte delas. Vale Tudo pra não morrer. Resistência. De maldita à bendita. #Revirão.

Geni se decidiu. Aceitou deitar-se com o forasteiro. Pela cidade? Por ela? O exercício de dominação do próprio asco não deixa de ser um reviramento.

No momento derradeiro, descobriu que Herr Vega tinha suas fantasias. Ele sugeriu: “Quero-te pra mim. Quero várias de você pra mim”. Assim, Geni teve que se caracterizar, fantasiar de... Gueixa, waifus, bombeira, dominatrix, colombina. A trilha sonora para o momento: Tango! Então...

“Ele fez tanta sujeira, lambuzou-se a noite inteira até ficar saciado”.

O vinho foi o combustível para este insólito encontro. O vinho e uma bebida misteriosa que Geni fora obrigada a tomar a noite inteira.

Antes de partir em seu intrépido Zepelim, já pela manhã, Herr Vega disparou:

“Você ama esta cidade, esta gente, Geni! E, o contrário, também é verdadeiro. Esta cidade te ama!”. – A moça não esboçou reação. Estava com um cigarro na boca, claro, pra ‘fumar’ a noite anterior.

“Geni, me pergunto... Será que você conseguirá se libertar deste ciclo? A cidade... Sei que não, mas e você?”. Eis as últimas palavras de Vega antes de sumir no céu do nada.

Sétimo Movimento:

Já raiava o dia, deitada num banco da praça, com seu cigarro, Geni vislumbrava a partida do zepelim. Os corvos e os shinigamis acompanhavam-no.

A população, aliviada, porque não foi desta vez que sucumbira de ante da Senhora da Foice, reuniu-se em volta de Geni para... Repetir o ‘programa’ padrão.

“Joga pedra na Geni, ela é boa de apanhar, ela é boa de cuspir. Ela dá pra qualquer um, MALDITA Geni!”.

Sim, após o ritual, as palavras de Vega faziam todo sentido. Estava presa a essa gente como um pássaro numa gaiola. Não havia liberdade ali. Como dizia Augusto dos Anjos...
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Geni sentia-se estranha, algo a incomodava. Resolveu, enfim, tirar um breve cochilo naquele banco, no velho banco. Mas não foi tão breve. Dormiu pra valer, tanto que o pôr do Sol se anunciava. Algumas nuvens cobriam o céu e gotas de chuva faziam-se presentes, despertando Geni. Não estava bem, um mal estar considerável. Algumas pessoas se reuniam em volta dela. Não teve jeito: vomitou... E lá estava parte daquele líquido esquisito que fora obrigada a tomar por Vega. Gritou descontroladamente, assustando as pessoas próximas. Nuvens carregadas, os famosos “cumulus nimbus”, traziam consigo relâmpagos e um destes atingiu Geni que...

Transformou-se em um Titã, uma criatura de mais de dezoito metros de altura. Nem ela estava entendendo direito o que se passava, será que isso estava relacionado a tal bebida misteriosa de Herr Vega? A cidade quedou-se novamente desesperada, gritos e correria.

Geni virou-se para a baía de Barros e avistou outros titãs, ainda maiores do que ela, avançando em direção à cidade. O que queriam? De posse do novo corpo, sentiu-se, pela primeira vez, uma sensação de liberdade. Uma criatura fantástica para além do bem e do mal, das oposições de uma cidade que até então era local de morada e de aprisionamento.

Mais uma vez, Palo Alto, ameaçada. Seria o seu fim?

150 anos depois...

Continua?

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni!
Joga pedra na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: "Mudei de ideia!"
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir
Essa dama era Geni!
Mas não pode ser Geni!
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni!

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai, Geni!
Vai com ele, vai, Geni!
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni!

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado

Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!
Joga pedra na Geni!
Joga bosta na Geni!
Ela é feita pra apanhar!
Ela é boa de cuspir!
Ela dá pra qualquer um!
Maldita Geni!

Chico Buarque

Observações:

1. Banda de Moebius – Base conceitual do enredo. Trata-se de uma superfície não orientável, sem começo, nem fim, descoberta pelo matemático alemão August Ferdinand Moebius, 1858. Algumas de suas propriedades: ela tem apenas um lado, uma face e uma margem. Foi tomada pelos psicanalistas Lacan e MDMagno como metáfora de funcionamento do psiquismo humano. Daí, surgiu o termo ‘Revirão’.
 https://www.youtube.com/watch?v=an159IwfAS8 (obs: versão original do vídeo foi deletada)

2. A atriz Letícia Sabatella irá encarnar Geni neste enredo, pois já foi intérprete desta canção de Chico Buarque.

  

3. O tratamento estético deste enredo é baseado no estilo steampunk. Trata-se de um gênero de ficção científica/especulativa que mistura estruturas antigas a modernas, baseado na Inglaterra vitoriana, século XIX, palco das revoluções industriais. Logo, pode-se encontrar máquinas avançadas, movidas a tecnologia daquela época como a mecânica a vapor. O fato de se basear na Inglaterra vitoriana não significa que a história se passe lá. Em ‘Justificativa’, confira os motivos da adoção do steampunk para o desenvolvimento deste enredo. A seguir, uma animação, baseada neste estilo:


4. ‘Easter eggs’ – Tradução literal: ovos de Páscoa. No mundo dos games, é quando um jogo faz referências a outros jogos, séries, filmes em seu roteiro. Uma espécie de transa entre produções. Neste enredo, ‘easter eggs’, que não são de domínio do público, serão explicadas no final deste documento (Informações Adicionais), exceto as que tiverem relação com o Carnaval Carioca; estas referências não serão explicadas.






Justificativa

A motivação de fazer um enredo, baseado nesta música do compositor Chico Buarque é simples: trata-se de uma canção atemporal e sem fronteira. É uma história que poderia perfeitamente ser passada em qualquer canto deste planeta, em qualquer época. Esse seu caráter universal foi um estímulo e tanto. Queremos ressaltar que a obra é apenas uma inspiração e que não necessariamente iremos seguir religiosamente o roteiro dos acontecimentos, proposto por Chico, muito menos as questões ideológicas que o levaram a compor esta canção. Logo não esperem nenhuma relação com o musical a ‘Ópera do Malandro’, no qual a música está inserida.

A poesia de Augusto dos Anjos, ‘Versos íntimos’, que é a própria representação da ‘banda de moebius’ no campo da escrita, serve como epígrafe desta proposta, justamente por também conter este caráter universal. Fala-se do humano, demasiado humano independentemente de pátria e credos. Não deixa, ainda, de resumir a proposta do enredo quando evocamos a questão – existe algo pra além da lógica binária (0/1, yin/yang)? Não estamos todos do mesmo lado? Há o Outro lado? Oposição como ato político?


Detalhes de como este enredo foi pensado. De algum jeito, tínhamos que trazer características da cidade, onde se passa a trama de Geni. Escolhemos a estética ‘steampunk’, pois a própria música do Chico nos indicou o caminho a seguir quando ele cita o Zepelim. Este aeróstato rígido é uma das máquinas preferidas dos autores que trabalham com ‘steampunk’ e, a partir de nossas pesquisas, ao constatar isso, resolvemos mesclar esta estética com o Carnaval. Tivemos a sorte de perceber que tal estilo opera nas oposições ao sustentar o tradicional e o moderno ao mesmo tempo, o que se coaduna com a história de Geni, a maldita e bendita – brincando com oposições. Mas a proposta, isso ficará ainda mais claro com o ‘Desenvolvimento’, é liberá-la desta dualidade, para além do bem e do mal... Para além das oposições as quais estava submetida.

O nome do Comandante. Herr é nada mais do que ‘senhor’ em alemão. Herr Vega = Senhor Vega. Como a máquina Zepelim é uma criação de um alemão, Ferdinand Von Zeppelin, resolvemos fazer esta homenagem.

O ‘fantástico’ presente no enredo. Além desta mistura entre o moderno e o tradicional, o estilo steampunk também comporta o fantástico, sobrenatural (lobisomens são muito usados, mas preferimos sair do óbvio). E isso está presente em todo enredo, sobretudo em seu final quando Geni se transforma em Titã. Nossa referência foi o anime japonês Shingeki no Kyojin (Attack on Titan) não só pela presença dos Titãs, mas (spoiler alert) também, porque alguns personagens têm a habilidade de revirar, isto é, podem, ora, serem humanos, ora, serem Titãs. A livre escolha de ser uma coisa ou outra. Neste enredo, o fantástico serve como metáfora de libertação de Geni de seu círculo vicioso.












Desenvolvimento (setores, carros, alas)

Abertura:

Comissão de Frente: “Joga pedra na Geni”

A comissão representa um dos mais famosos estribilhos da canção popular brasileira. Quem nunca ouviu o “joga pedra na Geni, ela é boa de apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni”? Será composta por 15 integrantes e contará com um pequeno tripé, em formato de cruz, formado por telões de led. No início da encenação, Geni, que, neste enredo, é representado por uma mulher, irá dançar e seduzir (o telão de led estará sincronizado com as ações da comissão e, neste momento, exibem igualmente imagens que evocam sensualidade) os tipos do ‘baixo Palo Alto’ – moleques do internato, cegos, retirantes, a turma do mangue, do porto, detentos, lazarentos –, o que deixa os ‘poderosos’ deveras irritados: as carolas, o prefeito, o bispo, o banqueiro. Estes não se conformam com tanta ‘disponibilidade’. Pegam-na a força e levam para o tripé. Amarram-na na cruz de led. Viram-se para a plateia, para os jurados, fazem gracejos, mostram a eles as pedras (cenográficas, claro) para, em seguida, arremessá-las em Geni. Neste instante, o telão de led mostra a figura dos arremessadores, ou seja, é como se ao arremessar a pedra em Geni, eles estivessem jogando-a, de fato, em si mesmos. É com se quisessem matar a Geni que há neles. Após o ritual, Geni sai cambaleante do tripé, mas traz consigo flores e as oferece para seus ‘algozes’. Afinal, cada um dá o que tem de melhor!

Setor 1: “Palo Alto: um breve panorama”










Faz referência ao primeiro movimento do argumento, ou seja, traz características de Palo Alto, a cidade onde se desenvolve a trama de Geni. Este setor é todo trabalhado na estética steampunk.

Ala 1: “Vapor”
Toda a cidade é movida pela mecânica a vapor. A fantasia representa um motor, que é movido por esta tecnologia. Gelo seco será aplicado nesta ala para simular o efeito do vapor.

Ala 2: “Mecânico e orgânico”
Muitos habitantes de Palo Alto, no que se refere à constituição de seus corpos, possuem braços e olhos mecânicos, sem perder a estrutura de carbono, dada espontaneamente pela Natureza. Visão retro-futurista.


Ala 3: “Elegância industrial – skyhook”
Skyhook é uma ferramenta de transporte. Eis a mais nova criação da Corporação Cápsula, a mais importante empresa de tecnologia da cidade. Trata-se de uma espécie de gancho, extensão da mão, que se liga às linhas aéreas (Sky lines) da cidade, facilitando a locomoção dos habitantes. Os meios de comunicação ressaltaram a ‘elegância industrial’ desta invenção e esperavam que ela minimizasse o pesado trânsito da cidade. O efeito desta ferramenta será apresentado no Abre-Alas.


Ala 4: BAIANAS - “Uma nova fauna para Palo Alto”
A Corporação Cápsula está à frente de um projeto polêmico que é a mecanização da fauna da cidade: animais, insetos, aracnídeos... Alguns exemplares passarão por este processo. Como na fantasia da ala das Baianas há uma grande superfície de decoração, sobretudo a ‘saia’, iremos utilizar tal superfície para retratar esteticamente esta nova fauna. Para isso, iremos nos basear no trabalho do artista russo Igor Verniy, que é uma das referências no estilo steampunk. Cada animal, inseto, aracnídeo (todos em miniatura) irá decorar a saia da baiana, um processo bem artesanal. Na alegoria de cabeça, o animal escolhido para decoração será uma pomba.


https://www.youtube.com/watch?v=v0k45nofK5E (vídeo não mais encontrado)

Ala 5: “Diversão do tipo steampunk”
A cidade pode ter um aspecto soturno, mas, claro, que rola diversão, como não? A banda mais famosa da cidade é a ‘Bioshok – 1886’. Costuma se apresentar no bar ‘Verne 20.000’. Na ala, os componentes apresentarão instrumentos, estilizados na estética base deste enredo.





Abre-Alas: A retr0-futur1sta Palo Alto
Esta alegoria traz significantes que caracterizam a cidade de Palo Alto. E, naturalmente, a estética é baseada no estilo steampunk. Será acoplada. No primeiro chassi, no centro e de forma destacada, há uma enorme escultura da banda de moebius (base conceitual do enredo) e tal escultura é trabalhada a partir da obra do artista holandês Maurits Cornelis Escher:



As formigas, estilizadas via steampunk, irão caminhar sobre a superfície. Telões de led compõem o cenário, mostrando outros trabalhos deste artista com a banda de moebius. Exemplo:
Ainda nos telões, serão exibidas imagens da lógica binária (0 e 1/ yin e yang) e os dizeres maldita/ bendita em referência à protagonista desta história. Apertos de mãos entre duas pessoas (só o braço e a mão serão representados), com dinheiro entre elas, simbolizam a corrupção, algo corriqueiro na cidade.

Já no segundo chassi, a cidade com suas máquinas retro-futuristas e muito gelo seco, representando a mecânica a vapor, responsável por mover a cidade. Impera um clima soturno. Pra compor o cenário, humanos e bichos, trabalhados na estética steampunk. Linhas aéreas (Sky lines), também, poderão ser vistas, pelas quais componentes irão utilizar o skyhook, a mais nova ferramenta de locomoção da cidade. Para caracterizar esta cidade, nossa maior influência foi a animação “A misteriosa Exploração Geográfica de Jasper Morello”.

Setor 2: “De tudo que é nego torto, ela já foi namorada”

Após contextualizar o local de morada de Geni, hora de falar um pouco sobre ela. A formosa dama que irrita parte da população de Palo Alto, por ter uma sexualidade indiferenciada. Com Geni, não tem tempo quente, topa tudo (ou quase tudo, afinal ela também tinha seus caprichos). E por que tal sexualidade incomodava tantos os outros? Neste setor, alguns tipos com quem Geni se deitava.

Ala 6: “Moleques do Internato”
Quando a direção do ‘Internato Maki Gero’, um dos principais da cidade, dava mole, os moleques mais espertinhos fugiam do local e iam se encontrar com Geni em um dos becos do ‘baixo Palo Alto’. E pra sorte da rapaziada, ela não cobrava nada.

Ala 7: “Os retirantes”
Cidade mais rica de seu país, Palo Alto recebia retirantes de tudo quanto é canto. A população local não gostava deste fluxo de gente e, claro, os retirantes sofriam preconceito. Mas tinham um consolo: Geni! E esta tinha tesão por eles.

Ala 8: “Rainha dos detentos”
De vez em quando, rolava rebeliões nos presídios da cidade, algo corriqueiro em diversos lugares, não seria diferente aqui. Nestes momentos, Geni, que já era frequentadora de presídios (visitas íntimas e shows), era chamada. Ajudava na negociação, afinal era considerada por eles como uma espécie de Rainha.

Ala 9: “Velhinhos sem saúde, mas com tesão!”
Em teatros pornôs, espalhados pela cidade, eram frequentados majoritariamente por idosos, inclusive, aqueles que não gozavam de ‘boa saúde’. Geni costumava fazer show no local, pra em seguida, servi-los. Nesta ala, os componentes serão caracterizados (‘envelhecidos’). Em uma das mãos, uma bengala e, na outra, uma representação da flor ‘anahí’ para expressar a tensão sexual.

Ala 10: “No cais do porto, tem xafurdaria”
O porto de Palo Alto é o mais importante das redondezas. Recebia, entre outras coisas, minérios e estruturas metálicas que iriam servir pra construir as máquinas fantásticas da cidade, além de componentes para o corpo de pessoas. Os estivadores (representados nesta ala), depois de muito trabalho, relaxavam com cerveja e, claro, Geni que tinha atração por aquele ambiente. Xafurdaria = bagunça. No caso aqui, sexual. 

Alegoria 2: “A formosa dama do ‘baixo’ Palo Alto. A dama de todos”
Esta alegoria é a síntese do segundo movimento. No meio do carro, a oito metros de altura, há uma escultura de Geni nos moldes do ‘homem de Leonardo Da Vinci’. Dela, partem fios que se ligam a cenários, representativos dos personagens citados nas alas deste setor: internato, reduto dos retirantes, presídios, teatros pornôs, zona portuária. Esculturas da flor Anahí estarão espalhadas pelo carro pra dar o tom de luxúria. Na frente e laterais da alegoria, parte inferior, será possível ver rostos acusatórios que representam o estribilho “joga pedra na Geni, ela é boa de apanhar, ela é boa de cuspir...”. A indignação do povo de Palo Alto para com o ‘topa-tudo’ de Geni.

Setor 3: “Das terras de Trinta, surge um Zepelim e um tesão”.

Eis o terceiro movimento. A aparição de um enorme Zepelim high-tech, comandado por Herr Vega. Um encontro que mudaria definitivamente a vida daquela gente. A cidade se quedou em pânico e, vejam só, apenas Geni era capaz de evitar o apocalipse, pois foi a única a cativar o tão temido forasteiro.

Ala 11: “Corvos em festa”
A fantasia representa as aves do mau agouro que foram tomando conta da principal praça de Palo Alto. Detalhe: na cabeça dos pássaros (dos componentes), um ‘chapéu’ destes que as pessoas usam em festas de aniversário.

Ala 12: “Deuses da Morte carnavalizados”
Logo após os corvos, apareceram os ‘shinigamis-pierrots’, que avançavam em direção à cidade. Com suas foices, transformavam os habitantes em geléias.



Casal de mestre-sala e porta bandeira: “Ameaça e Esperança”
As fantasias do 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação representam a expectativa da cidade em relação a estes dois personagens. Logo, Geni representa a esperança, a salvação e Vega, o oposto, o perigo a destruição.

Ala 13: BATERIA - Herr Vega
Representa o ilustre forasteiro que mudou a rotina da cidade. A fantasia é inspirada no personagem homônimo do jogo Street Fighter, pois o toureiro é aquele que dribla a Morte, quer ser seu Senhor. Mas como Vega vem das ‘terras de Trinta’, haverá muito paetê na composição deste figurino. Uma fantasia leve para não atrapalhar os ritmistas em seu ofício.

Ala 14: PASSISTAS: “Espectros”
Soldados de Vega, responsáveis pelo acionamento dos canhões de laser do Zepelim.

Alegoria 3: “Apocalipse?”
A terceira alegoria representa a maior ameaça para Palo Alto: o enorme Zepelim que pairou sobre os edifícios. Com seus ‘dois mil’ orifícios. A alegoria é vazada. Tanto do lado direito, quanto esquerdo do Zepelim, há canhões, intercalados com telões de led que mostram o pânico que se abateu sobre a cidade, a correria, o desespero. E, claro, o rosto de Geni, que como já mencionado será interpretada pela atriz Letícia Sabatella. Os fios com as câmeras na ponta (lembrem-se do Argumento) também serão representados. A inspiração pra tais fios veio dos ‘Tripods’ do filme ‘Guerra dos Mundos’ (2005), de Spielberg. No centro da alegoria, pistões hidráulicos elevam os corvos e os shinigamis-pierrots.

Setor 4: “Um baile de Carnaval”
Para comemorar sua paixão retumbante por Geni, o comandante do Zepelim oferece um baile de Carnaval pra cidade de Palo Alto que, até então, desconhecia este tipo de festejo. Neste setor, representaremos algumas canções das ‘terras de Trinta’.

Ala 15: “Saca Rolha”
As águas vão rolar e as bebidas não vão faltar. Saca, saca rolha! E a galera de Palo Alto não vai deixar uma única gota nas garrafas. Vega também sabe ser generoso. Sério? “Aham, senta lá, Claudia!”
Ala 16: “Me dá um dinheiro aí, poderoso Comandante!”
Tanto a galera do ‘baixo’ Palo Alto como as figuras mais poderosas da cidade tiveram a mesma ideia. Já que Vega estava gastando horrores com este baile de Carnaval, por que não pedir uma grana pra ele, não é mesmo? No momento que esta marchinha tocou, boa parte das pessoas estendeu uma espécie de chapéu para o comandante. Toda grana sempre é bem vida, não é mesmo? Claro que todos ficaram ‘de mãos vazias’. 

Tripé: Uma banda de Carnaval um ‘pouquinho’ diferente
Os shinigamis-pierrot (os deuses da morte) se apossam dos instrumentos típicos de uma Banda de Carnaval e animam a cidade, tocando marchinhas muito conhecidas lá pelas terras de Trinta.

Ala 17: “Que tal uma chupetinha?”
Na hora da marchinha ‘Mamãe, eu quero mamar’, as chupetas se transformaram em bananas, depois pirulitos, depois... Sim, a cidade se entregou aos prazeres da carne.

Ala 18: “Quem sabe, sabe”
Quando uma pessoa está apaixonada, sai de baixo. A endorfina toma conta do corpo e loucuras são cometidas. “Morena, deixa eu gostar de você”. Sim, era assim que se encontrava Vega. Uma fantasia toda vermelha, um vermelho bem forte, repleto de corações. Há leds nesta fantasias para intensificar o tesão de Vega por Geni.
Ala 19: “Tai, eu fiz tudo pra você gostar de mim”
Apesar do grande baile, Geni estava irredutível, indiferente aos apelos de Vega. A fantasia homenageia Carmem Miranda, uma das mais representativas cantoras desta música, mas as cores são mais fechadas (o lilás/roxo predomina), não são alegres, justamente para demonstrar a resistência de Geni. As coisas não estavam fáceis para Vega.
Alegoria 4: “Uma dama, uma festa, um prisioneiro”
Representa um baile de Carnaval que Vega ofereceu à cidade como forma de impressionar Geni. Tão poderoso, de posse de um zepelim high-tech, mas prisioneiro ‘sentimental’ da formosa dama. Nesta alegoria, a decoração típica de um baile de Carnaval se confunde com a estética da cidade (steampunk). Além dos personagens tradicionais deste enredo, o espectador verá também a presença de zumbis, carnavalizados, referência à revista ‘Macunaíma’, lida por Geni durante a tentativa de sedução de Vega (easter egg, ver Argumento).






Setor 5: “De maldita à bendita! Geni – a redentora”

Este setor mostra a mudança de postura dos habitantes de Palo Alto em relação à Geni. Uma postura cínica, mas quando a morte espreita, o que não somos capazes de fazer? Na cabeça deles, se Geni ‘dá’ para todo mundo, o que custa transar com o comandante do Zepelim. “Vai nos redimir, vai Geni!”

Ala 20: “Em nome do pai, do filho, do espírito santo... Geni!”
As carolas, sob o comando de Valdeia, se reuniram e foram as primeiras a pedir clemência a Geni. Com crucifixos na mão, e crianças no colo, uma profunda chantagem emocional; imploravam por suas vidas e, para isso, tentavam convencer Geni a aceitar seu destino. “Domine seu asco, bendita Geni”. Nesta ala, só mulheres participam e sua indumentária é inspirada nas ‘irmãs cajazeiras’, de Dias Gomes. Claro, há peças mecânicas, compondo a vestimenta em função da atmosfera do enredo – steampunk.

Ala 21: “De joelhos, como de castigo, o prefeito pede paz”
“Bandeira branca, amor, eu peço paz”. Assim, dirigia-se o prefeito diante de Geni. Não podia sucumbir naquele momento, afinal tinha tanto propina pra receber, tantos contratos para superfaturar... Não se fez de rogado, despiu-se de vaidades e implorou. Como implorou. A fantasia mistura traje tradicional de um prefeito (que terá um tratamento steampunk) com plumas brancas, simbolizando a tal ‘trégua’. No que se refere ao adereço de cabeça, duas mãos, unidas, típicas de quem está implorando e mais plumas brancas.


Ala 22: “O bispo e seu exército da salvação”
Nesta ala, há um tripé em seu centro, onde estará o Bispo, comandando seus fieis em romaria até Geni. E estes fieis fazem parte do Exército de Salvação, uma galera que é contra o avanço tecnológico da cidade de Palo Alto. Não querem nenhuma peça mecânica em amálgama com o corpo de carbono.

Ala 23: “Money, Money, Money – Pago o que for!”
Os banqueiros das principais instituições financeiras da cidade ofereciam dinheiro e mais dinheiro à Geni. Ela podia pedir o valor que quisesse.

Alegoria 5: “Você pode nos salvar, você vai nos redimir”
Corvos, shinigamis, canhões... Quando a morte se aproxima, quando o fim derradeiro é inescapável, por que sustentar uma posição? Quem disse que Geni é maldita? Não, não, foi engano, dizem os moradores. Ela é a salvação de Palo Alto. Revira esta ladainha, ora – de maldita à Bendita. E, assim, a cidade, em romaria, foi beijar a sua mão. Nesta alegoria, há um grande altar e uma escadaria que leva até ele. Nesta escadaria, estão todos os personagens, citados nas alas anteriores, clamando para que Geni deite-se com Herr Vega, e, no altar, um grande trono, onde Geni é representada tal como uma santa. Nas laterais do carro, há a presença de corvos e shinigamis para demonstrar que a destruição de Palo Alto ainda é bem possível.






Setor 6: “Geni domina seu asco”



O ser humano e suas fantasias eróticas. A sexualidade de Vega funcionava desta forma – tesão por mulheres que se caracterizavam, que se transformavam em outras. O rosto de Geni o cativara sobremaneira, mas não era o suficiente para ‘se chegar lá’, se é que me entendem. Este setor, referente ao sexto movimento, mostra os tipos que excitavam o intrépido comandante. Antes da transa, Geni teria que se caracterizar nestes tipos.

Ala 24: “Gueixa”
O ar delicado, a maquiagem, o tipo de indumentária, os trejeitos precisos e a graciosidade de uma gueixa deixavam Vega deveras excitado, até comovido. ‘Vai, Geni, me dê este prazer!’.

Ala 25: “Waifus”
Do mundo real ao virtual... Waifus são aquelas personagens femininas dos games (até mesmo animes) que exercem tal fascínio nos jogadores que, alguns, inclusive, até desejam (sim, isso existe) transar e se casar com elas. A paixão entre um homem e uma ficção. Pra representar esta fantasia, escolhemos a personagem Jill Valentine do jogo Resident Evil.




Ala 26: “Bombeira”
Será que, vestida de bombeira, Geni iria apagar o fogo de Vega? Quem sabe?

Ala 27: “Dominatrix”
Tão senhor de si, mas na hora H, o comandante curte também ser dominado. A fantasia desta ala é uma mistura do figurino de Madonna para o espetáculo ‘Girlie Show’ (1993) e da personagem Vânia, a senhora das Peles (Venus de Kazabaika) de Sacher Masoch. No livro, Vânia dominava um rapaz sexualmente que tinha tesão em ser submisso e escravizado.

Ala 28: “Colombina”
Como já mencionado, Herr Vega é um ilustre representante das ‘terras de Trinta’, onde o Carnaval é celebrado. Logo, não poderia faltar a figura da Colombina, uma personagem, oriunda da ‘comédia dell’arte’.

Alegoria 6: E o comandante se ‘lambuzou’ a noite inteira...
Representa a noite de sexo entre Vega e Geni. Optamos por mostrá-la de forma metafórica. A alegoria tem formato circular e é constituída de seis totens (cinco citadas nas alas anteriores + Geni sem roupa alguma. Claro que a componente que a representar estará usando um tapa sexo) que representam as fantasias eróticas. Em cima destes totens, há mulheres, vestidas com seus respectivos trajes. No centro da alegoria, uma pista que favorece dançar tango. Vega pega cada uma de seu totem e dança com ela, clima de sensualidade. A última é a Geni. Após a dança, ambos se posicionam num ponto da alegoria e são, por um elevador hidráulico, elevados até uma altura de oito metros. Do alto, beijam-se ardorosamente. Em seguida, o comandante se despede de Geni e do público e some da alegoria, simbolizando sua partida. Garrafas de vinho e da tal substância misteriosa que Geni fora obrigada a tomar compõem o cenário. Pra iluminar este carro, preponderância do neon para conferir um efeito mais intimista. Obs: a roupa de gueixa será adaptada pra facilitar a componente a dançar o tango com o comandante.


Setor 7: “A quebra do ritual”

Referente ao último movimento do Argumento. Após a partida do comandante, a cidade voltou a repetir o ritual em relação à Geni, mas desta vez o desfecho seria diferente. Geni – de maldita à bendita, de humana à Titã.  E Palo Alto, mais uma vez, em apuros.

Ala 29: “E a velha rotina continua”
Bem que tentou descansar após a intensa noite erótica que teve com o comandante, mas a cidade, vejam bem, não podia deixá-la em paz. E, assim, via-se a permanência do ritual: “Você é feita pra apanhar, você é boa de cuspir (...) maldita Geni”. Pedras compõem a fantasia pra simbolizar o estribilho.

Ala 30: “Amódio – Geni acorrentada”
Correntes e mais correntes dão o tom desta fantasia. Geni entendera a fala de Vega e percebeu que estava presa à cidade, assim como esta estava presa a ela. Uma relação de amor e ódio, que chamamos de amódio. Sim, sentia-se como um pássaro preso na gaiola, mas a passagem de Vega mudaria esta história. Pra quebrar a rotina, só mesmo um fenômeno imprevisível.

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: “O velho e o novo”
As fantasias do casal retratam as duas posições as quais Geni fora submetida. Primeira (fantasia do mestre-sala), é ela, acorrentada à cidade, presa em um círculo vicioso e, a segunda (fantasia da porta-bandeira), é ela livre, tal com um pássaro que escapou de uma gaiola.

Ala 31: “Cumulus Nimbus”
As poderosas cbs (cumulus nimbus) tomaram conta do céu de Palo Alto. Raios e trovões aos montes. Um deles caiu sobre Geni, mas não a matou. Mas, sim, transformou-a. Em um ser fantástico. Nesta fantasia, a iluminação por led será usada para ratificar os efeitos dos raios.

Ala 32: “O fantástico como liberdade. Surge um Titã”
Quando o raio caiu sobre si, uma rápida imagem passou por sua cabeça – um pássaro, libertando-se de sua prisão. Mas isso foi, apenas, pensamento. Concretamente, após a descarga elétrica, Geni transformou-se em um Titã. Podemos chamar de “titã fêmea”. Nesta ala, haverá trinta componentes, usando ‘pernas de pau’ (típicas de circo) pra simbolizar os titãs.

Alegoria 7: Liberdade... E uma nova ameaça?
A última alegoria da escola é acoplada e terá uma grande encenação. No primeiro chassi, correntes ligam Geni à população de Palo Alto, simbolizando o aprisionamento mútuo. Um detalhe: os componentes, que representam os moradores, terão curativos pelo corpo. As pedras que jogavam em Geni eram, na verdade, pra tentar ‘sufocar’ a Geni que havia dentro deles. Entendam que isso é metafórico. Porém, a formosa dama consegue se libertar, quebrar o vínculo. Pássaros e gaiolas quebradas também podem ser vistas nesta primeira parte da alegoria. Já no segundo chassi, há uma outra componente, representando Geni. Ela está com uma roupa especial. Na encenação, é o momento que um raio cai sobre ela. Para reproduzir este efeito, a escola recorre a ‘bobina de tesla’, um tipo de transformador com duas bases capazes de gerar metros de faíscas elétricas de alta tensão. Vejam como é:



Em seguida, uma terceira componente (igualmente representando Geni) entra na escultura de Titã, localizada na parte traseira da alegoria, movida por profissionais de Parintins. Telões de led, enormes, ladeiam esta escultura e representam a visão de Geni da baía de Barros, ou seja, mostra a chegada de outros Titãs.




Ala 33: Velha Guarda: “Há 150 anos...”
Representam os herdeiros daquela geração que viu o ‘fantástico’ se abater sobre a vida de Geni e sobre Palo Alto. Histórias assim não podiam ser esquecidas e tais herdeiros eram os únicos que podiam contar as novas gerações o que se passou há 150 anos... Não havia outra maneira de saber a não ser pela tradição oral. A luta pela sobrevivência continuava...

Ala 34: Compositores: roupa tradicional

Referências e Informações Adicionais

Livros/Contos/Canções/Animes:

- Ameno – Era
- A Vênus de Kazabaika – Sacher Masoch
- Arte da Fuga: Revirão 2000/2001 – MDMagno
- Death Note – Tsugumi Ohba
- Geni e o Zepelim – Chico Buarque
- O Duplo – Fiodor Dostoievski
- O Espelho – Machado de Assis
- O Espelho – Guimarães Rosa
- Shingeki no Kyojin – Hajime Isayama
- Versos Íntimos – Augusto dos Anjos

Internet:


Easter Egg – As alas 3 e 5 contém easter eggs. O nome da banda é uma referência aos jogos ‘Bioshok Infinite’, lançado em 2013 e ‘The Order – 1886, lançado em 2015. A ferramenta ‘sky hook’ está presente no jogo ‘Bioshok’. Foram citados, porque são exemplos da estética ‘steampunk’. O nome do bar é referência ao autor Julio Verne, outro ilustre representante deste estilo com suas obras, entre elas, ‘20.000 léguas submarinas’. 

Uso do led – Não faz parte do ‘steampunk’ (tanto que não há painel no segundo chassi do Abre-Alas e em qualquer setor que a cidade é caracterizada) e só é utilizado pra ajudar, em certos momentos, a contar o enredo, enfatizar uma certa situação.


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