Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

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terça-feira, 28 de abril de 2015

ENREDOS DO SÉTIMO CONCURSO DE ENREDOS

Reveja as emoções das noites de apresentação dos 36 enredos do SÉTIMO CONCURSO DE ENREDOS.


Basta clicar no título do enredo escolhido para visitar.

PRIMEIRA NOITE:


Enredo 0 - Abrindo as páginas da história. Egito, a saga de uma nação

Enredo 1 - Jóias

Enredo 4 - Vagalume

Enredo 5 - Averci




SEGUNDA NOITE 

H.C. 2 - A primeira-dama sapeca

Enredo 14 - É dia de feira!


TERCEIRA NOITE 

Enredo 20 - Alcione


Enredo 26 -“Vermelho”

Enredo 30 - A filha da esperança

Enredo 32 - Aruanda

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Enredo 32: Aruanda

Tema-Enredo
Aruanda



Autor do Enredo
Rafael de Lima

09. Enredo

Aruanda
“Se um dia o tambor falasse diria bem alto pra todo país...

A EVOCAÇÃO 
Aruanda, reduto da luz - Plano espiritual maior! De todos os Orixás e entidades que emanam vibrações e sintonias que energizam aqueles que buscam na regência de Ifá o infinito, o rumo, o destino! Agô, meu pai! Zambi há de abençoar, guiar e iluminar o caminho e toda jornada que se inicia na dor e vai ao encontro do espírito, de vida, de paz.
Crentes no amor de uma força inexplicável que acalenta, conforta e protege de todo pesar. Através da manifestação das forças da natureza, sente a presença do elo vivo no Omolocô. Em rituais sagrados, ritos de oferenda; Adarrum em batida como o pulsar de um coração, danças de louvor, a evocação das entidades pelo seu amor, fé e proteção. É o Amací que purifica e recarrega energias para enfrentar as provações do porvir. Lavando o corpo, lava-se a alma, transforma em energia.
 A TRANSCENDÊNCIA
Do berço da humanidade, a origem da verdade! De cada Nação Bantu do continente negro, negra é a origem dos rituais, dos sacrifícios, da Nação Angola. Do sangue derramado em ardor pela resistência de uma cultura, uma religião, o laço eterno entre irmãos, unidos por uma história.
Em terras quentes, em que a fauna espanta e é descomunal, monumental, habitavam povos que se orgulhavam pelos bravos guerreiros que defendiam sua raça. Os povos se unem sob a égide da sabedoria e da lucidez de sua condição, além do espírito aguerrido que os impele a lutar com bravura contra o domínio forçado, imposto na época da expansão ultramar dos lusitanos. Terra é força, é vida! De suas raízes profundas nascem os pequenos ramos de vida. Ignição para uma nova dimensão plácida e serena.
Lutas cruéis, movidas pela ganância da exploração, contra a opressão imposta pelos invasores. Impetuosos conquistadores destruíam os laços entre os povos que antes tinham como sua maior riqueza a liberdade. Impuseram religiões diversas da nativa, aculturação forçada e desconhecida. O afã do amor prevalecia sobre o ódio latente. Separados fisicamente, mas em sintonia com a terra que é seu lar de origem. Energia que pulsa no rufar do tambor, no lamento, na saudade que vai marcada no coração até a eternidade.
Do porto de Luanda partiram os tumbeiros com a dor dos segregados. Interminável e doloroso mar, sua imensidão acalentava toda desilusão. Abandono, tratamento desumano, incerteza do que o destino reservava àqueles que não tiveram chances de escolha, mas carregavam consigo a herança maior: a crença em seus protetores e na virtude que lhes irradiaram.
 ELO DE SANGUE E UNIÃO!
A incredulidade dos que viviam no ifá - infinito destino, paraíso de liberdade, e agora sofriam em porões sujos, materializa-se em penúria e sofrimento. Nas terras de São Salvador, haveria salvação? A realidade era castigo e medo. Cada erro sendo traduzido em chibatada, ferida que não cicatriza, e humilhação. Diante de tanto açoite, da solidão forçada por castigos e a saudade da terra distante. Qual seria o alento?
Clamor às forças naturais e a quem as controla. Com fé em Olorum, negro vira RaúraAbaôOfã,OgãYaô. A crença nos espíritos dos Senhores das Casas Grandes acaba por influenciar a fé de quem precisa de um conforto. Miscigenação de cultura, de ideias, de ritmos e sons, surge o tom de uma nova religião, no Congar de toda essa nova nação brasileira genuinamente africana. A cada toque, um chamamento, um alerta que, embora vivo, cansado por dentro. A luz do céu encontra sua materialização na força terrena, arraigada em emanação e incorporação dos elementos naturais.
O sofrimento externado e exprimido na filodoxia de uma crença acaba por levar ao conhecimento da sociedade esse sincretismo afro-brasileiro. A novidade dessa nova fé reúne os que dela se encantam e creem em seus preceitos, tomando-a como alicerce de vida, chama para guiar os caminhos. Verdadeira paixão popular, prelúdio para a luta de todos, irmanados contra o racismo, preconceito, a miséria latente imposta aos negros e a tristeza de sua real condição - liberdade!
Da união de todas as energias reunidas e tendo como catalisador a fé, eis a luz necessária para guiar os caminhos. Elevando o espírito, afirmando conhecimento, saudando as entidades maiores, aquelas plenas e puras, abrem-se as vias da jornada iluminada.
AFIRMAÇÃO

Novos rumos, novos tempos. Alforria dos oprimidos galgada com sangue, suor, lágrimas e muito trabalho. Uma luta incessante até a derradeira abolição. Aconteceu realmente? Dificuldades da inserção do negro na sociedade e no mercado de trabalho. A rejeição, discriminação ainda persiste, mas com a convivência mais próxima entre as raças, o povo brasileiro miscigena-se. O negro integra-se à sociedade urbana e às classes nascentes.
Da mesma forma, com o desenvolvimento do pensamento humanista, em que o ser humano é centralizado no campo das relações interpessoais, valorizado e posto como ápice de toda teorização social. O contato entre os rituais sincréticos dos negros com o espiritismo kardecistaacaba por alicerçar os fundamentos da Umbanda.
Em cultos, com explosão contida da fé e da oração, há a manifestação dos espíritos dos antepassados negros - os pretos velhos - repletos de sabedoria, transmitindo conselhos e orientações. Também, a invocação dos espíritos dos índios, os caboclos, guerreiros, bravos, leais. Além da presença dos espíritos dos anjos celestiais, personificados em figuras de crianças, osibejis. Todos com a mensagem de defesa das entidades oprimidas, sua valorização, conforto aos necessitados e aos sem esperança e luz na direção dos caminhos abertos a seguirem. Acima de tudo, a consagração da paz de espírito e no caminhar de cada um.
OdoyáYemanjá! Água para abençoar, para lavar todas as mentes e os males que nos cercam. Procissão de paz, espírito de guarda e acalanto. Flores, velas, esperança que vai, bênçãos que vêm. Ora , Oxum!  Irradia seu amor para purificar e guiar os que buscam alento em seu colo de proteção.
Dignidade, a missão. Nessa luta incessante pela afirmação de crença e valores, agarremo-nos com todas as guias, figas, patuás, elementos sagrados de sorte e proteção. Não esqueça sempre das oferendas aos Orixás, com muita humildade, para agradecer a dádiva maior de se estar próximo do irmão. E assim, com muita festa, receber e sentir a força e a luz daqueles a quem tanto se ama e que mostram a verdade e a sabedoria.

 UNIDADE E PERDÃO! 
Brasil mestiço, raças valorizadas? Há uma necessidade imensa de trabalho para a definitiva convivência harmoniosa entre as raças formadoras do povo brasileiro. Ainda há mágoas, repressão, dificuldades de convivência, mas há que se exaltar o mestiço! Genuinamentebrasileiro, manifestação maior de um povo aguerrido, bravo, lutador. Sonhador por vocação, determinado por realidade.
O universo afro-brasileiro afirma-se a cada dia, através do reconhecimento prático de seus ensinamentos; da fé crescente e latente dos crentes em seus preceitos fundamentais; da inserção definitiva dos ritos como expressão de verdade pelos seus adeptos. Afastar o mal, promover o bem!
Proclamam a caridade como objetivo maior de todos os ensinamentos. A cor branca, neutra, representativa da paz, como cor base de todos os cultos e rituais de Abaçá. O negro abria a gira e dançava Curimba, firmando a umbanda - religião absolutamente brasileira!
Toda essa legitimação e reconhecimento da umbanda, como unidade sincrética e religiosa afro-brasileira remete ao plano maior, Aruanda, que com seus espíritos de luz, guiam os caminhos certeiros para a aclamação de toda essa chama de fé sagrada, que existe, faz-se presente eemana fluidos a quem dela se socorre.
Por todo esse Brasil, terra mágica e mística, reflexo terrestre do firmamento iluminado, consagra-se todo clamor de paz, com a firmação do amor e o perdão - sintonias e vibrações - pilares seculares de força, para então, perceber que Aruanda também é aqui.

 GLOSSÁRIO:
ABAÇÁ - Templo, tenda, terreiro de Umbanda.
ABAÔ, OFÃ, OGÃ, YAÔ, RAURÁ - Classificações de Médiuns e funções determinadas nos terreiros.
ABRIR A GIRA - Abertura dos trabalhos nos terreiros de Umbanda.
ADARRUM - É o toque feito seguidamente pelos atabaques da invocação dos protetores para incorporarem nos médiuns.
AGÔ - Pedir licença ou permissão
CONGAR - O "altar sagrado" do Terreiro composto de imagens de santos católicos, caboclos,pretos-velhos entre outros.
CURIMBA - Dança do Orixá ou Entidade no meio do Terreiro.
IFÁ - Porta-voz dos Orixás
KARDECISMO - Um dos pontos básicos em que se fundamentam todas as teorias espiritualistas.
OLORUM - Deus Supremo. Entidade suprema, força maior, que está acima de todos os Orixás (Zambi).
OMOLOCÔ - Culto de origem angolense.

1º Setor:
O paraíso celestial Aruanda. Ambientação e caracterização deste paraíso da crença das religiões africanas. Moradia do Deus negro maior, Zambi, de onde são emanadas as energias e vibrações espirituais, mágicas e místicas para aqueles que se socorrem das entidades maiores. Local de alento e esperança, reduto da luz para os necessitados e explorados.
2º Setor:
Apresenta a origem de toda essa crença: a região da atual Angola, no continente africano e como esses bravos guerreiros já possuíam suas crenças e sua fé, na vida em liberdade. Ao passo que com a chegada do invasor português e a dominação forçada daquele povo são capturados e trazidos às terras brasileiras. E mesmo com toda tentativa de aculturação forçada e perda da identidade dos segregados pelos conquistadores, aqueles mantêm suas crenças e as trazem para o Brasil.
3º Setor:
A ambientação no Brasil colonial e o nascimento da miscigenação. A escravidão e a consequente luta por sua abolição, tendo os preceitos de fé africanos ganhado amplitude nas senzalas e incorporado aos preceitos, cânticos e imagens católicas, como forma de disfarçá-los, uma vez que eram proibidos. Além da incorporação dos ensinamentos do espiritismo, que contribuíram para a consolidação da umbanda e a distribuição de sua prática aos novos adeptos.
4º Setor:
Os elementos caracterizados da umbanda como religião afro-brasileira. Suas práticas, adeptos, zeladores, espíritos invocados. Características pertinentes e inerentes aos preceitos fundamentais desta crença. A fé nos orixás e a consolidação definitiva dos terreiros como templos de luz e sabedoria para a prática livre da umbanda em seus ritos, festas e celebrações.
5º Setor:
Os fundamentos basilares da umbanda e sua valorização e inserção definitiva no panorama laico brasileiro. Louvação aos seus preceitos fundamentais, suas manifestações espirituais e culturais. E a reunião de todos esses elementos como alicerce para o definitivo perdão, união de todas as raças em um trabalho constante e nunca infindável para a verdadeira consolidação da raça brasileira, mestiça, valente, para, finalmente, fazer prevalecer os preceitos pregados pelo paraíso de Aruanda e perceber que este também é aqui!




Número de elementos de desfile
20 Alas; 05 Alegorias; 01 Casal Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Organização dos elementos de desfile

SETOR 01
Comissão de Frente – A evocação
Casal Mestre-Sala e Porta-Bandeira 01 – Energias e Vibrações das 7 linhas
Alegoria 01 – O paraíso de Aruanda

SETOR 02
Ala 01 – Das matas os ensinamentos ancestrais.
Ala 02 – Bravos Guerreiros Nação Angola.
Ala 03 – Candomblé - A força das manifestações da Natureza.
Ala 04 – A expansão ultramarina lusitana e a perda da liberdade.
Ala 05 – Aculturação Forçada.
Alegoria 02 – Angola – Brasil: terra de dor, templo de fé.

SETOR 03
Ala 06 – Pelourinho
Ala 07 – Sincretismo nascente.
Rainha de Bateria – A luz das Raúras.
Ala 08 – Bateria: Os tambores dos Ogãs.
Ala 09 – Passistas: Banhos de Purificação.
Ala 10 – Baianas I: O espiritismo e o sincretismo: miscigenação.
Alegoria 03 – A evocação dos Orixás – Saudação às entidades maiores.

SETOR 04
Ala 11 – Caboclos.         
Ala 12 – ‘Ibejis’.
Ala 13 – A procissão das Yabás (Yemanjá, Oxum e Nanã).
Ala 14 – Baianas II: Mameto Nkisi (Mãe de Santo).
Ala 15 – Defumação.
Alegoria 04 – Templo da Luz – Oferendas e Clamores à Umbanda Brasileira.

SETOR 05
Ala 16 – A incorporação.
Ala 17 – Raiz afro-brasileira.
Ala 18 – Prática da caridade.
Ala 19 – Livre-arbítrio: o bem e o mal.
Ala 20 – O Perdão.
Alegoria 05 – Aruanda é aqui! E Velha Guarda – Sábios Anciãos do Brasil



Descrição dos Elementos de Desfile

01: Comissão de Frente: A Evocação
A esperança de alento dos sofridos é transmitida às Negras Guardiãs para que evoquem os espíritos de luz que regerão todo canto e proteção a quem deles se socorrer. As sacerdotisas vestem-se em mantos de cores e carregam os símbolos mágicos da hierarquia espiritual, utilizados para o ritual de evocação. A operação de magia cerimonial que transcende o mundo terreno, unindo-o ao mundo superior em um portal de luz e força, em uma manifestação de calor e paz. A dança das sacerdotisas, em seus movimentos místicos, embala a apresentação da escola em uma procissão de louvor e crença em seus fundamentos.

02: 1º Casal Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Energias e Vibrações das Sete Linhas. Apresentação interativa com as evoluções da Comissão de Frente.
Os fundamentos da crença apresentam as “Sete Linhas de Umbanda”. A essência dessas sete linhas absorve todas as diversas significações que lhes foram atribuídas ao longo dos tempos. São as sete vibrações do Deus, pois tudo ele cria de forma séptupla: os sete dias da semana, as sete cores do arco-íris em sintonia com os nossos sete chacras. Cada uma das sete cores do arco-íris é a manifestação visual das sete vibrações de Deus. Dessa forma, as sete linhas são: Religiosidade, Amor, Conhecimento, Justiça, Execução da Lei, Evolução Espiritual e Equilíbrio da vida. Em um bailar seguro e fascinante, conscientes de toda sua importância e de toda magia que a dança do casal traduz, em cada passo, interagindo com as evoluções da Comissão de Frente que evoca as sintonias e energias e o Casal responde, emanando essas vibrações que guiarão a vida de todo crente nas energias das sete linhas. Sempre com muita luz, assim como é a luz irradiada pelo Casal, com valentia elegância.


03: Alegoria 01 – O Paraíso de Aruanda
Composição: O Cortejo de Ifá
Eis o etéreo paraíso de Aruanda – a morada espiritual em que Mestres de luz e irmãos espirituais desenvolvem e emanam suas atividades de ajuda à humanidade. O Portal da Bohêmios é o Portal de Aruanda, com muita água para lavar os caminhos e purificar a jornada, abre suas portas para apresentar as relações entre seres humanos e os demais reinos, inclusive o reino mineral. A Grande Coroa, símbolo da escola, realizada com elementos advindos da terra, Elemental principal dos cultos e crenças de umbanda. Neste paraíso celestial habitam os seres que já estiveram na Terra e hoje têm uma missão de resgate. É o reino de Zambi, Deus-negro supremo (escultura maior central em destaque), o qual transmite e emana as forças da natureza (composições), quando invocadas e muito axé por todo o desfile. As composições são os negros desencarnados, sofridos em sua peregrinação de dor, integrantes do cortejo de Ifá, o senhor do destino, em homenagem ao deus Zambi, os quais, com sua dança e crença iluminam a Bohêmiosem seu desfile de consagração.

04: Ala 01 – Das Matas os Ensinamentos Ancestrais
Das terras africanas a origem da vida e da verdade. Terra é força, é vida! Cada elemento natural é importante para uma significação e utilização e os galhos das árvores funcionam para escrever em folhas, usadas como papeis, todos os ensinamentos a serem transmitidos aos pósteros em seus fundamentos de fé.

05: Ala 02 – Bravos Guerreiros da Nação Angolana
De cada Nação Bantu do continente negro, negra é a origem dos rituais, dos sacrifícios, da Nação Angola. Na região, habitavam povos que se orgulhavam pelos bravos guerreiros que defendiam sua raça. Com vestimentas típicas, além de um escudo que alude ao espírito aguerrido dos ancestrais angolanos, adereço de cabeça com a representação de um gorila, a força dos guerreiros.

06: Ala 03 – Candomblé: a Força das Manifestações da Natureza.
A região angolana caracteriza-se por uma condição climatobotânica descomunal, quente e diversa. Das raízes profundas de sua vegetação nascem os pequenos ramos de vida. Folhas, raízes, caules, pétalas que são relacionados a uma particularidade, crença, fórmula, bases de uma fé latente em surgir, aliados a outros elementos naturais, como os búzios que serão o alicerce do nascedouro Candomblé. Ignição para uma nova dimensão plácida e serena.

07: Ala 04 – A Expansão Ultramarina Lusitana e a Perda da Liberdade
Os povos bantus se unem sob a égide da sabedoria e da lucidez, além do espírito aguerrido que os impele a lutar com bravura contra o domínio forçado, imposto na época da expansão ultramar dos lusitanos, que, trazidos pelas velas de enormes caravelas, vinham para usurpar a terra e as riquezas dos verdadeiros donos. Lutas cruéis, movidas pela ganância da exploração, os impetuosos conquistadores destruíam os laços entre os povos que antes tinham como sua maior riqueza a liberdade, acorrentando-os a um destino triste, incerto, sem perdão.

08: Ala 05 – Aculturação Forçada.
Tentando acalmar e fazer os conquistados perderem sua identidade, os invasores impuseram religiões diversas da nativa, aculturação forçada e desconhecida. Os negros eram batizados sob os dogmas católicos. Todavia, o afã do amor prevalecia sobre o ódio latente. Separados fisicamente, mas em sintonia com a terra que é seu lar de origem. Do porto de Luanda partiram os tumbeiros com a dor dos segregados. Abandono, tratamento desumano, mas carregavam consigo a herança maior: a crença em seus protetores e na virtude que lhes irradiaram.

09: Alegoria 02 – Angola – Brasil: Terra de Dor, Templo de Fé.
Composições 01: Dor e Fé (negros)
Composições 02: Alta Cúpula Católica
Destaque Central: O luxo do ouro da exploração
A transmigração forçada de Angola para as terras baianas de São Salvador machuca e desola àqueles que não tiveram chance de escolha. A imensidão do mar acalentava toda desilusão. Nova terra: dor e incerteza – a escravidão é imposta. Aos negros, trabalhos forçados e pesados; às negras, os trabalhos domésticos e de colheita. O luxo e opulência da casa grande dos engenhos dominava a visão daqueles que tinham em sua riqueza maior a liberdade infinita. Contraste com a miséria e penúria em que viviam nas senzalas: humilhação, despersonalização. Separados fisicamente, mas em sintonia com a terra que é seu lar de origem. A esperança de libertação e valorização de sua cultura, preceitos, sobretudo, o respeito. Energia que pulsa no rufar do tambor, no bailar das danças, no lamento das canções, na saudade que vai marcada no coração até a eternidade. Na crença e na fé em seus preceitos arraigados da terra de origem, aliados aos elementos naturais, iniciando a miscigenação, buscando respostas e alento no jogo de búzios e na evocação aos espíritos ancestrais para orientação nas veredas da verdade.

10: Ala 06 - Pelourinho
A incredulidade dos que viviam no ifá - infinito destino, paraíso de liberdade, materializa-se em penúria e sofrimento. Nas terras de São Salvador, haveria salvação? A realidade era castigo e medo. Na região do centro antigo da capital baiana, envolto a Igrejas, templo da paz, instala-se o mastro do Pelourinho, o qual torna-se palco de dor e sangue. Cada erro sendo traduzido em chibatada, ferida que não cicatriza, e humilhação. Mácula da história tanto açoite e a solidão forçada por castigos.

11: Ala 07 – Sincretismo Nascente
A crença nos espíritos dos Senhores das Casas Grandes (o catolicismo) acaba por influenciar a fé de quem precisa de um conforto. Miscigenação de cultura, de ideias, surge o tom de uma nova religião, no nascedouro de toda essa nova nação brasileira genuinamente africana. Símbolos católicos acabam por se unirem às crenças africanas, perfazendo-se novas significações: fitas, figas, patuás, pencas de elementos, agora típicos e consolidados da fé negra brasileira.

12: Rainha da Bateria: A Luz das Raúras
Clamor às forças naturais e a quem as controla. Com fé em Olorum, os negros iniciados na crença, nos rituais viram RaúraAbaôOfãOgãYaô. Classificações de Médiuns e funções determinadas nos terreiros. Cada um com suas atribuições, mas com intuito de elevar a luz e propagar a fé. A cada passo de samba de nossa Rainha, com muita força, são invocados os caminhos de luz que embalam o nosso desfile.

13: Ala 08 – Bateria: Os Tambores dos Ogãs
Com a mistura de ritmos, cânticos, sons, orações, eis a caracterização de uma nova religião afro-brasileira. Os instrumentos de percussão assumem o lugar dos instrumentos de corda dos altares católicos. A cada toque, um chamamento, um alerta que, embora vivo, demonstra cansaço por dentro. A alma se revigora com o rufar dos tambores, surgindo a força necessária para continuar a luta constante pela valorização e afirmação de todos esses valores. A luz do céu encontra sua materialização na força terrena a cada toque dos instrumentos da Bateria da escola que marca sua presença neste desfile e eleva o espírito de todo brincante carnavalesco.

14: Ala 09 – Passistas: Banhos de Purificação
Acompanhando o soar dos tambores africanos, batidas como o pulsar de um coração, que embalam as nossas passistas em danças de louvor, a evocação das entidades pelo seu amor, fé e proteção. É o banho que purifica e recarrega energias para enfrentar as provações do porvir. Lavando o corpo, lava-se a alma, transforma em energia. Do jarro de barro cai a água bendita e compondo a fantasia há folhas de Arruda para descarrego e defesa dos males, proteção e remoção do efeito de feitiços; e folhas de Madressilva que favorecem a prosperidade.

15: Ala 10 – Baianas I: O Espírito e o Sincretismo: Miscigenação.
Com o desenvolvimento do pensamento humanista, em que o ser humano é centralizado no campo da teorização social. O contato entre os rituais sincréticos dos negros com o espiritismo kardecista acaba por alicerçar os fundamentos da Umbanda. A fantasia apresenta os elementos caracterizadores desta religião espírita. Da união de todas as energias reunidas e tendo como catalisador a fé, do girar da Baiana, surge a luz necessária para guiar os caminhos.

16: Alegoria 03: A Evocação aos Orixás – Saudação às Entidades Maiores
Composições: Pretos-velhos
Destaque 01: O Babalorixá
Destaque 02: Filha de Oduduá
A novidade dessa nova fé reúne os que dela se encantam e creem em seus preceitos, tomando-a como alicerce de vida, chama para guiar os caminhos. Verdadeira paixão popular, prelúdio para a luta de todos, conforto para os necessitados. Elevando o espírito, afirmando conhecimento, saudando as entidades maiores, aquelas plenas e puras, abrem-se as vias da jornada iluminada.A luz de um ser é a sublimação de seu espírito humano, que se conduzirá segundo os princípios divinos que regem toda a criação.
A luz do céu encontra sua materialização na força terrena, arraigada em emanação e incorporação dos elementos naturais. Desta forma, a alegoria traz um grande ritual sagrado de evocação às forças maiores: Os Orixás que regem os elementos naturais e são responsáveis pelo alento a quem deles se socorre. As composições são os Pretos Velhos, responsáveis pelo contato entre os homens e os deuses, invocadores dos orixás e transmissores das mensagens dos filhos. Nas laterais da alegoria, esculturas de Oxalá, Orixá pai de todos os homens. Adornando o carro, velas roxas e Evas (Ervas da Jurema, Arruda), uma que o ato de acender uma vela, deve ser um ato de fé, de mentalização e, concentração para a finalidade que se quer.
O Primeiro Destaque é “O Babalorixá”: um sacerdote que passou por todos os preceitos e obrigações exigidas para tal cargo. É o líder e chefe de um terreiro. Já o segundo Destaque, a “Filha de Oduduá”, representa as divindades feminina da criação de toda matéria. Seu nome significa: a cabaça de onde jorrou a vida.

17: Ala 11- Caboclos
Em cultos, com explosão contida da fé e da oração, há a manifestação dos espíritos dos antepassados índios, os caboclos, guerreiros, bravos, leais. Manifestados com roupa e pintura de batalha, prontos para a defesa de quem deles se socorre. Todos com a mensagem de defesa das entidades oprimidas e sua valorização.

18: Ala 12 - Ibejis
Nos cultos, palestras e orações com a manifestação e presença dos espíritos invocados, há a presença dos espíritos dos anjos celestiais, personificados em figuras de crianças, os ibejis. Entidades puras, inocentes, oferecendo conforto aos necessitados e aos sem esperança e luz na direção dos caminhos abertos a seguirem.

19: Ala 13 – A Procissão das Yabás (Yemanjá, Oxum e Nanã).
Que o cortejo iniciado para purificar os caminhos consuma-se na consolidação da paz e na verdadeira efetivação do amor. As Yabás (orixás femininas) apresentam-se com as ferramentas (elementos) caracterizadores e dançam em um ritual de luz. OdoyáYemanjá! Água para abençoar, para lavar todas as mentes e os males que nos cercam. Procissão de paz, espírito de guarda e acalanto. Flores, velas, esperança que vai, bênçãos que vêm. Ora , Oxum!  Irradia seu amor para purificar e guiar os que buscam alento em seu colo de proteção.

20: Ala 14 – Baianas II: Mameto Nkisi (Mãe de Santo).
O louvor aos cultos afro-brasileiros merece todo destaque, reconhecimento e valorização como expressão genuína e original brasileira. Cabe às Mães de Santo, senhoras da luz, o contato entre quem delas se socorre com as forças superiores. Através de sua forte energia espiritual, pelo jogo de búzios que mostra o caminho e a verdade; pela consulta, pela chama mística que eleva o espírito para obter o caminho e orientar seus filhos. Cada rodopio da baiana equivale ao jogar de um búzio, firme e forte, para que, com toda sabedoria e sapiência, revele o chamado.

21: Ala 15 – Defumação.
Em todo ritual há a preparação com os itens que auxiliam a comunicação e interação entre o mundo terreno e o mundo espiritual. Sempre com toda força da fé e da crença, a defumação através da queima de ervas, folhas, raízes e carvão, costume dos ancestrais africanos, afasta os maus espíritos, os maus olhados, todas as energias negativas e abrem os caminhos e aliviam a alma dos que são permeados pela sagrada fumaça. Defumação esta que embala todo o ritual desse grandioso desfile.

22: Alegoria 04 – Templo da Luz: Oferendas e Clamores à Umbanda Brasileira.
Composições: Oferendas
Os terreiros brasileiros surgiram e consolidaram-se como as Casas da Luz, Templos do Saber, local para celebração e manifestação das crenças, culturas e religiões africanas e afro-brasileiras. Velas, pratos de barro (os najés), caveiras, ganchos de três pontas, elementos utilizados nas oferendas e despachos ajudam a compor o cenário deste grandioso espaço da paz. As lições e a sabedoria das manifestações dos Pretos Velhos e dos Caboclos guerreiros são transmitidas a todos os filhos de santo e a quem procura esses locais sagrados para conforto e alento. Todos os cultos conclamam a seriedade e o aspecto sacro da filosofia por eles erigida aliados a grandes festas, celebração maior da vida. Por isso, a decoração com as faixas de Paz, Igualdade e Fraternidade.
Cabe ao Pai de Santo (escultura central), zelador do Terreiro, a ordem, a manutenção do equilíbrio e a responsabilidade por todas as manifestações sensoriais que lá acontecem e acarretam na transmissão dos ensinamentos das entidades maiores. A escultura da alegoria está com os braços abertos reverenciando um Congar - O "altar sagrado" dos Orixás, no Terreiro, composto, pelo sincretismo, de imagens de santos católicos, caboclos, pretos velhos, localizado na parte posterior do carro
Responsáveis pelos rituais sagrados em que mães e filhos de santo se unem em festa para oferecer as oferendas (composições) – alimentos, objetos e cores – típicas e peculiares de cada orixá e celebrar suas benesses e conselhos. A obrigação das oferendas é realizada com muita humildade para agradecer a dádiva maior de se estar próximo do irmão.
Nessa luta incessante pela afirmação de crença e valores, agarremo-nos com todas as guias, figas, patuás, elementos sagrados de sorte e proteção. E assim, com muita festa, receber e sentir a força e a luz daqueles a quem tanto se ama e que mostram a verdade e a sabedoria.


23: Ala 16 – A Incorporação.
A essência maior da Umbanda. Através da manifestação física, nos pais, mães e filhos de santos, dos espíritos dos pretos velhos e caboclos e dos próprios Orixás são transmitidos os ensinamentos para aconselhar e respeitar e os trabalhos a serem realizados para a materialização e execução daqueles. A presença de elementos como cabeça de bode, chifres, palhas, flores e búzios remete às vestimentas africanas dos escolhidos para a incorporação, bem como os objetos utilizados para evocação dos espíritos.

24: Ala 17 – Raiz Afro-brasileira.
O universo afro-brasileiro afirma-se a cada dia, através do reconhecimento prático de seus ensinamentos; da fé crescente e latente dos crentes em seus preceitos fundamentais; da inserção definitiva dos ritos como expressão de verdade pelos seus adeptos. Afastar o mal, promover o bem! Uma mistura entre elementos africanos e brasileiros. Os elementos africanos (folhas, raízes), que tanto auxiliam os trabalhos da umbanda florescem em Angola, da mesma forma que florescem no Brasil. São definitivamente incorporados à cultura e crença brasileira, juntamente com produtos nacionais: balaios de palha, ervas, sementes de guaraná, perfazendo uma unidade de poder e sincretismo que resulta na essência da umbanda brasileira.

25: Ala 18 – Prática da Caridade.
Um dos fundamentos e pilares da Umbanda brasileira é a caridade, proclamada como objetivo maior de todos os ensinamentos. As premissas amor, caridade e justiça divina consolidam-se através da clarividência dos sábios e escolhidos da umbanda. Os videntes, imbuídos com vestimentas africanas e os elementos (búzios, flechas, contas, cetros) que promovem o acesso às dimensões que permitem as visões reveladoras (olhos presentes nas fantasias), unicamente com o objetivo de oferecer compaixão e conforto a quem precisa de amparo. Iluminados que personificam entidades neutras que se preocupam, acima de tudo, com o bem estar do semelhante.

26: Ala 19 – Livre Arbítrio: o Bem e o Mal.
O contraponto da umbanda é a quimbanda, a qual consiste em utilizar os ensinamentos das forças maiores e seus trabalhos para a prática do mal. Nasceu ao mesmo tempo em que a bondade e a luz eram pregados pela umbanda. O eterno duelo entre as forças positivas e negativas. É a exaltando a liberdade do ser humano em seguir a crença que mais favorável lhe parecer: umbanda ou quimbanda, sem esquecer que a cada ação corresponde uma reação.

27: Ala 20 – O Perdão.
Necessário muito trabalho para a definitiva convivência harmoniosa entre as raças formadoras do povo brasileiro. Ainda há mágoas, repressão, dificuldades de convivência, mas há que se exaltar o mestiço! Genuinamente brasileiro, manifestação maior de um povo aguerrido, bravo, lutador. Sonhador por vocação, determinado por realidade. A glorificação! A pomba da paz que é o perdão pela discriminação imposta às religiões afro. A união entre crenças como a forma de comandar esse novo tempo de paz.


28: Alegoria 05 – Aruanda é aqui! E Velha Guarda – Sábios anciãos do Brasil.
Toda essa legitimação e reconhecimento da umbanda, como unidade sincrética e religiosa afro-brasileira remete ao plano maior, Aruanda, em que seus espíritos de luz guiam os caminhos certeiros para a aclamação de toda essa chama de fé sagrada, que existe, faz-se presente e emana fluidos a quem dela se socorre. Celebremos com muito trabalho, então, toda essa festa de fé, força e amor que congraça todas as raças formadoras do povo brasileiro em uma procissão infinita de luz e sabedoria.
Desta forma, a coroa, símbolo de nossa agremiação, abraça toda essa grande festa de comemoração legitimamente mestiça e nacional. Sendo as cores e símbolos de nossa bandeira um verdadeiro altar no qual repousa Iansã – Orixá piedosa, mãe de misericórdia, senhora dos espíritos. Iansã, com sua dança, faz desabrochar as flores (elemento de purificação e louvação) laterais da alegoria, da qual emanam todas as entidades negras de luz (composições), convocadas para louvarem o Perdão como herança maior deixada pelo sincretismo religioso, o qual deve ser efetivado e transmitido aos pósteros.
Por todo esse Brasil, terra mágica e mística, reflexo terrestre do firmamento iluminado, consagra-se todo clamor de paz, com a firmação do amor e o perdão - sintonias e vibrações (representadas pelas borboletas de Yansã) - pilares seculares de força, para então, perceber queAruanda também é aqui. O destaque Central da Alegoria é a Coroação do Brasil como paraíso terreno de Aruanda. E a nossa Velha Guarda, marca maior das tradições, guardiões dos segredos sagrados e da sabedoria infinita, são os anciãos que perpetuarão todas as lições e crenças na fé da umbanda, transmitindo esses ensinamentos às gerações futuras e garantindo a verdadeira implantação e efetivação do sentimento de perdão a todos.

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