Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!

Atenção carnavalescos e presidentes de escolas de samba!
Gostou de uma ideia, Clique na lâmpada e leia a nossa recomendação!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Enredo 15 - Ada Rogato – A gaivota solitária e os folguedos no firmamento



Título
Ada Rogato – A gaivota solitária e os folguedos no firmamento

Introdução
“Águia Paulista”, “Rainha dos Céus do Brasil”, “Milionária do Ar”, “Condor dos Andes” e “Gaivota Solitária” eram títulos utilizados pela imprensa para se referir a Ada Rogato. Pioneira da aviação no Brasil, ficou mundialmente conhecida por seus feitos, realizados sempre sozinha: foi a primeira piloto a cruzar a selva amazônica e a primeira a chegar à Terra do Fogo, também foi a primeira a cruzar as três Américas, percorrendo mais de cinquenta mil quilômetros, chegando até o Alasca. Dedicou a vida toda à aviação, transformando o céu em um grande parque para os seus folguedos. Apresenta-se hoje a vida e os feitos desta grande brasileira, uma estrela que brilha no firmamento, inspirando as mulheres do Brasil.



Sinopse
Nascida em uma família de imigrantes italianos, no final do ano de 1920, Ada Rogato recebeu dos pais a mesma educação das moças de sua época; além da escola tradicional, aulas de piano e pintura, porém a pequena sempre teve o sonho de voar.
Com a separação dos pais, Ada passou a ajudar a mãe no sustento da casa, realizando bordados e trabalhos artesanais. Foram justamente estes trabalhos que a possibilitaram guardar dinheiro para pagar pelas aulas de pilotagem. Em 1935 consegue o primeiro brevê feminino para realizar voo a vela1 e no ano seguinte, com apenas 15 anos é a terceira mulher a receber brevê no Brasil. Também foi a primeira mulher no Brasil a receber o certificado de paraquedista, passando a se apresentar em diversos shows nos aeroclubes do interior paulista e disputar campeonatos da modalidade, consagrando-se campeã brasileira em 1943.  Foi a primeira mulher a saltar de paraquedas no Chile, Paraguai e Uruguai.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Ada realizou voluntariamente mais de duzentos voos de patrulhamento do litoral paulista, sendo suas partidas e chegadas sempre acompanhadas por altas autoridades civis e militares. Um pouco antes, em 1940 ingressa no Instituto Biológico de São Paulo, como uma simples datilógrafa, fato que ganha relevância em 1948, quando uma praga2 atinge as plantações de café, principal produto brasileiro de exportação na época, e ela é convidada a realizar voos de pulverização3, tornando-se pioneira também nesta área.
As horas de voo na aviação agrícola possibilitaram que Ada tirasse brevê de piloto civil internacional, que ela utilizou sem demora, para se tornar a primeira brasileira a atravessar sozinha a Cordilheira dos Andes, em 1950, com um Paulistinha CAP-4, feito repetido mais de uma dezena de vezes. Os feitos possibilitaram que Ada fosse presenteada pelo Ministro da Aeronáutica com um Cessna, o qual ela apelidou de Brasil.
Ada não estava satisfeita e em 1951, inicia sozinha uma epopeia aérea com seu monomotor4 em um tour pelas três Américas. Foram mais de 50 mil quilômetros, em 16 meses. O avião levava uma mensagem do então presidente Getúlio Vargas: “Por intermédio do voo da boa vizinhança, envio uma saudação cordial aos povos irmãos das Américas”.  Este voo, talvez o mais importante da carreira de Ada, partiu do Rio de Janeiro e atravessou 16 países, chegando até o Alasca, onde ela se encantou com o sol da meia noite. Evidentemente, ela foi a primeira aviadora no mundo a percorrer tal distância sozinha.
Para Ada, o céu nunca foi o limite e ela sempre buscava novos desafios. Assim, foi a primeira pessoa do mundo a pousar um avião monomotor em La Paz, na Bolívia, em 1952, na época, o aeroporto mais alto do mundo. Para muito além de um exemplo, Ada tinha também um grande coração e realizou mais de mil voos de coqueluche, levando consigo outras pessoas, pois acreditava-se que as altas altitudes curavam a doença. Nesta época foi ainda redatora nas revistas Magazine Velocidade e Revista dos Aviadores.


Em 1956 participou ativamente das comemorações do Cinquentenário do 1° Voo do 14 Bis, percorrendo todo o país divulgando os feitos de Santos Dumont. Percorreu mais de 25 mil quilômetros em diversos estados, sobrevoando pequenas cidades, mas desta vez foi acompanhada, a pedido das autoridades eclesiásticas, de uma imagem de Nossa Senhora. Ada sempre considerou o céu um grande parque para seus folguedos, e foi assim, movida pelo espírito aventureiro, que transformou a viagem de comemoração em mais um feito inédito, sendo a primeira a atravessar a Amazônia, na época chamada de “inferno verde”, com seu pequeno avião.
Porém o firmamento ainda reservava grandes possibilidades para Ada, que já tendo atingido o Círculo Polar Ártico, queria também atingir o extremo sul do continente. Assim, ela parte, em 1960 com seu pequeno avião para a Terra do Fogo5. Embora ainda sonhasse com outros feitos, o pequeno avião não lhe possibilitava maiores desafios, mas tendo na aviação sua única grande paixão, Ada passou a receber os mais ilustres visitantes do Museu da Aeronáutica, em São Paulo, entre eles, Neil Armstrong, muito antes de pisar na Lua.
Recebeu, em vida, inúmeras medalhas e homenagens, como Ordem do Mérito Militar, Naval e Aeronáutico, Medalha do Mérito Santos Dumont, Ordem Condor dos Andes (Bolívia) e Medalha Bernardo O’Higgins (Chile).
Ainda pouco antes de morrer, Ada foi homenageada pela cineasta Regina Redha no curta-metragem “Folguedos no Firmamento”. A história é de um casal que se estranha no autocine6, e enquanto o namorado sai para paquerar a garçonete do lugar, a namorada, que assistia a um filme sobre os feitos de Ada Rogato, se transporta para a tela e assume os encantos da heroína. O filme, produzido em 1984 foi exibido nos cinemas do país durante 5 anos, prestando homenagem para Ada, que partiu rumo ao firmamento em 1986.
O resgate da memória de Ada Rogato, para muito além de retratar os feitos de uma mulher muito à frente da sua época, tem também como objetivo, utilizar o carnaval, palco da fantasia e da ilusão, como instrumento de realização de um sonho sabidamente impossível: a travessia do Oceano Atlântico a bordo do seu pequeno Cessna, de nome Brasil.

As notas de rodapé visam esclarecer alguns pontos para melhor compreensão do enredo, ou mesmo apresentar possibilidades para os compositores da escola.
1.        Voo a vela, realizado em planador, aeronave sem motor.
2.        Broca-do-café, também conhecida como larva do café.
3.        Pode-se dizer também polvilhamento ou fumegação.
4.        Modelo Cessna, batizado de Brasil.


5.        Ushuaia, Argentina.
6.        Cinema drive-in.

Desenvolvimento
Apresenta-se a seguir a carnavalização dos feitos de Ada Rogato, em alas e alegorias. Também, ao final, utiliza-se a Avenida com palco da realização de um sonho impossível.



Setor 1
Um sonho que vira realidade

Este setor retrata de forma onírica a infância da homenageada e os primeiros feitos de sua adolescência.


Comissão de Frente
A Gaivota Solitária

Constituída por 15 integrantes fantasiadas de bailarinas em cores claras sendo 1 bailarina com asas (mais escuras) e um bico amarelo na cabeça. A partir da coreografia das bailarinas, busca-se mostrar a não adequação da ‘gaivota’ aos seus passos sincronizados. A comissão de frente interage com o Abre-Alas, que possui um grande porta-joias à sua frente. As bailarinas tradicionais sobrem e executam seus passos. A ‘gaivota’, na sua vez, tem dificuldades para executar os passos e então decide voar (com ajuda de recursos tecnológicos).



Abre-Alas
A infância e o sonho

O abre-alas é constituído basicamente de dois planos. O plano inferior traz à frente um porta-joias, com o nome da escola. Também no primeiro plano estão destacados o ensino formal da década de 20 e os pianos. No plano superior é retratado o sonho de criança, com nuvens, aviões de papel e alguns modelos simples de aviões da época, todos em movimento.



Ala 1 (Baianas)
Bordado

As baianas da escola vêm com as cores do céu. Trazem no pano de costa os pontos de bordado, representando nuvens e hélices de aviões. Destacam que mesmo ajudando a mãe a sustentar a casa, Ada alimentava o sonho de voar.




Ala 2
Cartas de navegação aérea

As cartas de navegação aérea representam o empreendimento de Ada no aprendizado da aviação em São Paulo.


Ala 3
Planadores


A ala representa o pioneirismo de Ada na obtenção de autorização para voar em planadores, com 14 anos.


Ala 4 (Baianinhas)
Debutando no firmamento


Terceira mulher a obter o brevê para pilotar aviões no Brasil. A primeira no estado de São Paulo. Como a conquista foi aos 15 anos, apresentamos as baianinhas em roupas de debutantes aviadoras.


Alegoria 2
Festas no céu do interior


A alegoria retrata os aeroclubes do interior e as demonstrações de Ada, campeã brasileira de paraquedismo em 1943.
Traz uma série de destaques pendurados em paraquedas, formando uma espécie de leque, atrás de aeronaves da época e barracas típicas de festas no interior. A alegoria destaca também, a partir das bandeiras estampadas nos paraquedas, o pioneirismo de Ada em seus saltos no Paraguai, Uruguai e Chile.


Setor 2
Novos desafios: a continuidade do pioneirismo

Ada Rogato busca novos desafios na continuidade das suas ações de pioneirismo, o setor apresenta nosso exemplo de mulher na sua constante busca por novas façanhas.


Ala 5
Patrulha no litoral


O litoral e a patrulha voluntária de Ada durante a Segunda Guerra Mundial.

Ala 6
Broca do café

A ala representa os cafezais e a praga que atingiu o principal produto de exportação brasileiro. Constituída de duas fantasias diferentes: os cafezais e as larvas. Uma parte da ala interage com a ala seguinte.







Ala 7
Pulverização


A experimentação em voos agrícolas é outro pioneirismo da homenageada. Parte da ala interage com a ala que vem logo a frente, os aviões da ala evoluem ‘matando’ as pragas dos cafezais.


Ala 8
Atravessando a Cordilheira

As grandes montanhas nevadas ultrapassadas por Ada são retratadas nesta ala, que traz uma réplica do Paulistinha CAP-4.


Ala 9
O Sol da meia noite

A ala relembra a chegada de Ada ao Alasca, ponto mais alto do continente, onde se encantou com o céu da meia noite.


Alegoria 3
Brasil no céu das três Américas


A alegoria traz uma réplica do Cessna Brasil, com a mensagem de Vargas em um voo sobre as três partes diferentes, que representam as três Américas percorridas por Ada.


Setor 3
O “Brasil” segue sua missão

O pequeno avião “Brasil” segue sua jornada pelos céus. Ada ganha fama internacional e conquista cada vez mais espaço no universo da aviação, tornando-se redatora de revistas especializadas.      


Ala 10
El Alto

O aeroporto mais alto do mundo (na maior altitude), em La Paz, na Bolívia.


Ala 11
O ‘Brasil’ chegou


O pouso do pequeno avião em La Paz aumenta a fama internacional de Ada.

Ala 12 (Ala das crianças)
Pequenos pacientes


As crianças da escola simbolizam os pequenos pacientes auxiliados pela nossa homenageada.







Ala 13
Cura nas alturas

Na época, acreditava-se que as grandes alturas eram capazes de curar a coqueluche. Ada realizou mais de mil voos para ajudar as pessoas na cura.



Ala 14
Imprensa


A ala interage com o carro que vem logo atrás. A fantasia é formada por páginas de revistas de aviação.

Alegoria 4
Nas páginas das revistas


O reconhecimento de Ada é cada vez maior e ela assume a função de redatora em importantes revistas especializadas: Magazine Velocidade e Revista dos Aviadores. A alegoria reproduz diversas capas destas revistas e a ala da frente, formada pelas páginas completa as revistas em coreografia.


Setor 4
Nos céus do Brasil

Ada assume um papel importante nas comemorações do cinquentenário do primeiro voo do 14 Bis, cruzando o país para divulgar os feitos do pai da aviação, oportunidade que usa para conseguir novos feitos, tornando-se o primeiro piloto a cruzar o temido ‘inferno verde’.         


Ala 15
Santa Protetora

A pedido de autoridades eclesiásticas, Ada levava no pequeno avião uma imagem de Nossa Senhora durante os voos de divulgação do cinquentenário do 14 Bis.


Ala 16 (Compositores)
Pai da aviação

Os compositores da escola vem de terno e chapéu panamá amassado, representando Santos Dumont.


Mestre Sala e Porta Bandeira
‘Brasil’ no céu


O Mestre Sala vem com uma fantasia estilizando o pequeno Cessna Brasil e a Porta Bandeira em traje azul, simbolizando o céu. Assim, o cortejo da dança assume metaforicamente o papel dos folguedos de Ada no firmamento.






Ala 17 (Bateria)
14 Bis

Destacando o papel importante de Ada nas comemorações do centenário do primeiro voo do 14 Bis, a bateria da escola vem representando o avião construído por Santos Dumont.


Ala 18 (Passistas)
Encantamento no céu


As passistas da escola representam o encantamento de pequenas cidades no interior do Brasil ao ver pela primeira vez um avião no céu.


Ala 19
Sobrevoando o Brasil


Para retratar a diversidade brasileira e os diversos lugares pelos quais Ada passou nas comemorações do cinquentenário, esta ala vem com fantasias diferentes destacando alguns pássaros de regiões brasileiras: Gralha Azul, Tuiuiu, Andorinha, Arara, Carcará e Tucano.


Alegoria 5
Inferno Verde


As restrições do pequeno avião não impediam Ada de realizar grandes façanhas. Ela foi o primeiro piloto a atravessar a floresta Amazônica. A alegoria representa o feito através da poética descrição de inferno verde.


Setor 5
Os últimos feitos e as homenagens

O pequeno avião já não possibilitava mais que Ada fizesse grandes feitos, assim aproveita para realizar sua última grande façanha, que é atingir o extremo sul do continente. Também passa a representar papéis mais importantes em terra, com os trabalhos no Museu da Aeronáutica. O setor relembra ainda as homenagens recebidas pela aviadora.


Ala 20
Terra do Fogo

A ala representa o último grande feito de Ada Rogato, ser a primeira a pousar seu pequeno avião em Ushuaia, na Argentina.


Ala 21
Museu da Aeronáutica


O Museu da Aeronáutica passou a ser um local relevante para Ada.
Obs: a título de curiosidade, ela doou a aeronave Brasil para o Museu, que depois viria a ser extinto. Hoje o pequeno Cessna encontra-se em exposição n Museu da Tam.



Ala 22
Fonte de inspiração


Antes de se tornar o primeiro homem a pisar na Lua, o astronauta americano Neil Armstrong veio ao Brasil e foi recebido por Ada em sua visita ao Museu da Aeronáutica. A fantasia da ala é de astronauta, utilizando a conquista de Neil como uma metáfora para as inspirações proporcionadas por Ada em pessoas de todo mundo.


Ala 23 (Velha Guarda)
Medalhas

A velha guarda da escola vem com elegantes trajes de pilotos, trazendo no peito réplicas das muitas medalhas com as quais Ada foi condecorada.


Ala 24
Carros no autocine

São carros que vem em direção contrária à avenida, virados para a alegoria que vem atrás.  A ala representa a homenagem prestada pela cineasta Regina Redha.


Alegoria 6
Folguedos no Firmamento


A alegoria é um grande autocine, com diversos carros e garçonetes, reproduzindo o cenário do filme Folguedos no Firmamento. A parte de trás possui uma grande tela, rasgada pelo avião Brasil, que traz sobre si um destaque representando a homenageada.


Setor 6
O sonho impossível

Ada sempre quis um avião mais potente para continuar realizando façanhas, entretanto o destino não possibilitou. Assim, este último setor é uma representação de um feito impossível: o pequeno Cessna atravessa o Oceano Atlântico.


Ala 25
Estrela cadente

Do céu para a Avenida. Esta ala representa o retorno de Ada para realizar o sonho impossível.


Ala 26
A gaivota solitária

Esta ala dialoga com a integrante da comissão de frente. Representa a preparação de Ada para suas novas façanhas.






Segundo Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira
O impossível vai se tornar realidade



O segundo casal vem com uma fantasia de conceito hermético, representando o impossível que se torna realidade.

Ala 27
As três Américas


A ala representa o continente americano.  Ala possui fantasia única mas com elementos típicos dos diversos países do continente.


Ala 28
O Atlântico


O grandioso Oceano Atlântico, palco da travessia impossível.

Ala 29
África e Europa


Os continentes do outro lado do Atlântico.  A ala possui fantasia única com elementos dos dois continentes.

Alegoria 7
O Impossível


Um grande globo terrestre vem na última alegoria, destacando na parte frontal o Oceano Atlântico. Uma réplica do pequeno ‘Brasil’ realiza voos entre os dois continentes.



Sobre o autor:
Roberto Limberger
Atua na coordenação e execução de projetos culturais.
Acompanha o carnaval desde 1993, e esteve pela primeira vez na Sapucaí em 2001.
betolimberger@gmail.com




Um comentário:

  1. Parabéns so autor....um enredo excelete....muito didático..... senti falta de poesia ..dá ar msis lírico , poetico....a noite começou em altíssimo nível.

    ResponderExcluir

Marcadores