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sábado, 11 de outubro de 2014

Enredo 0 - Cocagne... Felicidade não tem fim, tristeza, sim


Cocagne... Felicidade não tem fim, tristeza, sim

FICHA TÉCNICA:

Enredo  COCAGNE... FELICIDADE NÃO TEM FIM, TRISTEZA, SIM
Autor do enredo  DIOGO GARDONI
Número de componentes  3390
Número de alegorias  7
Número de alas  31
Comissão de Frente  A EUROPA MALTRAPILHA CONTRA O MONSTRO DA FOME
Bateria  PRECIOSIDADES
Ala das Crianças  JOÃO E MARIA
Ala das Baianas  O JARDIM DAS FADAS
Ala de Passistas  ESPLENDOR DA FAUNA: BORBOLETAS
Primeiro Casal de MS & PB  A INCRÍVEL ÁRVORE DE DINHEIRO
Segundo Casal de MS & PB  A PINTURA DO MEDRONHEIRO


Apresentação
               
Homens e sonhos. Homens e utopias. Desejos. Fantasias. A imaginação humana e sua necessidade de satisfação deram ao mundo histórias fabulosas sobre a felicidade plena e o afã de encontrar, no mundo real ou na imaginação, um lugar que fizesse bem para o corpo e para alma, onde tudo seria perfeito, irrepreensível, mágico...
            Este desejo longínquo sempre acompanhou os homens, principalmente com a promessa das mais variadas crenças de alcançar um paraíso sublime para aqueles que eram bem-aventurados de espírito. Assim, o mundo conheceu a Terra Prometida dos judeus, o Jardim do Éden pregado pelo cristianismo, a Ilha de Cítera na mitologia grega, dentre muitos outros “paraísos” perdidos na fértil imaginação humana, calcados, muitas vezes, em justificações divinas.
            E foi assim também que a Europa conheceu Cocagne (lê-se “cocâne”) ou o País da Cocanha. Uma terra onde a fartura e o ócio eram reinantes. Onde a felicidade era sempre atingível e o mal, nunca presente. E de séculos em séculos, de mente em mente, o mito de Cocagne foi percorrendo o mundo, seja pelas mãos de grandes pintores ou de inspirados escritores, seja no desejo intrínseco de cada um em encontrar o seu paraíso próprio, seja na linguagem marcante de um povo sofrido, como o do sertão brasileiro. Assim, a história dessa terra, que desconhece as mazelas do mundo real, atravessou o tempo e, nesse momento, aterrissa nesse sonho chamado carnaval. Aqui, Cocagne é o sorriso da baiana, o garbo da comissão de frente, a felicidade do ritmista, o esplendor das alegorias, o mágico bailar do mestre-sala e da porta-bandeira.
            Nesse país fantástico e em nosso enredo (contrariando o famoso verso criado por Tom Jobim e Vinícius de Moraes), felicidade não tem fim, tristeza, sim. A viagem começa agora... Seja bem-vindo! Seja feliz!


Observação Inicial

Para melhor entendimento do leitor, o argumento do enredo a seguir está dividido em quatro capítulos principais: “O mito de Cocagne na Europa medieval”, “Cocagne inspira a pintura e a literatura na Europa”, “Viagem a São Saruê, a Cocagne brasileira” e “Eterna utopia ou esperança de realidade?”. Os sete sub-capítulos correspondem aos sete setores do desfile. São eles: “Le Pays de Cocagne (O País da Cocanha)”, “Pinceladas sobre o mesmo tema... um paraíso”, “João e Maria”, “O cordel nordestino – Belezas e riquezas de São Saruê”, “Um banquete para saciar a gula”, “Terra sem mal” e , por fim, “Em busca de nossa própria Cocagne – Maravilhas do Brasil”.


Sinopse do Enredo:
“Cocagne... Felicidade não tem fim, tristeza, sim”

CAPÍTULO 1 : O MITO DE COCAGNE NA EUROPA MEDIEVAL

1. Le Pays de Cocagne (O País da Cocanha)


Em meados do século XIII, a Europa vivia um abismo social de extremas proporções. De um lado, a nobreza feudal e o clero representavam a nata da sociedade, gozando de vasta riqueza e de grande poderio político e econômico. Em contrapartida, o sustento das regalias dos mais afortunados era decorrente da exploração impiedosa sobre a mão-de-obra servil, representada, em sua maioria, por camponeses e artesãos que provavam do mais alto descaso, viam a fome e a miséria de perto e sucumbiam às mais variadas doenças. O caos total aconteceria no século seguinte, quando a peste negra ceifou milhares de vidas em todo o continente, causando mudanças radicais na ordem social européia.
            Apesar deste cenário maldito, repleto de mazelas e assombros, ainda havia espaço para o sonho. Em diversas regiões do Velho Continente, histórias fantásticas e lendas míticas povoavam a imaginação dos mais pobres, como um filete de esperança que pudesse transformar o inferno em céu, a dor em alívio. Foi assim que, no norte da França, pelas mãos de poetas anônimos, surgiu o mito de Cocagne (ou, em português, Cocanha). Não se sabe ao certo o significado desta palavra curiosa, tampouco sua verdadeira origem. O que se sabe é que, em latim, provençal, holandês e alemão, respectivamente, ela significa “cozinhar”, “casca de fruta”, “pastel” e “bolo”. Seja qual for seu real significado, em todas estas línguas, Cocagne está intimamente ligada à alimentação. E era exatamente assim que os europeus a viam: Cocagne era o país da fartura.
            Mais do que a simples acepção alimentar, este país imaginário era visto como a terra da felicidade, uma sociedade perfeita, onde todos viviam em harmonia, alegres, sãos, sem as carências que o mundo real possuía. Naquela terra maravilhosa, ninguém era obrigado a trabalhar, ninguém envelhecia, a abundância era total. Havia rios de leite, árvores de mel, os mais diversos frutos da terra... A temperatura era amena e a felicidade, sempre possível. Enfim, Cocagne era uma utopia, uma ilusão, um sonho distante, o avesso daquela Europa catastrófica que se erguia diante dos mais pobres.


CAPÍTULO 2 : COCAGNE INSPIRA A PINTURA E A LITERATURA NA EUROPA

2 – Pinceladas sobre o mesmo tema... um paraíso!


O País da Cocanha não morreu junto com a Idade Média. O mito de um país imaginário, onde tudo era perfeito, ganhou força no Renascimento pelas mãos de artistas que se propuseram a pintar em telas a imagem daquela terra fabulosa. Através de diversas obras que retratavam o bucolismo e as visões dos pintores sobre este lugar paradisíaco, Cocagne estava imortalizada.
Hieronymus Bosch, pintor holandês nascido no século XV, encheria os olhos do mundo com sua tela batizada de “O Jardim das Delícias” (que no fim do século XVI, também ficaria conhecida como “A pintura do medronheiro”), na qual os pecados dos homens, todos nus, cercados de morangos vermelhos, lagos cristalinos e campos floridos, estavam entre a magnitude celestial e os domínios do inferno. Eram os prazeres da carne, a liberdade dos homens e os encantos da natureza pintados em cores vibrantes, traduzindo os desejos e as vontades do ser humano em conquistar a felicidade plena.
Em Pieter Brueghel, o Velho, renomado artista flamengo do século XVI, o mito de Cocagne é retratado em uma de suas mais importantes obras: “O País da Cocanha”. Nesta, três figuras tipicamente medievais – um monge, um soldado e um camponês – deitados na relva, observam as árvores explodindo em frutas, numa visão da abundância de comida que existia no país. O quadro, além desta citação à fartura da terra como forma de satisfação, traz ainda a igualdade entre as classes, baseada na idéia de que, deitados na relva e admirando as árvores frutíferas ao alcance de todos, os três personagens tinham os mesmos direitos e desfrutavam das mesmas oportunidades oferecidas pela natureza. Ócio, fartura, igualdade, beleza, paz... o verdadeiro paraíso!



3 – João e Maria
               
Além da pintura, Cocagne também foi inspiração para diversos poetas, escritores e ensaístas na Europa. Talvez o mais claro exemplo da influência deste mito na literatura fora em “João e Maria” (título original “Huntsel und Gretel”), conto infantil dos irmãos Jacob Ludwig Karl Grimm e Wilhelm Karl Grimm, da coletânea “Contos de fadas para crianças”, lançada em 1857 na Alemanha.  
Na história, dois irmãos, João e Maria, órfãos de mãe, vivem com o pai e a madrasta numa simples cabana feita com troncos de árvores. A vida, que sempre fora difícil, tinha se tornado mais complicada pela falta de comida. Não havia pães para todos. Foi então que, a madrasta, que era uma mulher muito má e ambiciosa, propôs ao marido, pai de João e de Maria, que abandonassem os filhos no bosque, quando fossem cortar lenha e colher o mel das colméias. João, que havia escutado a conversa, resolveu arquitetar um plano: cataria pedrinhas no chão e levaria consigo quando fossem ao bosque. À medida que caminhassem, João e Maria jogariam as pedrinhas no chão e, assim, saberiam voltar para casa. Pois assim aconteceu: abandonados no meio da floresta, seguiram a trilha feita de pedrinhas brilhantes e conseguiram reencontrar a simples cabana onde moravam. Entretanto, a madrasta não desistira. No dia seguinte, fizeram o mesmo caminho, só que agora, João não conseguira recolher as pedras no dia anterior. Substituiu-as por farelos de pão, que jogados no chão, formariam o caminho de volta. Porém, depois de novamente serem abandonados, João e Maria não puderam retornar: os passarinhos haviam comido os farelos de pão e eles estavam perdidos naquele imenso bosque.
            É aí que começa a semelhança entre o conto dos irmãos Grimm e a velha lenda de Cocagne. Num clarão da floresta, as duas crianças encontram uma casa feita de doces, multicolorida, repleta de jujubas, balas, caramelos, pudins... O telhado da casinha era de chocolate e as paredes, feitas de bolo. Famintos, correram em direção a casa para devorá-la, e lá encontraram uma senhora que lhes ofereceu comida e abrigo. Mal sabiam que aquela senhora era uma bruxa que devorava crianças. Depois de um tempo de engorda, a bruxa comeria os dois irmãos, se não fosse a astúcia de Maria, que conseguiu empurrá-la para dentro de um grande forno e libertar seu irmão. Os dois, então, resolveram explorar a casinha e descobriram cofres e mais cofres cheios de pedras preciosas, diamantes, pérolas, rubis, esmeraldas... Depois, conseguiram achar o caminho de volta para casa. Lá, encontraram o pai arrependido. A madrasta havia morrido, e os três agora estavam ricos e tinham comida em abundância. Já não precisariam temer a miséria e a fome, que tanto os assustava. A felicidade era plena, assim como no País da Cocanha, e a vida, repleta de satisfações e prosperidade.
             

CAPÍTULO 3: VIAGEM À SÃO SARUÊ, A COCAGNE BRASILEIRA


4. O cordel nordestino – Belezas e riquezas de São Saruê
E eis que o mito de Cocagne chega ao Brasil. De boca em boca, a lenda desse país dos sonhos atravessou culturas, fronteiras, oceanos, e veio parar em solo nordestino, terra do sol e de gente guerreira, mas que também sabe, como ninguém, fazer verso e cantar seu povo. E foi na literatura de cordel que a Cocanha se popularizou pelas bandas do sertão, lugar tão castigado pela seca e pela miséria de seu povo. A mesma fome que visitara os servos da Europa medieval se fazia presente na vida do sertanejo. As mesmas feridas, as doenças, a opressão, faziam o nordestino sonhar com um paraíso que pudesse ser uma catarse, um escape para aquela realidade sofrida, dura, sem piedade.
            Foi então que o poeta popular Manoel Camelo dos Santos criou o folheto “Viagem a São Saruê”, uma versão brasileira, bem nacional, da francesa Cocagne. E fora nos seus versos cantados, cheios de rimas e com o linguajar típico da região, que Camelo descreveu São Saruê, nossa Cocanha arretada, terra de fartura e de povo feliz.
O poema de Manoel Camelo descreve com entusiasmo a visão de São Saruê. Logo na entrada daquele país, uma placa em ouro, cravejada de diamantes dizia: “São Saruê é este lugar aqui”. Adentrando os limites daquela região que nada parecia com o sertão sofrido e castigado, era possível ver quão rica e quão bela era a terra da felicidade.
“Lá os tijolos das casas
são de cristal e marfim
as portas barras de prata
fechaduras de ‘rubim’ 
as telhas folhas de ouro
e o piso de ‘sitim’.”
Com aquele mundo reluzindo à sua volta, o poeta se extasia. Vê construções de pedras preciosas, ricos metais... Logo em seguida, se depara com uma plantação de dinheiro. As árvores carregadas de cédulas, arbustos de ouro e prata, fazendas de moedas... Riqueza e ostentação na corte da imaginação. O faz-de-conta tão desejado se transforma em realidade na São Saruê da prosperidade. E a natureza tão bela, com suas matas, animais e cores mil, contrastando com a aridez do Nordeste do Brasil...
“Lá existe tudo quanto é de beleza
tudo quanto é bom, belo e bonito,
parece um lugar santo e bendito
ou um jardim da divina Natureza”


5. Um banquete para saciar a gula

Fome e miséria se transformam em delícias abundantes. Do sertão seco à São Saruê das farturas, o poeta se deslumbra com os contrastes. O toque de fantasia dá o tom, e a imaginação projeta os mais variados desvarios nessa comilança geral. Doce vida! Em São Saruê, assim como na Cocagne, rios de leite cortam as florestas. Neste país mágico, onde tudo é possível, as canas não têm bagaço: umas são como canos de mel, que todos podem provar, e outras já dão açúcar refinado, branco como as nuvens do céu. Matérias-primas para as iguarias mais saborosas, o lado açucarado de São Saruê.
            Lá, onde as pedras são de rapadura, onde os atoleiros são de coalhada, as lagoas são de mel de abelha, os poços são de café, já coado e com quentura... É onde o povo lambe os dedos e sente a doçura de viver. Um colorido toma conta desse faz-de-conta e nos leva a provar o lado sereno e adocicado de nossa existência, mostrando que o sabor amargo deve passar e dar lugar a uma vida mais contente.
Nesta terra encantada, feijão já nasce cozido e o arroz, “prontinho e descascado”. Galinha põe todo dia ovos graúdos e saborosos, e os peixes, de tão mansos, nem precisam ser pescados: saem do mar sozinhos e vão para as casas, “gordos, bonitos, cevados”. No milharal de São Saruê, as espigas são pamonhas, e os pendões, pipocas!

“(...)o trigo invés de sementes
bota ‘cachadas’ de pão
manteiga lá cai das nuvens
fazendo ruma no chão
Maniva lá não se planta
nasce e invés de mandioca
bota cachos de beiju
e palmas de tapioca”

O banquete é o próprio país. Se as pedras são de queijo, comam, é de graça! As barreiras são de carne assada, os açudes de vinho do Porto, as palmeiras de tapioca, o céu é de manteiga e manteiga cai no chão. Nem de longe parece a miséria e a escassez do seco sertão. Do açude de vinho, o povo feliz enche a taça e brinda a vida porque a vida deve ser degustada a cada dia, como um banquete na mesa. E à mesa, a população de Saruê pode se sentar e se servir. Tudo está ali, bem debaixo dos pés, bem ao alcance da visão. É o país das delícias e dos quitutes, quitutes que brotam do chão.

6. Terra sem mal
São Saruê é o local imaginário onde o nordestino vê de perto o que a dureza da vida, vida severina, cega e esconde. Lá, criança já nasce sabendo: lê e escreve, não é necessário ensinar. O descanso é sempre possível porque trabalho não existe. A vida é um mar de rosas, de desfrute total, um pedaço de céu. É a terra sem mal, sem dor nem lamento, da ausência de doenças mortais e da sucumbência dos homens. As pessoas são bonitas, fortes e exibem um vigor invejável, gozando de boa saúde e vivendo com prazer, pois a vida não é nada sem prazer.

“Lá não se vê mulher feia
e toda moça é formosa
bem educada e decente
bem trajada e amistosa
é qual um jardim de fadas
repleto de cravo e rosa.”

Manoel Camelo dos Santos descreve uma terra do bem, sem maldade ou carências. Até roupas, chapéus, calçados, tecidos, brotam das árvores! Tudo é possível nos domínios desta civilização imaginária, que tanto os homens sonham para ser verdade. Existe, em São Saruê, uma comunhão de bons sentimentos que inundam o local e o transformam em terra ideal, de paz, harmonia, bem-querer, amor, alegria...
Nesta Cocagne sonhada por um nordestino cantador, nem mesmo a velhice é presente. No meio das matas, num terreno exuberante, existe um rio, o Banho da Mocidade. Quem se banha com suas águas se rejuvenesce, volta a ser novo e desconhece a tristeza da morte. O velho sonho da eterna juventude é real nessa utopia fantástica. As águas que lavam os corpos levam para longe a dor da perda e dá aos homens a certeza de que a vida continua... para sempre...

“Lá tem um rio chamado
o banho da mocidade
onde um velho de cem anos
tomando banho a vontade
quando sai fora parece
ter vinte anos de idade”
CAPÍTULO 4: ETERNA UTOPIA OU ESPERANÇA DE REALIDADE?



7. Em busca de nossa própria Cocagne – Maravilhas do Brasil!
Então, Manoel Camelo dos Santos se despede de sua própria imaginação. A viagem à São Saruê termina, mas o sonho prossegue, ganha vida a cada leitura de seu poema, e faz o nordestino acreditar que um dia, quem sabe um dia, isso tudo não possa ser a mais verídica das verdades. E um dia alguém disse e não há sertanejo que duvide: “O sertão vai virar mar...”. E, com as ondas desse mar, a felicidade há de chegar. Plantar, colher, comer, viver em paz, com saúde e algo mais. O Nordeste merece.
            Com educação e seriedade, o país há de se transformar. Homens e livros vão fazer essa terra mudar! Mudar para melhor, instruindo a infância, que, nunca, jamais, deixará de ser nossa esperança. E a felicidade há de chegar!
            Um português já dizia “planta que dá”, e isso não tem como negar. Soja, trigo, café, cana, laranja... o Brasil e o mundo inteiro podem, enfim, se alimentar. Divide a terra, solo fértil e viril, e o brasileiro, comida na mesa terá! Aqui é o celeiro do mundo e a felicidade há de chegar. Agora ou mais tarde, mas há.
            No Norte desse gigante, surge a mata em imensidão. Amazônia, floresta promissora, é onde mora a salvação. O caboclo com sua sabedoria já experimenta os poderes do chão. E cada folha, cada caule, cada semente podem ser a cura do mal, o fim das pragas, felicidade afinal!
            Enquanto a busca continua, no Brasil tem carnaval. Seja nas ladeiras de Olinda, seja no Candeal, seja em Madureira, aqui é o pais da folia, o país da alegria, que adormece as mágoas para despertar o alto-astral. Temos muito a ensinar ao planeta como se vive assim, brincando, pulando, cantando, sambando até o dia raiar. Nem a Quarta-Feira faz o povo esmorecer. Ano que vem tem mais e tudo começa outra vez, numa magia esfuziante chamada carnaval.
São as maravilhas do Brasil, a nossa pátria-mãe, que vai ser, tomara!, uma Cocagne real, a São Saruê de verdade, uma pintura de país que mais vai parecer um lindo conto infantil. Agora, enquanto essa utopia se transforma em desfile de escola de samba, estamos eternizando, mais uma vez, o mito de Cocagne. Salve o Brasil! E seja feliz!

FIM

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cocagne é uma esperança. “Cocagne... Felicidade não tem fim, tristeza, sim” é a construção carnavalesca desta esperança. Para celebrar a alegria, nada como juntar uma utopia que já ultrapassa os séculos com a quintessência da felicidade, que é o nosso carnaval. Unidos, são como a realização dos nossos desejos mais íntimos, cercados da verdade, do bem e do belo. O carnaval é a nossa Cocagne, nossa São Saruê que acontece na avenida, num momento de riqueza e fascínio único. Viva o carnaval e vivam nossos sonhos! Este enredo é uma homenagem ao poder dos homens de viajar dentro de si próprio.


Organograma de Desfile
 

CAPÍTULO 1: O MITO DE COCAGNE NA EUROPA MEDIEVAL

SETOR 1: “LE PAYS DE COCAGNE”
O setor inicial mostra a situação caótica da Europa em meados do século XIII e o surgimento da lenda sobre um país imaginário, o mito de Cocagne, criado por poetas do norte da França.

Comissão de Frente
“A Europa maltrapilha contra o monstro da fome” : São doze mulheres vestidas como mendigas, esfarrapadas, sujas, representando uma Europa de miséria e desigualdade no século XIII. Um homem, vestido em negro e representando uma figura monstruosa, é o “Monstro da Fome”, com quem as doze mulheres travam uma batalha para matá-lo e encontrar a felicidade.
*Componentes: 13

Porta-Estandarte
“Rainha medieval” – Para criar um contraste com o caos abordado na comissão de frente, a porta-estandarte traz o pavilhão da escola e uma fantasia com muito luxo e requinte. Trata-se de uma rainha medieval, em tons marrom, marfim e dourado, com uma coroa repleta de pedras preciosas. Simboliza a Europa rica que pertencia a poucos.
*Componentes: 1

Ala 1
Baluartes da Escola: “Os poetas do imaginário” - 15 componentes homens da Velha Guarda da agremiação vêm elegantemente trajados, em branco e prata, vestidos como os poetas que criaram o mito de Cocagne na França medieval. É um resgate das comissões de frente tradicionais, apesar de não exercer este papel dentro deste desfile.
*Componentes: 15

Ala 2
Ala das Baianinhas:  “O sonho” - Fantasia em tons pastéis, nas cores amarelo, rosa, azul, branco e prata. É a representação do sonho da felicidade presente na Europa, em contraste com toda a miséria existente no continente.
*Componentes: 130

CARRO ABRE-ALAS
“O mito de Cocagne” – Eis que o sonho europeu se faz presente no imaginário do povo: o mito de um país das maravilhas nasce no norte da França. O carro traz uma grande cascata de leite jorrando no centro do carro. Na parte de trás, como pano de fundo, três imensas árvores cor-de-mel explodem em frutos, como maçãs, uvas, pêssegos, nozes, avelãs, damascos, framboesas, cerejas, assim como em toda saia do alegoria. Dez cogumelos gigantes servem de “queijo” para as composições, que vestem a fantasia “Borboletas”, aludindo às maravilhas da fauna daquele país fantástico. Sobre dois moinhos de vento multicoloridos, que representam o girar da imaginação, estão os destaques principais do carro: um, com a fantasia “A terra da felicidade”, vestido de bobo da corte; o outro vestindo “As quatro estações”, falando do equilíbrio da temperatura em Cocagne. Nas laterais do carro, duas esculturas adormecidas, deitadas, um menino e uma menina, lembram que Cocagne também era a terra do ócio.
*Componentes: 12


CAPÍTULO 2: COCAGNE INSPIRA A PINTURA E A LITERATURA NA EUROPA

SETOR 2: “PINCELADAS SOBRE O MESMO TEMA... UM PARAÍSO!”
Neste setor, estão retratas duas obras de dois grandes pintores que foram influenciados pelo mito de Cocagne: “O jardim das delícias”, de Bosch, representada em alas; e “O País da Cocanha”, de Brueghel, o Velho, citado no segundo carro alegórico.

Ala 3
“A tentação dos morangos” – Toda em vermelho, repleta de morangos, a fantasia remete ao quadro “Jardim das Delícias”, onde o morango seria a fruta do pecado e do prazer.
*Componentes: 100
Ala 4
“Lagos cristalinos” – A fantasia é em prata e branco, lembrando os lagos cristalinos onde mulheres e homens se banhavam, totalmente nus, no Jardim das Delícias.
*Componentes: 100
Ala 5
“Campos floridos” – Remete à natureza pintada na tela de Hieronymus Bosch. É um grande jardim de antúrios, numa fantasia tem que tem o branco, o amarelo e o verde como cores principais.
*Componentes: 100

Segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira
“A pintura do medronheiro” – A fantasia da porta-bandeira é o próprio medronheiro, tipo de arbusto pintado na tela de Bosch, nas cores verde musgo. A roupa do mestre-sala, em preto e dourado, representa o próprio Bosch, com aquarela servindo de leque, pintando o famoso quadro. No final do século XVI, “O Jardim das Delícias” também ficou conhecido como “A pintura do medronheiro”.
*Componentes: 2 

Ala 6
“Entre o céu e o inferno” – Na tela de Bosch, além da reprodução de paraíso que se aproximava do mito de Cocagne, existem duas telas adicionais que cercam a principal: de um lado, o inferno, de outro, o céu. A fantasia é metade vermelha e dourada, metade branca e prateada, para destacar essa dualidade.
*Componentes: 110

SEGUNDO CARRO ALEGÓRICO
“Pieter Brueghel pinta o País da Cocanha” – À frente do carro, uma grande aquarela serve de base para uma enorme macieira, representando a árvore do quadro “O País da Cocanha”. Debaixo dessa macieira, três esculturas representam o monge, o soldado e o camponês da tela. No topo da árvore, vem o destaque “Pieter Brueghel”, numa fantasia em tons preto, vermelho e dourado, que homenageia o pintor. Nas laterais da aquarela, seis queijos trazem destaques representando “Maçãs”. Na parte de trás do carro, um enorme castelo medieval em dourado, com porta elevadiça, calabouços, brasões e canhões. Sobre esta imensa estrutura, destacam-se soldados com suas armaduras e dois destaques principais: sobre a torre da direita, “O senhor feudal”; sobra a torre da esquerda, “Clérigo”. A presença deste imenso castelo contextualiza a época retratada na tela de Brueghel, já que os três personagens sob a macieira são figuras tipicamente medievais.
*Componentes: 29

SETOR 3: “JOÃO E MARIA”
Ainda na Europa, os irmãos Grimm, escritores alemães, escrevem uma série de contos infantis. Dentre eles, “João e Maria”. Na história, dois irmãos encontram uma casinha toda feita de doces, inspirada em Cocagne, numa narrativa que envolve fartura e riqueza.

Ala 7
Ala das Crianças: “João e Maria” – Trinta e cinco meninos representam João, com uma jardineira em azul, marrom e branco, e boina, e trinta e cinco meninas são as Marias, com vestido rodado nas mesmas cores da roupa masculina,  peruca com tranças e chapéu de camponesa.
*Componentes: 70

Ala 8
Ala da Comunidade 2 - “O lenhador” – Jardineira em vermelho, marfim e dourado, com penas de faisão no esplendor. Representa o pai de João e Maria e traz na mão o machado de lenha.
*Componentes: 110

Destaque de chão
“A madrasta megera” – Fantasia em dourado, com detalhes em preto. Mostra a maldade da madrasta que abandona os enteados no bosque. O personagem é um resgate dos antigos destaques de chão e vem com esplendor também em preto e dourado.
*Componentes: 1

Ala 9
“As abelhas do bosque encantado” – São 85 componentes aludindo às abelhas e às colméias do bosque de “João e Maria”. A roupa, em laranja, preto e amarelo, remete ao recolhimento de mel feito pelos dois irmãos.
*Componentes: 100

Ala 10
“Passarinhos” – Prestes a serem abandonados na floresta, João e Maria formam uma trilha de farelo de pão para encontrar o caminho de casa. Mas passarinhos comem os farelos e os dois se perdem no bosque. A fantasia tem asas com penas azul-celeste e a cabeça é um bico de pássaro, em azul turquesa.
*Componentes: 110

TERCEIRO CARRO ALEGÓRICO
“João e Maria na fantástica casa de doces” – Multicolorido, é um carro com marcante temática infantil. A casinha de doces está no centro do carro; vem em marrom no telhado, como o chocolate, e branca nas paredes, como se fosse o glacê do bolo. No jardim frontal, caminhos de jujubas, dois pudins, dez caramelos, docinhos em forma de flores, além de cinco cata-ventos em movimento... um mundo doce encontrado pelos irmãos João e Maria. Na parte traseira do carro, oito pinheiros imitam o bosque do conto de fadas, com seus esquilos, pássaros e colméias. Sobre esta floresta, vem o destaque mais alto do carro: “Homenagem aos irmãos Grimm”, uma fantasia em amarelo, vermelho e preto, as cores da bandeira da Alemanha. Sobre a casinha de doces, um outro destaque vem de “A velha bruxa do bosque encantado”, fantasia em preto e roxo. Vinte crianças estão distribuídas pelas duas laterais da alegorias, sobre flores brancas, representando “Mariposas”. Ainda nas laterais, diversos baús contêm as pérolas, as esmeraldas e outras riquezas encontradas na casinha. Mais duas crianças vêm  à frente do carro personificando João e Maria. 
*Componentes: 24


CAPÍTULO 3: VIAGEM A SÃO SARUÊ, A COCAGNE BRASILEIRA

SETOR 4: “O CORDEL NORDESTINO – BELEZAS E RIQUEZAS DE SÃO SARUÊ
A primeira parte do setor é uma contextualização do Nordeste brasileiro, com seu sertão castigado. Na segunda parte, começa a viagem a São Saruê, o país imaginado por Manoel Camelo dos Santos, e que é considerado a Cocagne brasileira. Neste setor estão representados as belezas e as riquezas da  fabulosa terra.

Ala 11
“Sol sem piedade nos sertões” – O tom terra predomina na fantasia. O esplendor é um sol dourado, que castiga a vida do sertanejo. Nos ombros, cactos mostram a seca e a aridez do sertão.
*Componentes: 60
Ala 12
“Poetas e repentistas, cantadores do Nordeste” – Repleta de fitas coloridas, fala da alegria do povo do Nordeste, que, mesmo com todas as adversidades, ainda sabe contar e cantar a alegria. Homenagem ao poetas populares. Um deles, Manoel Camelo, cria o folheto sobre São Saruê.
*Componentes: 60

Tripé
“São Saruê é este lugar aqui” – O tripé é um imensa barra de ouro, de sete metros de altura, cravejada de brilhantes que formam a frase “São Saruê é este lugar aqui”, assim como Camelo descreveu em seu poema. A placa, que está na entrada do país imaginário, serve, aqui, de início para a nossa viagem à essa terra da felicidade e da fartura.

Ala 13
“Arbustos de prata e ouro” – A ala é divida em duas partes: à esquerda, vêm os arbustos de prata, numa fantasia cheia de folhagens na cor citada; à direita, a mesma fantasia, só que com a cor dourada. Em São Saruê, era comum encontrar esse tipo de planta.
*Componentes: 80

Primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
“A incrível árvore de dinheiro” – Ambas as fantasias são verdes, representando a fabulosa árvore de dinheiro. Na saia dela, várias cédulas verdes, assim como na roupa do mestre-sala. A fantasia dos dois é detalhada com moedas douradas, que “brotam” das folhagens. A cabeça de ambos é decoradas com plumas verdes e diversas moedas.
*Componentes: 2

Bateria
“Preciosidades” – Em São Saruê, além dos metais, várias pedras preciosas fazem parte da decoração do lugar. A bateria vem de “Preciosidades” para mostrar os rubis, as esmeraldas e os cristais. Fantasia basicamente em vermelho e com plumas verde-esmeralda na cabeça. O nome da fantasia também faz alusão ao samba, uma preciosidade de ritmo.
*Componentes: 290

Ala 14
Ala de Passistas: “Esplendor da fauna: borboletas” – A elegância, a beleza e a leveza da fauna do país estão retratados nesta fantasia dos passistas. São as borboletas, que, comparadas aos passistas, bailam, enfeitam a vida e enchem os olhos de quem vê. Fantasias nas cores amarelo, azul e rosa.
*Componentes: 40

Ala 15
“Esplendor da flora: verdes matas” – Depois da fauna, a flora do lugar. Como um país perfeito, não existia desmatamento. As plantas nascem com vigor e são de uma beleza estonteante. O verde das matas está presente nesta ala.
*Componentes: 50

QUARTO CARRO ALEGÓRICO
“Belezas e riquezas de São Saruê” – É um carro com muitos espelhos e com vários efeitos de luz, para mostrar o brilho da riqueza de São Saruê. A alegoria conta com três casas de cristal, telhados de ouro e portas de prata, além do chão repleto de safiras, esmeraldas e rubis. Sobre a casa do meio, vem o destaque “A luz que emana dos metais”, em dourado e prata. Na parte dianteira, composições vestem a roupa “Borboletas”, todas em amarelo suave. Ladeando o carro, o encanto da natureza do local, vista de maneira surreal: as plantas são prateadas com toques de verde; onças, borboletas, beija-flores, cotias, sabiás vêm em tons dourados. As flores são transparentes e iluminadas por canhões de luz em vermelho, amarelo, branco e azul. Na parte traseira, como pano de fundo, organzas brancas e tecidos prateados completam o cenário. As composições laterais vêm fantasiadas de “Frutos”, todos em tons prata e com detalhes em amarelo, vermelho e roxo.
*Componentes: 31

SETOR 5: UM BANQUETE PARA SACIAR A GULA
O quinto quadro do enredo fala sobre a fartura de alimentos que o poeta “encontra” em sua viagem. Assim como na Cocagne francesa, os rios, as pedras, as lagoas, as árvores são feitas de comida, e a abundância do local é surpreendente, um verdadeiro banquete.

Ala 16
“O rio de leite” – É uma ala coreografada e alude aos rios de leite de São Saruê. Ladeando a ala, 40 pessoas (20 de cada lado) levam adereços de mão, representando as árvores e formando um grande leito para o rio imaginário. No centro da ala, 70 componentes vestem uma fantasia toda em branco, feita com organzas e tecidos leves, e simulam os movimentos do riacho de leite, como ondas e  corredeiras, numa dança sincronizada.
*Componentes: 110

Ala 17
“Os poços de café” – Fantasia predominantemente em marrom para mostrar os fabulosos poços de café da terra. Esplendor de plumas marrons com detalhes em preto; chapéu em forma de poço, com seus tijolinhos vermelhos, e com plumas em marrom. Pala com contas imitando grãos de café.
*Componentes: 90

Ala 19
“Um, dois, feijão com arroz” – A fantasia é metade preta e metade branca, para representar a dualidade do bom e velho feijão com arroz. No esplendor, folhas verdes para mostrar as vastas plantações de São Saruê. Naquele lugar, feijão e arroz já nasciam cozidos e descascados.
*Componentes: 100

Ala 20
“Peixes de São Saruê” –. A cabeça do componente é envolvida pela cabeça do próprio peixe, de cor azul marinho. As escamas estão na pala e têm uma gradação de azul. No restante da roupa, escamas e motivos aquáticos em verde, prata e ouro. Representam os peixes que não precisavam ser pescados e que saiam das águas para a casa das pessoas.
*Componentes: 100

Ala 21
Ala da Comunidade: “Galinha põe todo dia” – Fantasiados, comicamente, de galinhas, a roupa é basicamente em branco, marfim e vermelho. A cabeça dos componentes é a própria cabeça do animal. Nos ombros, dois ninhos com ovos. A capa é feita com penas brancas, assim como o restante da roupa.
*Componentes: 90



QUINTO CARRO ALEGÓRICO
“São Saruê é um banquete”  - São dois carros acoplados, contendo as iguarias de São Saruê descritas pelo poeta. No primeiro chassi, destaca-se o lado açucarado do país: uma grande lagoa de mel está no centro, cercada de doze composições fantasiadas de “Abelhas”. Em torno desta lagoa, vêm as outras maravilhas: as pedras de rapadura, as plantações de cana de mel e de açúcar refinado, os atoleiros de coalhada. No segundo chassi, vêm as delícias salgadas e um brinde à vida. O açude de vinho do Porto, no centro da alegoria, é todo cercado por enormes cachos de uva. Em volta, as pedras de queijo e as barreiras de carne assada. Na parte frontal deste segundo carro, um grande trigal com cachos de pão. Nas duas laterais, ao todo, vêm dez palmeiras de tapioca. Atrás do açude, os pés de milho, com suas pamonhas e os pendões de pipoca. Todas estas esculturas vêm em grandes proporções para mostrar a abundância de alimentos na terra da fantasia. No alto da alegoria, vêm três destaques: na direita, “O céu de manteiga”; à esquerda, “Um brinde à vida” e o destaque central é “Trigal”. Os dois carros são a síntese da fartura em São Saruê e, juntos, medem 35 metros.
*Componentes: 15


SETOR 6: “TERRA SEM MAL”
Alude à vida sem problemas dos habitantes de São Saruê. O povo tem educação, saúde, é bonito e não sofre. Roupas brotam das árvores, e os bons sentimentos imperam no país. Com as águas do Banho da Mocidade, um rio que corta as matas do lugar, a juventude é eterna e sempre possível, como em Cocagne.

Ala 22
Casais mirins de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: “Corujas: sabedoria infantil” – Em São Saruê, criança já nasce sabendo ler, escrever e tudo mais. As corujas representam a sabedoria da infância e é a fantasia da porta-bandeira e do mestre-sala dos casais, cada casal em uma cor (amarelo, verde, vermelho, azul, laranja, rosa e branco).
*Componentes: 14

Ala 23
“Vigor físico” – A fantasia é inspirada nos antigos trajes dos gregos, grandes devotos da beleza física e do vigor. Em branco e ouro, resume as citações de Manoel Camelo dos Santos sobre a gente bonita e saudável que encontrou no país imaginário.
*Componentes: 100

Ala 24
Ala das Baianas: “O jardim das fadas” – A ala das baianas está dividida em quatro fantasias. Todas em tons bebê, elas vêm se diferenciando apenas pelas cores: rosa, azul, amarelo e verde, organizadas seqüencialmente. Representam o Jardim das Fadas, das mulheres formosas de São Saruê. A roupa tem uma guirlanda de cravos e rosas na cabeça e asas nas costas, e as componentes carregam espelhos nas mãos, aludindo à vaidade.
*Componentes: 130

Ala 25
“Tecido brota no pé” – Representação da plantação de roupas. A fantasia contém um material imitando galhos retorcidos, de onde, brotam meias, calçados, chapéus. Na pala da roupa, tiras de tecidos multicoloridos, assim como na capa da fantasia. Basicamente em verde, ouro e vermelho.
*Componentes: 90

Ala 26
“Os bons sentimentos” – A ala fala sobre a comunhão de bons sentimentos emanados do povo de São Saruê. Como uma terra sem mal, os corações dos habitantes são puros, limpos, repletos de bondade. A fantasia contém três corações (dois nos ombros e um que serve de esplendor), todos em rosa bebê, com plumas brancas circundando o desenho. O restante da roupa mistura tons de prata e rosa claro.
*Componentes: 100

SEXTO CARRO ALEGÓRICO
“O Banho da Mocidade: a eterna juventude” – Predominantemente em verde, o penúltimo carro fala sobre a eterna juventude de São Saruê. À frente do carro, três bustos prateados de idosos. Atrás destes, doze chafarizes representam a fonte da juventude, que forma o rio da Mocidade. Estas fontes são cercadas de folhas e plantas verdejantes, como se o rio cortasse uma densa floresta. Na parte de trás da alegoria, três esculturas também prateadas(corpo inteiro) de jovens fazem alusão à transformação dos velhos em novos. É neste carro que vem parte da velha-guarda da escola. Cada componente vem em uma espécie de sacada, acompanhado de uma criança do mesmo sexo e cor, num contraste entre a experiência e a jovialidade. Serão, ao todo, 12 sacadas, todas cobertas de folhagens e decoradas com espelhos, imitando água. No centro da alegoria, em meio aos chafarizes, vem o único destaque co carro: “Mágicas águas claras”, fazendo referência ás águas rejuvenescedoras do rio.
*Componentes: 25

CAPÍTULO 4: ETERNA UTOPIA OU ESPERANÇA DE REALIDADE?

SETOR 7: “EM BUSCA DE NOSSA PRÓPRIA COCAGNE – MARAVILHAS DO BRASIL!
O setor final mistura as já existentes maravilhas de nosso país com os anseios de nosso povo para que o Brasil se torne, de fato, uma Cocagne real. Sendo um país de solo muito fértil, com evidentes riquezas naturais e com um espírito carnavalesco nato, o Brasil pode vir a ser, um dia, o mito de Cocagne materializado.

Ala 27
“O sertão vai virar mar...” – Os cactos vêm misturados com algas nos ombros dos componentes; no esplendor, plumas azuis da cor do mar e marrons, cor de terra. A pala da fantasia traz os peixes desse sertão marítimo. O chapéu de cangaceiro tem conchas e uma estrela do mar. Representa o sonho de fartura do nordestino com a chegada da água.
*Componentes: 100



Ala 28
“Educação para o futuro da nação” – A capa da fantasia é formada por lápis gigantes, nas cores verde, amarelo, azul, vermelho e rosa. Nos ombros, livros empilhados (os livros também vêm na pala da roupa). O chapéu traz um pequeno quadro-negro com a inscrição “Educação”, imitando giz.
*Componentes: 95

Ala 29
“Solo fértil e viril” – De enxada na mão, os componentes representam os lavradores do Brasil a terra onde tudo o que se plantou, deu. A capa da fantasia é toda decorada com um material imitando sementes de soja. No chapéu, milho, arroz, feijão em tamanhos maiores. Nas ombreiras, canas de açúcar em verde e amarelo. É a fartura brasileira assemelhando-se com a abundância de Cocagne.
*Componentes: 110

Ala 30
“Amazônia, tesouro de um país” – Na cabeça, raízes e folhas dos vegetais amazônicos. Na pala, comprimidos e cápsulas que representam o poder medicinal das plantas. Também na pala e no restante da roupa, folhas verdes e sementes da maior floresta equatorial do planeta.
*Componentes: 95

Adereços de mão
“O País do Carnaval” – São quatro grandes adereços de mão em forma de máscaras, carregadas, cada uma, por dois componentes, todos fantasiados de arlequins. As máscaras representam a lua, o sol, o palhaço e o dominó, luxuosamente decoradas, mostrando que o Brasil, como o país do carnaval, é também uma terra de fantasia, de alegria e de liberdade.
*Componentes: 8

Ala 31
“O bloco Brasil-Folia” – É a reunião de todas as folias do Brasil. Fantasias individuais, leves, soltas, mostram a alegria do carnaval do país. São piratas, baianinhas, índios, seis bonecões de Olinda, os grupos afro de Salvador, malandros, marinheiros, morcegos, melindrosas, odaliscas, índios... Este grupo pretende mostrar que o Brasil possui, no carnaval, a liberdade e a felicidade de Cocagne.
*Componentes: 100

SÉTIMO CARRO ALEGÓRICO
“Brasil – Cocagne é aqui!” – Um Rei Momo em verde e amarelo, sentado em seu trono, é o grande destaque da alegoria. Sobre sua coroa, vem o destaque principal do carro: “Orgulho de ser brasileiro”. Rodeando a grande escultura de Momo, 18 mulatas fazem alusão à alegria do carnaval brasileiro, onde a felicidade e a alegria não têm hora para acabar. Na frente da alegoria, três pandeiros gigantes servem de bandeja para os produtos de nossa terra: milhos, laranjas, abacaxis, bananas, uvas, cajus, feijões gigantes. Ladeando todo o carro, 14 “queijos”, sete de cada lado. Sobre eles, as composições vestem a fantasia “Terra verde”, aludindo às maravilhas naturais do Brasil. Atrás do Rei Momo, uma grande floresta com nossos animais silvestres, tais como araras, jabutis, onças... No final desta grande floresta, um enorme jacaré de boca aberta está virado em direção ao início do desfile. Sobre duas grandes árvores desta mata, vêm mais dois destaques: à esquerda, “O país do carnaval”, à direita, “País tropical abençoado por Deus”. Na saia da alegoria, tubos de néon em verde e amarelo dão mais um toque de brasilidade nesta Cocagne que, um dia, poderá ser de TODOS os brasileiros.
*Componentes: 33

Velha Guarda
A fantasia não possui nome. Vestidos de branco, senhoras e senhores da escola carregam a tradição do samba e encerram com chave de ouro o enredo “Cocagne... Felicidade não tem fim, tristeza, sim”.
*Componentes: 60
Ala dos Compositores
*Componentes: 50

*Componentes: indica o número de figurantes de cada grupo.
São 3253 figurantes mais 137 pessoas de apoio (diretores de harmonia, de evolução, intérpretes, empurradores de carros etc). Ao todo, 3.390 componentes.


Enredo de Diogo Gardoni (dgardoni@zipmail.com.br), dedicado àqueles que se irmanam para combater a fome e outros males de nosso tempo.


Um comentário:

  1. Uma grande história... maos muito longa..tornando o texto cansativo embora muoto rico e interessante.

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